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Mostrando postagens de dezembro, 2011

Andei Escutando (29)

Aimee Mann – One More Drifter in the Snow (2006) : Sei lá porque, mas os americanos tem esse fetiche por discos de temas natalinos. Aqui, Aimee Mann dá a sua contribuição para um natal bem intimista e melancólico. Melhores: Whatever Happened to Christmas? e Winter Wonderland . Belle and Sebastian – The Boy With The Arab Strap (1998): Um disco com a cara dos anos iniciais do B&S. A diferença é que neste aqui, as músicas tem um acomapanhamento mais conservador, menos experimental do que nos dois primeiros discos. O melhor da alegre melancolia. Melhores : Ease your feet in the sea e Seymour Stein . David Bowie – Low (1977): Um disco é o que você quer que ele seja. O mundo tece louvores para Low, um disco que dizem, representa a sua época. Se assim for, que época bisonha. O começo do disco é até razoável, mas o chamado Lado-B, repleto de canções “atmosféricas”, é dose. Ninguém em sã consciência escuta aquilo e diz que é bom. Um dos três piores discos que eu já escutei na minha vi

Andei Lendo: Nelson Rodrigues e o futebol

"Sem sorte não se chupa um chicabom. Engasga-se no palitinho". Essa frase sintetiza bem a visão sobre o futebol que Nelson Rodrigues expressava em suas crônicas. Chupar um chicabom pode ser fácil, mas é impossível sem sorte. Sem alma também. Nos tempos em que Nelson Rodrigues escrevia sobre o futebol, a televisão ainda engatinhava. Ou ele escutava os jogos pelas rádios, ou então os "via" no próprio estádio. As aspas se devem a sua miopia, que o fazia enxergar borrões. Daí, pouco importava o que realmente acontecia. O que importava era o que estava em sua imaginação. Pouco importava a tática, a técnica. O que realmente decidia um jogo era algum elemento estranho, seja ele uma cusparada, um tapa, um gol. Histórias recheadas de metáforas, como a do chicabom, ou as conversas de terreno baldio, as chuvas mais fortes que o quinto ato do Rigoleto (dizem aliás, que não chove em nenhum momento da ópera). Nelson Rodrigues adorava ter uma visão contrária a geral. Seu tom raivo

El Camino

Um disco tem para você o significado que você quer que ele tenha. Os Black Keys lançaram seu sétimo disco, El Camino, no começo de dezembro. O disco significou o estabelecimento dos Keys como a grande banda alternativa do momento, o álbum chegando ao #2 dos EUA. Pela internet, vejo pessoas encantadas com a banda, tratando El Camino como o melhor disco da banda. Para mim, está longe disso. El Camino me parece uma bola fora dos Black Keys, um disco que pouco acrescenta a carreira artística do duo, apenas trará o sucesso nas rádios, nas malditas pistas de dança. Vejamos. The Big Come Up era uma estréia tosca, um blues de garagem. Thickfreakness era uma evolução do disco anterior, com uma produção melhor. Rubber Factory seguia um caminho mais garageiro, com riffs marcantes. Magic Potion foi o primeiro disco mais vazio do conjunto, uma sequência do anterior, mas com um apelo comercial maior. Attack & Release trouxe o uso de outros instrumentos, músicas mais calmas, uma experimentação ma

O Barcelona, a mídia

Nelson Rodrigues costumava a falar do complexo de vira-latas do torcedor brasileiro. Que diante dos adversários estrangeiros, o brasileiro se sentia intimidado e já entrava derrotado. Complexo que teria sido superado com a conquista de três Copas do Mundo. Ultimamente, o processo é justamente o contrário. Diante de qualquer adversário, o brasileiro o menospreza. Temos certeza que somos os melhores em qualquer esporte. Nossas derrotas não tem mérito nenhum do adversário, são frutos apenas do nosso fracasso individual. Se jogássemos corretamente, não teríamos como perder. Um complexo de pitbull. Quando o Santos foi enfrentar o Barcelona, esse sentimento apareceu, em menor grau, mas apareceu. A superioridade do Barcelona era evidente, gritante. O time catalão é muito provavelmente a melhor equipe dos últimos 30 anos. Joga de maneira envolvente, massacra os seus adversários e ganha títulos em sequência. Ainda tem gênios como Messi e craques como Iniesta e Xavi. Messi é o melhor jogador do

As duas mortes de Joãosinho Trinta

Aqui em casa, todos nós convivíamos com a certeza de que Joãosinho Trinta havia morrido. A única dúvida, era se o nome dele é Joãosinho ou Joãozinho. Aliás, não sei disso até hoje. Anos atrás o carnavalesco teve um mal súbito e foi internado em estado grave, desenganado. Em algum momento, sua morte ficou conhecida para nós. Sempre que seu nome era mencionado em algum carnaval, minha mãe fazia um comentário do tipo "Mas esse eram aparecido. Coitado, que Deus o tenha". Sua morte era um fato consumado, uma realidade óbvia. Não havia razões para que ele estivesse vivo. Sua morte era uma certeza. Até que um dia, em um carnaval qualquer, eu estava assistindo a televisão. E o repórter entra com uma chamada ao vivo. O entrevistado? Joãosinho Trinta. Meu coração disparou. Por alguns momentos vivi um choque, me perguntei se estava sonhando, se aquilo era a realidade, o que aquilo era. A entrevista prosseguiu com o carnavalesco em um estado lastimável, mas vivo. Creio que não cheguei a

Andei Escutando (28)

Aimee Mann – The Forgotten Arm (2005): A voz de Aimee Mann começa a soar meio enjoativa. Sendo que sua voz representa 80% da graça de seus discos, dá pra entender porque ele é inferior aos trabalhos anteriores. Melhores: King of the Jailhouse e Little Bombs . Caetano Veloso (1968): Algumas músicas são legais, mas não tem jeito: Caetano Veloso tem uma chateabilidade que é inerente a sua existência (apesar de ele dizer que nasceu para ser o superbacana). Melhores: Alegria, Alegria e Soy Loco Por Ti América . David Bowie – Hunky Dory (1971): Um bom disco de pop/rock, antes de David Bowie começar a incorporar personagens. Mesmo assim, acho que ele sempre se interessou por temas alienígenas e sobrenaturais, não? Melhores: Life on Mars? e Quicksand . Elvis Costello – This Year’s Model (1978): Seria um bom disco, mas um teclado de brinquedo que acompanha a maior parte das músicas dá um ar de encontro de karaokê para as letras de corno desajustado do Costello. Além disso, este mesmo t