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Mostrando postagens de 2022

Balanço da Copa

Seleção da Copa: Emiliano Martínez: Ninguém foi tão bem na primeira fase quanto Szczesny, depois a Copa parecia ser do Bono, ou do Livakovic, poderia até ser do Lloris. Mas curioso como um goleiro que não fez tantas defesas se sobressaiu. Porque não foram muitas defesas, apenas as essenciais. Ao impedir um drama desnecessário contra a Austrália e a virada francesa, e ao engolir adversários na cobrança por pênaltis, Dibu Martínez foi o melhor goleiro do mundial. Denzel Dumfries: Nenhum lateral direito me convenceu plenamente, incluindo Hakimi - jogou muito mais nos clubes, sua lembrança me pareceu uma homenagem a um dos nomes mais famosos da surpresa da Copa. Fico com o holandês, dono da melhor atuação de um lateral direito na copa, nas oitavas contra os EUA. Dayot Upamecano: Líder da zaga francesa, iniciou muitas jogadas da equipe e foi fundamental para garantir a passagem da França até a final. Josko Gvardiol: Esqueça que o Messi fez com que ele parecesse um participante de reality sh

O Jogo do Século

Já diria Mauro Cézar Pereira, que o futebol é a melhor invenção do homem. Argentina e França construíram ontem um épico humano, que nenhuma mente teria condições de imaginar ou pensar. Um drama baseado apenas na aleatoriedade que o futebol possibilita. Um jogo controlado pela Argentina até os 20 minutos do segundo tempo, que em pouco tempo se transformou em uma jornada extraordinária. O Jogo do Século. O Jogo do Século, do Século 20, foi disputado entre Alemanha Ocidental e Itália em 1970 e está eternizado em uma placa no Estádio Azteca, na capital do México. Era uma semifinal de Copa do Mundo, vencida pela Itália por 4x3 na prorrogação. Um jogo para história, que qualquer comparação com ele parece um sacrilégio. Quem já teve a oportunidade de assistir essa partida, poderá compreender várias semelhanças com o jogo de ontem. Sob o sol sempre forte do México e a altitude da Cidade do México, a Itália abriu o Placar logo no começo, com Boninsegna. A partida seguiu em um ritmo normal, por

Sebastian Vettel

 A primeira vez que ouvi falar de Sebastian Vettel - nisso não me diferencio da maior parte do mundo - no GP da Turquia de 2006. Eu sempre comprava a revista Racing e foi por ela que eu fiquei sabendo que o jovem alemão havia se destacado em seu primeiro treino com um carro de Fórmula 1, liderando os treinos livres de sexta-feira em Istanbul.  Um fenômeno parecia surgir e ele se transformou em presença constante nos treinos livres. Quando Robert Kubica sofreu um grave acidente no Canadá, no ano seguinte, Vettel foi chamado para substituí-lo nos EUA e, pela primeira vez, exercitei um hábito que se tornaria nos anos frequentes. Ficar de olho na tabela para saber a posição de Vettel na corrida. Largou em sétimo e terminou em oitavo, marcando um ponto. Quatro corridas depois assumiu uma vaga de titular na Toro Rosso. Em sua quinta corrida, um encharcado GP do Japão, liderou suas primeiras voltas, em uma equipe que ainda não havia marcado pontos no campeonato. Estava em terceiro, quando fez

A Conta das Pesquisas não fecha

Claro que há várias ponderações. Temos as abstenções, o voto útil, as dificuldades proporcionadas pela ausência de dados mais consolidados sobre a população uma vez que o Censo não é realizado há 12 anos. Mas, mesmo com tudo isso, não dá para negar que os dois principais institutos de pesquisa erraram suas projeções para a disputa pela Presidência da República. Sobre isso, tenho duas hipóteses meramente especulativas. A observação dos dados de pesquisas até as eleições de 2006 mostram curvas muito claras de crescimento e que dos candidatos, que inclusive batia com o que se percebia nas ruas. O movimento para votar em Alckmin e impedir uma vitória de Lula no primeiro turno em 2006. A queda de Ciro Gomes em 2002 e indo além, o crescimento de FHC em 1994. A pesquisa de 2010 é a primeira a mostrar um padrão diferente de crescimento de última hora, que nesse caso não veio de nenhum dos dois primeiros colocados. Nesta eleição, Dilma Rousseff liderou todas as pesquisas, mostrando sempre boas

Federer

Uma das primeiras impressões que eu tive de Roger Federer é que ele era um babaca. Cabelinho comprido, uma cara que nunca era de felicidade, nem de tristeza. Ele enfrentava Flávio Saretta pela primeira rodada do Australian Open em 2003 e em determinado momento mandou a bola no peito do brasileiro. Aquilo era muito babaca. Àquela altura, Roger Federer era um desses jogadores que estava para acontecer. Talentoso, jovem, já era Top 10, mas não tinha feito nada de especial no tênis. Duas quartas de final em um Slam em 2001 em 2002 nem isso. Nesse mesmo Australian Open, após superar Saretta, ele passaria por dois tenistas desconhecidos antes de ser eliminado por David Nalbandian na quarta rodada. Àquela altura, Roger Federer parecia léguas atrás de seus contemporâneos, Hewitt, Safin e Ferrero (sim, ele é contemporâneo desses três). Talvez pudesse ganhar alguns torneios, talvez ficasse nesse eterno meio de tabela de ranking. Poderia ser um Fernando González, um Xavier Malisse, um MIkhail You

