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Mostrando postagens de 2018

Jesus Apagado

Dava para ver em sua expressão corporal que ele estava fazendo uma obra de arte. Os carros passavam devagar na sequência de três quebra-molas em frente a uma escola na Morada do Ouro, mas nada desconcentrava o pintor que desenvolvia seu processo criativo em um muro de Igreja. O desenho, como não poderia deixar de ser, tinha motivação bíblica. Em um campo, Jesus - o nosso pastor - era seguido por um grupo de ovelhas, mas, mais do que isso, carregava uma ovelha em suas costas, como se estivesse participando de um crosfit da antiguidade. Cada par de patas do ovídeo se debruçava sobre cada ombro do filho de Deus, com o torso macio e coberto de lã do animal envolvendo seu pescoço santo. Dentro dessa composição, nada tomou mais tempo do artista do que o céu. O espaço pintado todo de azul foi ganhando pinceladas precisas de tinta branca, mostrando que o tempo estava parcialmente nublado naquele dia, naquele pasto. O pintor recuava dois ou três passos, analisa sua obra, a composição, a

Magnólia

Enquanto o relógio do aplicativo de corrida ainda chegava no seu primeiro minuto, me deparei com três sapos na esquina da rua de baixo. A situação me pareceu estranha, mas não quis criar nenhuma teoria sobre isso. Aos poucos, enquanto eu ganhava mais quilometragem e passava por mais ruas fui percebendo que todas elas estavam infestadas de sapos. Sempre em grupos de três ou quatro, exceção feita a um, o mais assustador dos sapos que eu já vi - e os outros sapos também deviam pensar isso, pois ele estava pulando sozinho embaixo de um poste. A cada nova rua que eu entrava, lá estavam a pequena quadrilha de sapos e eles logo se dispersavam quando eu me aproximava, como se fossem um grupo de anfíbios subversivos percebendo a chegada de uma viatura policial. Sapos tem um estranha maneira de se portar diante dos inimigos. Eles ficam completamente paralisados a medida que você se aproxima deles. Esses pré-históricos animais se camuflam muito bem em seu habitat natural e acho que a estr

Cinco reflexões sobre as eleições

"Uma câmera na mão e um ódio na cabeça". Eis um lema que definiria bem vários dos candidatos que tiveram votação recorde no último domingo. Uma eleição que pode ser apenas um ponto fora da curva de nossa história recente ou uma mudança de paradigma na forma de se realizar uma campanha - o que é mais provável. O impacto das novas formas de comunicação sobre a sociedade logicamente se refletiria na política. Eis alguns pensamentos sobre o que se passou. 1) A internet venceu a televisão Antes da campanha eleitoral foi posto que o embate entre Geraldo Alckmin e Jair Bolsonaro serviria como um tira-teima entre a importância da internet e da televisão na disputa. (Vale lembrar que a primeira pesquisa Ibope mostrava Bolsonaro com 20% dos votos e Alckmin com 9%). O resultado mostra que a internet venceu. Sim, acredito que o eleitor ainda acompanhe a TV, alguns vejam as propagandas e debates, se informem e formem opiniões por lá. Mas, o equívoco é colocar a disputa internet x tel

Regressiva dos candidatos à Presidência da República

Seguindo uma tradição iniciada em 2014, minha ordem de preferência de candidatos. 13 Jair Bolsonaro O candidato da barbárie fica aqui acompanhado do incômodo número 13. Não há uma única razão lógica para votar em Bolsonaro, além de uma raiva desnorteada contra tudo o que está aí. Deputado Federal incompetente, ganhou repercussão em programas humorísticos e montou sua primeira base de fãs entre setores preconceituosos da sociedade. Foi amaciando o discurso preconceituoso e focou no combate à corrupção e violência para ganhar novos adeptos. Sabia que não perderia os convertidos e por isso poderia mudar de opinião para agregar novos setores. O pior candidato que o Brasil já teve deverá ser eleito e só restará aos outros o direito de no futuro poder falar "eu avisei que ia dar merda". 12 Cabo Daciolo O candidato folclórico dessa eleição mantém a audiência dos debates e uma coerência que só os loucos têm. No entanto, tudo tem limite e o Cabo Daciolo deveria ficar restrito ao

