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Mostrando postagens de setembro, 2014

Um corpo no asfalto

O congestionamento e as pessoas na calçada indicavam um acidente. Um carro com o para-brisa todo trincado mostrava que havia sido um atropelamento. O camburão do IML mostrava que o acidente havia sido fatal. Muitas vezes nós não temos noção da violência e da brutalidade de um atropelamento. Um impacto capaz de mutilar as vítimas, despedaçar ossos, numa morte horrível e dolorosa. Vi o cadáver, estirado no asfalto escaldante, rígidos e acidentados em frente ao Sesi Papa. Depois vi nos sites que a vítima se chamava Augusto Peixoto dos Santos e tinha 97 anos. Morava na região e costumava a caminhar por ali. Tentou atravessar a rua e foi atingido pelo carro. Viver 97 anos e morrer atropelado. O destino é cruel.

Regressiva dos candidatos a presidência

São onze candidatos a presidência. Falo sobre os 11 em ordem decrescente de preferência. 11 Pastor Everaldo: O pastor do Partido Social Cristão é de longe a pior opção para essas eleições. Suas propostas são baseadas numa teocracia antiquada, mas pior do que isso, é que ele não tem preparo nenhum. Diferente de outros nomes da direita evangélica, ele não consegue nem ser firme em suas opiniões, batendo na questão da família, segurança, corrupção. Mal dá pra se irritar com as besteiras que ele fala. Para piorar, Everaldo tenta incorporar um discurso de direita econômica, falando sobre Estado mínimo, iniciativa privada, privatizações, e claro, não tem o menor preparo para falar sobre isso. 10 Levy Fidélix : Fidélix parece ser uma voz perdida da antiga UDN. Com o curioso slogan de "vamos endireitar o Brasil", nessa eleição ele deixou de ser apenas o cara do aerotrem para adotar um discurso raivoso, citando o Foro de São Paulo (todo mundo que cita isso perde o meu respeito),

Cortar o cabelo

Às vezes, penso que uso o cabelo grande por preguiça de ir até um lugar para cortar o cabelo uma vez por mês. Corto o cabelo a cada quatro ou cinco, já é um tempo excessivo que gasto para isso. Ainda mais, porque ultimamente está sendo cada vez mais difícil cortar o cabelo. Antes, era simples ir lá e pedir para um cara passar uma máquina no cabelo. Depois, parecia fácil ir lá e falar para cortar uns dedos e aparar aqui ou ali. Hoje em dia, toda vez que vou cortar o cabelo me deparo com uma discussão técnico-filosófica sobre o corte. Se o cortador, ou cortadora, me faz uma pergunta se eu prefiro que atrás seja reto ou angulado, eu não tenho a menor ideia. Quer que corte em camadas? Eu quero apenas que corte, não tenho muita ideia. Certa vez, expliquei que queria tirar uns quatro dedos de cabelo e também o volume. A mulher ficou me olhando com uma cara séria, penteou pra cá e pra lá, pediu licença e então voltou com uma revista, pedindo que eu apontasse o corte que eu queria fazer.

A magia do quase gol

Acredito que a grande graça do futebol, em relação a outros esportes, é que nele, o que não aconteceu pode ser tão interessante quanto o que aconteceu. Veja o basquete, ou o vôlei. A graça está na concretização do ponto, o time que desperdiça essas oportunidades estará fatalmente condenado a derrota. No futebol, não. Os times que criam muitas oportunidades, e por vezes, perdem muitos gols, são mais festejados do que aqueles mortíferos, que atacam para fazer o gol, apenas. Um 4x0, construído em 4 chances de gol, terá menos charme, ou chamará menos a atenção do que um 3x1 em que o time teve 14 chances de balançar as redes. A bola na trave, o milagre do goleiro, aquela bola que passa em frente ao gol sem ninguém para empurrar... elas tem tanta graça quanto o gol. Principalmente a grande jogada que não entrou por um senão. Os quatro quase-gols antológicos que Pelé não marcou na Copa de 1970 são mais lembradas que os quatro gols que ele fez nessa Copa. O gol é o fato consumado do jogo,

A primeira vitória de uma geração

Voltamos ao Mundial de Basquete de 2002, realizado em Indianápolis, porque lá se consolidou a minha paixão por esse esporte - estranha paixão, maior pelos jogos de seleção do que pelos jogos da NBA. O Brasil vivia então os fragmentos da geração pós-Oscar. Um grupo com jogadores experientes como Helinho, Demétrius, Rogério, Sandro Varejão, que passavam longe de serem brilhantes. Um time que rodava a bola muitas vezes, estourava o seu limite de 24 segundos sem arremessar e dependia de Marcelinho Machado, o chutador que assumiu o trono de Oscar. O técnico Hélio Rubens também levou alguns jogadores jovens, que beiravam os 20 anos ou menos, como Leandrinho, Anderson Varejão, Guilherme Giovanoni, Thiago Splitter. Jogadores que precisaram assumir a bucha naquele time inconsistente, que sofreu para vencer Porto Rico, Angola e Turquia, foi massacrado por Espanha e Iugoslávia e perdeu para a Argentina no primeiro mata-mata, nas quartas de final. A Argentina, comandada por Ruben Magnano, era

Djokovic x Murray x Nadal x Federer

Enquanto Novak Djokovic e Andy Murray duelavam pelas quartas de final do US Open, na noite de ontem, em uma partida que tendia ao infinito, pude chegar a conclusão: Djokovic e Murray fazem os jogos mais enrolados do tênis mundial. Os dois primeiros sets de ontem foram iguais aos dois primeiros sets da final que eles fizeram em 2012 no US Open, ou no Australian Open em 2013. As razões para isso, é que Murray e Djokovic são versões semelhantes do mesmo jogador. Os dois podem ser considerados ótimos exemplos do Power Baseline: o modelo de jogador que desde Ivan Lendl domina o circuito, com um jogo muito forte do fundo da quadra, onde o jogador se estabelece e distribui pancadas sobre o rival. A quadra dura também é o habitat natural dos dois. Djoko e Murray vão um pouco além disso: são dois dos melhores defensores do circuito mundial. Correm de um lado para o outro, não se cansam e transformam winners adversários em devoluções mortais. É o típico jogo em que o saque não represe

O debate precisa mudar

Se há algo que este processo eleitoral deixa claro, é que os debates televisivos precisam mudar. Bem, na verdade essa é uma contestação que já vem de pelo menos oito anos, mas é sempre bom falar sobre isso. O debate não é uma espaço de confronto de ideias, no formato que as televisões seguem. Trinta segundos para pergunta, dois minutos para resposta, mais alguns segundos para réplicas ou tréplicas. O que dá para se discutir num tempo tão pequeno? Ainda com temas genéricos? Educação, é claro que todos querem que ela seja boa. Todo mundo quer que a saúde funcione. O debate é um show de "vamos fazer", "vamos construir", "o atual governo não fez". E o debate não deveria ser um confronto entre quantos leitos de UTI serão construídos. Há também, o espaço para os ataques pessoais. A hora mais esperada por todo mundo, a hora da baixaria, quando a falta de caráter alheia será discutida em público. Acrescenta pouca coisa. Penso que o debate poderia separar a