Reta final das pesquisas eleitorais em outros anos

Faltando pouco menos de um mês para as eleições presidenciais, Lula segue na liderança das pesquisas mantendo uma vantagem que varia entre 8 e 13 pontos sobre Jair Bolsonaro. Parece que o jogo está amarrado e caminhando para a prorrogação, mas não custa buscar no passado possíveis respostas para o que pode acontecer. Afinal, o que diziam as pesquisas eleitorais há mais ou menos um mês da disputa em anos anteriores? Vamos aos números do Datafolha. Em 1994 a eleição se resumiu a uma disputa entre Fernando Henrique Cardoso e Lula, com o naufrágio das candidaturas de Orestes Quércia, Espiridião Amim e Leonel Brizola. Em 30 de agosto de 1994, o cenário era o seguinte: - FHC com 53,6% - terminou com 54,2%. - Lula com 27,4%, terminou com 27%. Ou seja, no último mês de disputa nada demais aconteceu e os candidatos mantiveram seus votos. Neste ano, Lula começou a disputa eleitoral na frente, mas FHC começou a virar o jogo no começo de julho e já em agosto aparecia com uma vantagem que não perde

Serena

Uma simples imagem de Serena Williams disputando uma final em Wimbledon representa mais do que qualquer palavra a sua importância para o tênis. Serena sempre foi uma força da natureza. Um clichê esportivo tão repetido, mas que não deixa de ser uma verdade. Seu tênis vinha do mesmo lugar de onde vêm o vento, a chuva e o sol. Seu tênis soprava pela quadra e varria as adversárias. Sua força sempre de destacou e durante muito tempo foi alvo de críticas racistas, como se suas qualidades fossem uma injustiça perante as oponentes, que ela geralmente engolia sem piedade. Quantas, diante dela, não pareciam apenas crianças perdidas procurando o colo da mãe. Era força, mas era técnica, era confiança. A autoconfiança de Serena muitas vezes foi vista como arrogância, mas não deixa de ser uma maneira de se afirmar em um ambiente muitas vezes hostil. Ao anunciar sua aposentadoria após o US Open, o mito se desfez e surgiu o ser humano. Um corpo que também se cansa e que um dia não consegue mais fazer

Percepção dos filmes aos longos dos anos

André Barcinski anunciou que o filme "O Quarto do Filho" está em exibição na plataforma Mubi na internet. Assisti esse filme lá pelos idos de 2003 nos canais da HBO, quando estava para fazer 16 anos e foi um tanto quanto traumático. O filme é excelente, mas seu enredo é das coisas mais genuinamente tristes que a mente humana poderia imaginar. Os pais perdem um filho adolescente e toda sensação de tristeza, remorso e culpa é materializada no quarto vazio do rebento. O quarto vazio do filho que morreu. Difícil imaginar algo mais triste. Tão triste que fiquei me sentindo mal por alguns dias. Sempre que em outras oportunidades passava por um canal que reproduzia o filme, mudava rapidamente, para não ter nenhum contato com essa obra tão aterrorizante. Diante do anúncio de Barcinski, respondi que é preciso estar com o psicológico em dia para encarar essa pedrada. E ele respondeu que de fato, agora que ele tem filhos o filme bateu ainda mais pesado. Pensei em mim, então, que tenho u

Jô Soares

 Houve um tempo, hoje distante, em que a televisão era a nossa principal fonte de informação. E entre todos programas de TV, poucos eram tão relevantes quanto o do Jô Soares. Suas entrevistas repercutiam no dia seguinte no colégio e na faculdade, como nenhuma atração. Ninguém ia perguntar se você viu o Jornal, mas se você viu o Jô. Ficar acordado para assistir seu 11h30 (horário fictício), era quase uma prova de vida adulta. Artistas, intelectuais, anônimos curiosos, cientistas. Aprendi muita coisa vendo o Programa do Jô. Alguns momentos são inesquecíveis, como a entrevista do José Vasconcellos, que vi ao vivo. Sua morte destaca seu aspecto humano e generosidade. Me traz a nostalgia da época em que todos tínhamos referências em comum, de como isso ajudava a vida em sociedade.