A narrativa de uma realidade paralela

Liguei a TV ontem exatamente às 20h05, para ver como seria a cobertura política do Jornal Nacional sobre as manifestações do dia. Estava 10 minutos atrasado em relação ao início do jornal e, assim, acredito que perdi o que foi mostrado sobre o #EleNão. Sintonizei a Globo no momento em que começava uma matéria sobre a volta de Bolsonaro para casa em um voo que teve xingamentos e gritos de apoio. Logo depois, o jornal mostrou as manifestações, em sua maioria carreatas, feitas em apoio ao presidenciável do PSL. Pessoas de verde e amarelo em Copacabana, buzinaço em Teresina, Joinville, Divinópolis, 16 cidades no total. Uma delas, no interior de São Paulo, contou com a presença de um dos filhos do capitão. Bolsonaro ainda foi entrevistado dentro do avião e repetiu que, pelo o que vê nas ruas, não aceitará outro resultado que não seja sua vitória em PRIMEIRO TURNO. Falou sobre fraude nas urnas. Houve tempo ainda para uma matéria com a ex-mulher do candidato, antes do início da cobertura

Mudança de Estratégia

Feliz é o candidato que consegue manter o seu discurso durante toda a campanha. Antes das eleições, a equipe de cada candidato traça uma estratégia, sobre a imagem pública que ele quer passar, o discurso que ele vai manter durante a campanha para conquistar, se não o coração, pelo menos o voto do eleitor. E lá se vão as pesquisas qualitativas, os publicitários e coordenadores em busca das palavras-chaves para se comunicar com o cidadão. Dessa forma, tanto a candidatura do PT quanto a do Bolsonaro não foram desconstruídas pelo decorrer dos fatos ou dos adversários. Desde o começo, o PT estava aí para fazer o Brasil feliz de novo, apostando na percepção de parte da população que as coisas estavam melhores antes. O mesmo ocorre com o Bolsonaro, que sempre foi a candidatura da defesa do país contra a ameaça comunista (?), contra tudo o que está aí, e pela preservação dos valores conservadores. Em ambos os casos, são narrativas que estão sendo construídas há algum tempo. Desde que Bol

As dúvidas de Alckmin

Aos poucos, Geraldo Alckmin foi se convertendo no candidato do PSDB para as eleições presidenciais de 2018. Sua re-eleição em primeiro turno para o Governo de São Paulo colocou seu nome no páreo e então, foi só esperar a profecia de Jucá ser cumprida (Aécio será o primeiro a ser comido) para que o nome de Geraldo fosse ungido para a disputa. Ser o candidato do PSDB à Presidência é um ótimo negócio. Desde 1994 os tucanos estiveram juntos com o PT nas duas primeiras posições da disputa. Na eleição do Brasil mais dividido desde a redemocratização e com Lula preso, ser o candidato do PSDB parecia ser o passaporte garantido para o segundo turno, onde tudo pode acontecer. De fato, o caminho parecia traçado dois anos atrás, quando Alckmin chegou a liderar a campanha. Só que tudo se perdeu. Os seus aliados dizem que ele tem a convicção de que no fim tudo vai dar certo (para ele). Mas o fato é que falando um mês para as eleições, ele não consegue chegar aos dois dígitos nas pesquisas de int

A Migração dos votos do Lula

Ao que tudo indica, em breve a candidatura do Lula vai ser definitivamente indeferida e o PT vai ter que oficialmente lançar o plano Haddad. Sem o líder das pesquisas e que tinha chances inclusive de vencer no primeiro turno, o PT vai tentar consolidar o milagre da transferência dos votos. Mas, por enquanto, como os votos do Lula estão sendo transferidos? Recentemente o Ibope concluiu sua primeira rodada de pesquisas de opinião em todos os 27 estados brasileiros. Cruzando os dados estaduais a partir do número de eleitores em cada estados, teríamos Lula com um número total de 54.720.080 votos, ou 46,06% do total. Para o segundo turno os votos migrariam da seguinte forma: Marina receberia 17,43% dos votos do Lula. Ciro Gomes receberia 12,6% Haddad receberia 9,6% Alckmin receberia 6,74% Bolsonaro receberia 6,62% Álvaro Dias receberia 2,8% João Goulart Filho receberia 1,38% Meirelles receberia 1,12% Boulos receberia 1,10% Eymael receberia 0,91% Daciolo receberia 0,39% Prof

