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Mostrando postagens de dezembro, 2012

Há 10 anos...

Dez anos é um tempo razoável na vida de uma pessoa. Tempo para se transformar em outra pessoa, viver em um outro mundo. Tempo razoável para mudar de opinião sobre várias coisas. Há dez anos que eu comecei a prestar atenção em música, escutando os discos disponibilizados para streaming, assistir MTV no período da tarde e a conhecer minhas primeiras bandas. Faço abaixo uma análise sobre quatro lançamentos daquele ano, que eu tive a oportunidade de escutar naquele ano e o que mudou na minha percepção daquela época. Não irei falar de discos como Yankee Hotel Foxtrot, Sha Sha ou Songs for the Deaf, porque eu simplesmente não os escutei naquela época. Oasis - Heathen Chemistry O que se falava: Os irmãos Gallagher, famosos por sua polêmica e pela música, lançam um novo disco, calcado na tradição do rock britânico e chupando Beatles até a medula. O que eu pensava: que os irmãos Gallaghers eram deuses e tinham lançado uma obra prima. Ou talvez nem tanto, porque eu já achava as

A batalha do livro

Ler um livro é uma batalha. Ao contrário de outras expressões artísticas populares, a literatura demanda algum tempo da sua vida. Um filme lhe custa duas horas da sua vida, um disco menos de uma. Um livro vai lhe custar alguns dias, mais de um mês às vezes. Vai lhe tomar um tempo da sua vida. Um filme bom irá te prender por algumas horas após o seu fim, mas a reflexão ainda passa. Uma boa música também, mas nos tempos modernos, você pode carregar ela com você. O bom livro irá lhe custar mais. No começo, você estuda o seu oponente. Lê com calma, sem saber aonde é que isso vai dar. Em algum momento, é provável que você possa desistir, olhando o longo caminho que ainda irá percorrer. Até que há um estalo. Aquele momento que você entra em um túnel, um estalo que te coloca em concentração total e você passa a ler cada página do livro como se sua vida dependesse disso. E é custoso interromper esse processo, porque há outras coisas que precisam ser feitas. Você passa o dia na expectativ

Os barcos e as palavras

E de repente lá estavam aquelas duas mulheres, remando em um barco, fugindo do quadro. Estavam lá mudando a minha experiência com museus. Nunca fui exatamente um fã de museus. Por mais que minha experiência com grandes museus esteja resumida ao Museu Imperial de Petrópolis. Talvez por isso, porque nunca fui exatamente um fã, um apreciador em observar mobílias antigas, por mais histórias que elas carreguem. Confesso também, que nunca me senti tentado a ver a Mona Lisa de perto. Museus também me trazem memórias modorrentas de viagens em família. De quando se para naquela cidade minúscula, na qual não se sabe o que fazer, até que se descobre que lá há um museu. Chega-se ao local para observar uma pequena coleção de roupas velhas e papéis que não dizem nada. Minha experiência com museus mudou para melhor quando conheci o Museu da Língua Portuguesa, em 2008. Uma ideia fascinante, um museu de palavras, elas, tão difíceis de explicar, que falamos sem conhecer sua origem, tão íntimas e t

Memória Futebolística

No dia 13 de dezembro de 1992, há 20 anos, o São Paulo conquistava seu primeiro título mundial. Vitória contra o grande time de Barcelona de então, de Stoichkov, Laudrup. Os gols de Raí se repetem em looping hoje na televisão, o primeiro com a grande jogada de Muller, o segundo em uma cobrança surpreendente de falta. O São Paulo tinha então um grande time. Não saberia dizer qual foi a data do jogo sem consultar em um livro ou na internet. Mas, trata-se de um dos jogos mais antigos que eu me lembro de estar assistindo. Me lembro de pouca coisa do título da Libertadores daquele ano. Sei que assisti os jogos e tinha noção do que acontecia, mas não me lembro do jogo em si. Lembro de alguns jogos do campeonato brasileiro de 1992, de uma derrota para o Vasco, ou do jogo final, mais pela que da arquibancada do Maracanã. (O jogo mais antigo que me lembro foi a final do Campeonato Carioca de 1991, Flamengo 4x2 Fluminense, com Super Ézio abrindo o placar e depois com Júnior acabando com o jo

Andei Escutando (40)

Badfinger – Airwaves (1979) : Imagine que o principal compositor da sua banda cometeu suicídio. Você seguiria o trabalho? Não, né? Pois o Badfinger resolveu lançar discos sem Pete Ham. Somado ao futuro suicídio de Tom Evans, isso me faz acreditar que Joey Molland é dos piores seres vivos do planeta. O disco em si, é fraco e mais uma razão para respeitarem o suicídio alheio. Melhores: Lost Inside Your Love e Love is Gonna Come At Last. Bert Jansch – When Circus Comes to Town (1995): O que mais me chama a atenção neste simpático disco é que a voz de Bert permanece praticamente a mesma de 30 anos antes, quando ele estreou. Melhores: Back Home e Morning Brings Peace of Mind . Joni Mitchell – Blue (1971): Não vou mentir: você precisa de um pouco de coragem e insistência para se acostumar com a voz aguda de Mitchell. Melhores: All I Want e Little Green . Moby Grape – 20 Granite Creek (1971): Mais ou menos. Melhores: Gypsy Wedding e Road to the Sun . Pearl Jam – Vita

Niemeyer

Não é preciso gostar de alguma coisa, para entender sua importância. Pode parecer piegas, mas é verdade. Posso não gostar de Picasso e de suas linhas inexplicáveis, mas admiro enquanto obra de arte. Entendo a complexidade de um quadro como guernica. Não era fã de Niemeyer e seus prédios abstratos de concreto. Acho Brasília monótona com seu excesso de concreto, sua igreja sonolenta. Gosto menos ainda dos prédios seguintes, inspirados em seu concreto armado. Não vejo graça na Pampulha. Mas, é difícil não reconhecer sua importância. A beleza do processo criativo em si. Sua criação a partir do nada. Assim como seu trabalho. De suas idas aos canteiros de obras mesmo após seu centenário. Não há como não admirar alguém que tem uma obra, construída em um século. Nada mal paragem comunista ateu, heim.