Cativando a base

Duas notícias envolvendo o presidente Jair Bolsonaro me chamaram a atenção nesta semana. A primeira diz respeito à sua decisão de não renovar a concessão da Rede Globo. Decisão que do ponto de vista prático terá pouco efeito, porque a revogação teria que ser aprovada pelo Senado Federal, justo o Senado Federal que é mais resistente às ofensivas bolsonaristas, e por isso não deve prosperar. Mas, pouco importa. O que o presidente precisa fazer, nesse momento em que terceirizou a administração pública ao Orçamento Secreto do Centrão, é tentar resgatar a sua imagem de candidato antissistema. Certamente é incrível pensar que um homem que ocupa cargos políticos desde 1990 e que tem três filhos também ocupando cargos políticos consiga se passar como um perseguido pelo sistema, mas é isso que Bolsonaro fez. Contribui para essa ilusão coletiva o seu jeito completamente inadequado e as recriminações que sofre pelo simples fato de ele ser desagradável. "Ele está desafiando o sistema", d

Três Letras

 AVC. Três letras que significam, antes de qualquer coisa, o popular derrame. Eu conhecia a expressão por que meu avô havia morrido após sofrer um, no ano anterior. Meu outro avô também sofreu um ou dois derrames e não tenho certeza se essa foi a causa da sua morte, mas certamente foi um fator debilitante. Naquele dia, ali no começo dos anos 2000 meu pai me avisou "o careca sofreu um derrame". Careca era dono de um açougue no bairro do CPA. No começo dos anos 90, meu pai tinha uma clínica veterinária na Avenida Brasil, ocupando uma porta de um imóvel, cujas outras duas portas sediavam o açougue do Careca e a farmácia do Gordo. Sim, eram os anos 90, não havia nenhuma preocupação com apelidos ou questões de politicamente correto.  O gordo se chamava Lourival, ou alguma variação, e foi o primeiro que perdemos contato quando sua farmácia saiu dali. Depois meu pai mudou a clínica para outro ponto da avenida, assim como a Casa de Carnes Jr. Tenho na memória a imagem das três portas

Aquecimento Global

É curioso pensar que um dia essa terra vai acabar. Essa terra que foi de Marechal Rondon, Pascoal Moreira Cabral e Dom Aquino. Desbravada por não sei quantos desbravadores em centenas de ondas migratórias e incontáveis histórias de superação, tudo isso vai acabar. O calor do planeta, o derretimento das calotes polares, tudo vai tornar impossível a vida nessa latitude e longitude. Dois graus a mais podem transformar a Rússia em um enorme pasto agricultável, o paraíso da soja e das commodities, mas essa terra será insalubre. O mar não vai avançar sobre este centro geodésico, mas tal qual o centro do universo, seremos uma bola de fogo inapagável, seremos uma terra de aridez atávica. E então Rondon, os bandeirantes, o povo que veio matar índios, os próprios índios, os garimpos, o gado, a soja, tudo será uma enorme massa extinta, uma lenda perpetuada por poucos sobreviventes foragidos e quem aqui passar vai duvidar que esse lugar um dia teve vida.

Algumas considerações sobre Get Back

Após algumas sessões e alguns fins de semana, terminei de ver Get Back , o documentário revelador de Peter Jackson sobre o processo de gravação do álbum Let it Be . A história é conhecida: após o desastre emocional do White Album , os Beatles retornam para um novo projeto, com uma equipe de filmagem acompanhando todos os passos, na expectativa de lançar um filme, uma série, um programa de TV sobre o processo, que terminaria em um show em algum lugar. Oficialmente o projeto foi um desastre, ratificado pelo filme lançado pelo diretor Michael Linday-Hogg. Tudo o que sabíamos era sobre a presença fantasmagórica de Yoko Ono, a rispidez entre George Harrison e Paul McCartney. Sim, há tudo isso nas sessões, mas o que Get Back traz como novidade é que por trás disso tudo havia uma banda trabalhando. Trabalhando duro. Discutindo acordes, notas, melodias e harmonias, em busca do excepcional padrão de qualidade que a banda sempre teve. O filme pode ser, por vezes, cansativo. Como bom fã, Peter J

Delpo

Juan Martín Del Potro surgiu como um furacão. Um gigante de 1,98m, La Torre de Tandil. Foi galopando pelas fases iniciais da carreira, até que chocou o mundo derrotando Roger Federer na final do US Open de 2009. O suíço havia ganho as últimas cinco edições do torneio e durante uma sequência de 35 torneios entre 2006 e 2013, essa foi a última vez em que alguém fora do Big Four ganhou um Grand Slam. Foi também das raras vezes, talvez única, em que um mortal ganhou um título derrotando Federer e Nadal no mesmo torneio. O jogo de Del Potro não era dos mais brilhantes, mas era lindo em sua eficiência e potência. Ele se segurava o quanto podia no backhand, para abrir a quadra na direita e poder atacar o forehand na corrida. E seu forehand era um espetáculo. Um força da natureza. Um evento sobrenatural. Era previsível, mas inevitável. O golpe saia com uma força estratosférica, em ângulos perversos e locais inalcançáveis. Tenistas podem ter vários golpes, mas para Del Potro bastava um. Apenas