Batalha pela consolidação

A campanha eleitoral deste ano é completamente diferente das anteriores. Na questão programática, o tempo de campanha é muito menor e ninguém tem muita certeza de como funcionará a cabeça do eleitor, quanto tempo é necessário para fincar ideias ou difamações. Fora isso, temos o líder das pesquisas preso e provavelmente inelegível. No cenário sem Lula, nenhum candidato se destaca de maneira absoluta (os 22% de Bolsonaro seriam insuficientes para levá-lo ao segundo turno das últimas três eleições). Qualquer um alimenta chances de ganhar. As eleições se equivalem ao campeonato brasileiro. No meio de tanta indefinição desta campanha que ainda está começando nas ruas, os candidatos parecem mais dispostos a manter votos do que em conquistar novos adeptos. Sinal de que é melhor consolidar o que já têm. Bolsonaro vai nas cidades onde tem mais intenção de votos falar sobre armas e ser carregado pelos seus adoradores. Haddad peregrina pelo nordeste como forma de firmar sua imagem na regi

Prova de resistência

Pode ter sido um momento de civismo, ou de loucura e insensatez. Mas, fato é que nesta terça-feira (28 de agosto) resolvi seguir no Twitter todos candidatos à presidência e seus respectivos vice-presidentes. O objetivo é quase uma prova de resistência, ver até quando eu consigo seguir determinadas pessoas, sem que isso prejudique demais a minha saúde mental. De cara, não consegui encontrar quatro candidatos nesta estimada rede social: os gloriosos General Mourão (vice de Bolsonaro), Hertz Dias (vice de Vera Lúcia), Léo da Silva Alves (vice de João Goulart Filho) e a Professora Suelene Balduíno (vice do cabo Daciolo). Também percebi que alguns candidatos não utilizam o Twitter há algum tempo, como Hélvio Costa, vice de Eymael - o democrata cristão e Germano Rigotto. Eymael - o democrata cristão - e Cabo Daciolo também estão ausentes. Irei deixar de seguir qualquer um que permaneça uma semana sem postar nada e àqueles que repetidamente me irritarem muito e me fizerem sentir que o

Impressões do Debate

Impressões dos candidatos dos debates, elencado em ordem da memória que me veio na cabeça. Álvaro Dias Seu visual me lembrou uma espécie de Julio Iglesias paranaense, pronto para comandar um programa de rádio na madrugada, embalado por umas doses de uísque caubói e sua voz grave. Demonstrou uma fixação até certo ponto doentia com o juiz Sérgio Moro e em certos momentos parecia estar possuído pelo espírito de Fernando Vanucci no pós-Copa de 2006. Guilherme Boulos Pareceu saído direto de uma oficina teatral para interpretar o jovem Lula. E sinceramente, parece um ótimo jovem Lula, pegou muitos trejeitos muito bem. Prega para os convertidos e sua fala flerta perigosamente com a chamada lacrosfera. Além disso, mostrou que não sabe a hora de parar de usar uma piada, mesmo quando a piada foi muito boa. Geraldo Alckmin Todo mundo já teve um professor assim no colégio, aquele que falava e falava, tentava explicar os processos mitocondriais da maneira mais didática possível, calmamente

Balanço da Copa 2018

Vamos aos melhores e aos piores da Copa Seleção da Copa Em um 4-2-3-1 Kasper Schmeichel (Dinamarca): Tal qual Preud'Homme em 1994, o melhor goleiro dessa Copa parou cedo. Schmeichel sofreu apenas dois gols no torneio, sendo um de pênalti, e teve a maior média de defesas por jogo. Teve grande atuação nas oitavas de final e supera Courtois - brilhante contra o Brasil, hesitante em outros momentos, e Lloris e Subasic, derrubados pela final. Mário Fernandes (Rússia): O brasileiro naturalizado foi o mais constante escape do ataque russo e sempre muito firme na defesa. Também poderia estar na seleção o belga Meunier. Yerry Mina (Colômbia): O colombiano participou de três jogos e fez gol nos três. Se não bastasse o poderio ofensivo o único gol que a Colômbia sofreu nessas partidas foi de pênalti. Contra a Inglaterra anulou o poderio aéreo adversário e fez o gol que levou o jogo para a prorrogação. Domagoj Vida (Croácia): O croata cresceu muito na reta final e se sobressaiu em diver

França: campeã da objetividade

Fui buscar o que escrevi sobre a França ao longo do torneio. Na abertura contra a Austrália destaquei o jogo que ficaria mais marcado pela estreia do VAR, pois a impressão é de que a França não havia encaixado o jogo. De fato, vitória por 2x1, com gol de pênalti duvidoso e gol contra. Contra o Peru, falei que a França jogava um futebol decepcionante, o que era verdade. Depois veio a melancolia do jogo contra a Dinamarca. Nas oitavas de final veio o despertar francês, com momentos de bom futebol, mas com mais dificuldade do que deveria ter tido. Contra o Uruguai e Bélgica duas vitórias pragmáticas, com cara de time campeão. A França é provavelmente a campeã que menos teve momentos de empolgação desde que eu acompanho futebol. Os momentos de brilho foram esparsos, duraram 15 minutos contra Peru, Argentina e hoje contra a Croácia. A forte defesa levou seis gols na Copa, o maior número desde a Itália de 1982. Mas, a França foi o time que, como diz Tite, soube sofrer. Quando levou gols,

