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Mostrando postagens de fevereiro, 2013

Centro Invisível

Artigo para o site do Centro Burnier Esses dias eu estava passando pelo Centro de Cuiabá quando percebi a existência de uma escadaria na Rua Pedro Celestino, perto da Praça da Mandioca. Percebi que nos 25 anos em que eu moro em Cuiabá, nunca havia prestado atenção na existência daquela escadaria que dava acesso a Ricardo Franco. Descobri, conversando com outras pessoas, que eu não era o único. A escadaria da Pedro Celestino permanece invisível aos olhos das pessoas, assim como tantos outros casarões centenários, bicentenários, que sobrevivem no centro de Cuiabá. Alguns desfigurados, outros abandonados, esperando apenas o dia em que irão desabar. Nós que vivemos em Cuiabá, muitas vezes nos esquecemos que vivemos em uma cidade com quase 294 anos de existência. Cuiabá cresceu espontaneamente ao longo de quase três séculos. O que pode parecer um desastre do ponto de vista do urbanismo, mas que é um prato cheio para a história. Quantos casarões históricos e invisíveis nós não temos nu

Filmes Recentes

As Vantagens de Ser Invisível As vantagens de ser invisível é um filme que te faz sair do cinema se sentindo infinito, como bem diz o personagem principal. O filme trata de um sentimento comum a todos, àquela sensação de pela primeira vez se sentir parte de alguma coisa, os primeiros amigos de verdade, primeiras experiências. No plano de fundo ainda são colocados temas relativos ao Bullying, drogas, pedofilia, homossexualidade, enfim, os muitos conflitos da adolescência. Essa época da vida que é uma merda, mas que é tão boa e nostálgica. Django Livre A vingança, a justiça com as próprias mãos, o sangue na boca, o êxtase em ver a fazenda escravista sendo exterminada para todo o sempre. Christoph Waltz está ótimo, Samuel L. Jackson impagável, a cena da Ku Klux Klan é hilária. Mas, que filme longo. Todos fazem uma longa caminhada da feira de escravos até a fazenda e o único objetivo dessa cena que tem uns 40 minutos é mostrar um escravo sendo devorados por cães. Mas, eu sei. Tarantino

A Cuiabá dos Outros

Diriam os psicólogos que existem quatro eus. Com uma cidade não é diferente. Existe a cidade que nós conhecemos e vivemos e existe a cidade que os outros enxergam. A partir do momento em que a Mangueira desfilou na Sapucaí, Cuiabá passou a ser a Cuiabá deles, a Cuiabá que a Mangueira enxerga. Uma Cuiabá de jacarés, florestas, eldorados e cajus. Uma Cuiabá que há 150 anos espera a chegada de um trem. Que trem é esse? Seria o VLT? Não sei. Para quem mora aqui não faz sentido, mas para os outros não há problema. Eles podem imaginar Cuiabá como uma cidade em que o povo olhar perdidamente para o horizonte esperando um trem que jamais irá chegar. Não há problema em mostrar alas com vitórias régias ou noivas cadáveres. Pouco importa se quem mora em Cuiabá não entendeu nada daquilo. Os outros provavelmente não se importam. Pouco importa o que é verdade, o que é exagero, o que é parece invenção. Importante é a imagem. E a imagem de Cuiabá é de um destino insólito, excêntrico apenas isso. As

O Enigma de Ganso

Ontem, Paulo Henrique Ganso teve um dia chave na sua breve carreira futebolística. Enfrentaria o Santos na Vila Belmiro. O ex-craque enfrentaria o seu ex-time, do qual saiu brigado, xingado, desqualificado, desacreditado. Seria a chance de, motivado, destruir com a partida, mostrar para seu ex-time que merecia ser mais valorizado, mostrar para a crítica que ainda é um craque, que pode definir jogos. Poderia ser o jogo da redenção. Por outro lado, poderia ser o jogo do fracasso. Ganso poderia sair apagado do jogo, sem pegar na bola, humilhado pelo adversário, vaiado pela torcida. Desceria para o vestiário, tiraria as chuteiras e nunca mais pegaria numa bola ou na outra. Ganso podia decidir seu futuro, dependia apenas dele. Terminando o jogo, é óbvio que Ganso não foi bem. Em compensação, acho que não foi tão mal, já vi jogos piores. Ganso foi apagado, pouco notado. O patético de Ganso é que ele atualmente ele não consegue nem ser capaz de viver marcos históricos.

Andei Escutando (42)

The Zombies - New World Discos ruins são normais. Imagino que a imensa maioria dos discos lançados em um ano são ruins, descartáveis. O que pega é quando uma banda minimamente boa lança um disco ruim. É aquele sentimento de raiva, decepção, incompreensão. O que eles queriam fazer com isso? Raramente um disco ruim lança um sentimento de pena, quase uma solidariedade. Pois foi isso o que eu senti ao escutar o inominável e abominável terceiro discos dos Zombies, New World , lançado em 1990. Contextualizemos. Os Zombies foram uma destas tantas bandas de rock surgidas na década de 60 e que alcançaram algum sucesso, mesmo que esporádico, em algum momento. "Guiados pelo piano rápido de Rod Argent e a voz melódica de Colin Blunstone" eles alcançaram seu maior sucesso em 1968, com o single Time Of the Season , que por aqui no Brasil, chegou a fazer parte da trilha sonora do filme sobre a Bruna Surfistinha.  Ai começa a triste ironia da história. Quando Time of the Season