Gigante Croácia

Existem jogos em que, por mais que tentemos encontrar razões táticas e técnicas para explicar o resultado, a verdade é que uma equipe se impôs sobre a outra. Foi o que a Alemanha fez contra a Suécia na primeira fase, por exemplo, e o que a Croácia fez para sobrepor a Inglaterra e garantir uma vaga na final da Copa do Mundo pela primeira vez. No lance decisivo da partida, o gol de empate, Perisic passou por cima de um hesitante Walker para marcar. Até então, a Inglaterra parecia próxima da final. Começou o jogo muito bem. Trippier acertou bela cobrança de falta e toda bola aérea provocava um Deus nos acuda. Kane teve duas boas chances desperdiçadas e impedidas. Stones e Maguire bloqueavam qualquer investida croata e o jogo parecia controlado. Dele Ali e Lingard tocavam bem a bola e, se chances não eram criadas, muito era por conta de Sterling tomando decisões erradas mais uma vez. Impressão que se manteve mesmo quando a Croácia melhorou nos 10 minutos finais da primeira etapa e no s

França com cara de campeã

No bolão da ESPN, o único que participo neste ano, marquei a França como minha opção para campeã do mundo. Apesar de os franceses nunca terem desenvolvido todo o potencial que a simples leitura dos nomes proporciona, eles são de fato o elenco mais equilibrado da Copa, com um grande goleiro, um zaga confiável e excelentes meio-campistas. A Copa começou e a primeira fase foi de certa forma decepcionante. Mesmo em um grupo fraco, os franceses não empolgaram em nenhum momento. Foram burocráticos e sem o instinto assassino que os permitiria matar os jogos. A França joga em busca de um contra-ataque para explorar a velocidade de Griezmann e Mbappé, mas esse contra-ataque só apareceu no jogo contra a Argentina. Bem, a França ainda não empolgou em nenhum momento na Copa, mas é um time que administra bem os riscos e consegue se virar quando precisa. Entre as equipes semifinalistas, foi sem dúvida a que esteve menos tempo flertando com a eliminação e correndo riscos desnecessários. Em su

Quartas de derrotas comuns

Desde que eu me entendo por gente e acompanho futebol com um mínimo de discernimento, esta deve ser a primeira vez que o Brasil é eliminado de uma Copa do Mundo de maneira normal. Perdeu dentro do jogo porque assim é o esporte: alguém tem que perder. Não houve o ambiente de balada de 2006, o rancor de Dunga em 2010 e nem foi como em 2014, porque nunca mais haverá outro 2014. O jogo foi equilibrado, com a Bélgica bem superior no primeiro tempo e o Brasil melhor no segundo. A equipe nacional jogou para empatar no segundo tempo, é verdade, mas a Bélgica jogou para fazer mais do que 2x0 no primeiro tempo. Os belgas aproveitaram melhor o momento de instabilidade brasileira após o gol contra de Fernandinho e o posicionamento de De Bruyne, Fellaini e Lukaku acabou por confundir a marcação brasileira. Fernandinho teve uma jornada horrível. Suas costas foram uma festa para De Bruyne e Lukaku. O gol contra foi azar, mas não dá para descartar que tenha trazido à tona todos os demônios interno

O momentaço da Copa

Provavelmente foi o momento mais empolgante da Copa até o momento. Inglaterra e Colômbia faziam um jogo pra lá de morno. Os ingleses estavam próximos das quartas de final e os colombianos tentavam jogadas aleatórias, quando Uribe acertou um chute espetacular que Pickford pegou de maneira ainda mais espetacular. Os colombianos, já resignados se levantaram euforicamente após a jogada. O goleiro foi até a área e ninguém respirava dentro do estádio do Spartak em Moscou. Na cobrança, Yerri Mina ganhou de Maguire e empatou a partida, em um daqueles momentos que nos fazem lembrar porque o futebol é maravilhoso. Foi um pouco como aquela sequência final de Uruguai e Gana na Copa de 2010. A jogada salvou a partida monótona, que mostrou uma Colômbia pilhada e pouco criativa sem James Rodríguez. A Inglaterra não conseguiu fazer nenhuma coisa especial, mas tinha aproveitado um pouco melhor o seu forte, que é a bola área. Foi em um desses lances que conseguiu o pênalti, convertido por Harry Kane p

Neymar e a Geração Belga

Nesta segunda-feira, o mundo pode viver em todos o esplendor as reações à geração belga. Depois de um primeiro tempo preguiçoso, em que podemos dizer que o Japão executou sua proposta de jogo melhor - apesar de os belgas estarem sempre perto da área, os nipônicos tiveram um começo de segundo tempo arrasador e abriram 2x0 em menos de 8 minutos. Foi a senha para que todo um ressentimento relacionado a Grande Geração BelgaⓇ viesse a tona. A farsa estava enfim desmascarada. Analiso essa reação de duas maneiras. A primeira trata de, mais do que um ódio aos belgas, um ódio ao enaltecimento do estrangeiro em detrimento ao local. Fellaini é o maior exemplo disso. Jogador folclórico, de difícil interpretação dentro do capo, mas que a cada gol ou passe bissexto é incluído no rol de grandes jogadores. É um ódio ao futebol pivote, ao futebol world class, ao hype da Premier League que abriga toda a seleção belga. É difícil separar onde termina a qualidade e começa a empolgação. Veja o time be

O medo entra em campo

Neste domingo, pudemos pela primeira vez observar nesta Copa do Mundo um velho conhecido de mata-matas passados: o medo de perder. Aquele pânico de levar um gol irrecuperável que decretará a eliminação. Esse temor aparece principalmente quando o confronto envolve duas equipes que já estão no limite das expectativas. Não foi tanto o caso do confronto entre Rússia e Espanha. No jogo que abriu o dia, as duas equipes tinham estratégias claras. Os russos queriam se retrancar o máximo que pudessem e se levassem a partida para os pênaltis estaria bom. A classificação seria histórica e a eliminação seria respeitada. Além disso, para que a partida chegasse aos pênaltis, isso certamente significaria uma vantagem psicológica para o time da casa. Já os espanhóis queriam tocar a bola por toda eternidade, na expectativa de que uma hora ela entrasse no gol sozinha. E ela realmente entrou no bizarro lance do gol contra de Ignashevich. Depois disso, a Espanha não chutou mais nenhuma vez e o empate

O despertar francês e a entrega celeste

A vitória francesa contra a Argentina foi um tanto quando ambígua. Se por um lado, pela primeira vez os azuis mostraram futebol e deram uma amostra do que podem fazer quando tem espaço, somado ao fato de que uma vitória por 4x3 é sempre empolgante, por outro lado a França teve mais dificuldades do que deveria e em muitos momentos voltou a se mostrar uma equipe preguiçosa. Falta um instinto assassino para os franceses, que preferem muitas vezes sentar em cima da vantagem e não conseguem matar os jogos, levando o time a não ter o conforto necessário nos minutos finais. Mbappé fez uma partida histórica e se confirmou como o grande nome da atual seleção francesa. Infernizou a defesa argentina no começo do jogo e definiu a partida no segundo tempo. Parece jogar uma rotação acima do restante do elenco francês, por mais que Griezzmann tenha feito bom jogo hoje também. A Argentina conseguiu prolonga sua agonia ao máximo graças a sua dedicação. Di María fez uma grande partida e Messi não fo

Sobre o antijogo

Mesmo não sendo nada admirável, o que o Japão fez no final do jogo contra a Polônia é muito mais compreensível do que a atitude da Dinamarca contra a França. Os japoneses entraram em campo jogando por um empate para conseguir a sua improvável classificação. Levaram um gol em jogada de bola parada e se viram desclassificados. Após uma tentativa de ataque desordenada, veio o gol colombiano contra Senegal, que voltava a colocar os japoneses na fase seguinte. A partir de então os japoneses voltaram a se segurar no jogo e, nos minutos finais, tocaram a bola esperando que o mundo acabasse. Pode não ser admirável, mas há uma lógica. Imagina se os japoneses se lançam ao ataque e levam um segundo gol que os eliminaria? Hoje estaríamos comentando a inocência dos japoneses que estavam classificados e arriscaram tudo, quando poderiam ter segurado o jogo. Entraria para as anedotas do futebol. Claro, era uma vantagem frágil e os japoneses deram mais sorte do que juízo para se classificar. Mas,