Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de setembro, 2012

20 anos sem Collor

O impeachment de Fernando Collor em 1992 é dessas lembranças que ficam claras na mente. Lembro de ter cinco anos e estar na casa da minha avó assistindo a votação dos deputados pela sua saída. Me lembro bem da vibração quando alguém votava sim e da reação negativa de quando alguém dizia ser contrário. Cada um que subia na tribuna para falar "não" ganhava automaticamente um carimbo de "corrupto na testa". Mas do que o dia em si, eu me lembro do período que antecedeu sua queda. Lembro daquele clamor popular pela sua saída, das pessoas de preto nas ruas e lembro da minha família, torcendo para que ele caísse. E não tenho dúvida, o clamor pela sua queda foi motivado pelo dia em que ele confiscou as poupanças, o que complicou a vida de muita gente. Por vezes, surge algum defensor de Collor que o classifica como um injustiçado, que nada jamais ficou provado contra ele e que ele foi derrubado pela mídia. De fato, a imprensa contribuiu para sua queda, da mesma forma

A Falta de Amor em Revolver

Os Beatles falavam apenas de amor. Romances bobos, declarações juvenis, histórias de amor. Tudo era amor. Mesmo nas melhores melodias. Yesterday era sobre amor. Mesmo nas melhores letras. Norwegian Wood era sobre um caso extra-conjugal, mas amor de alguma forma. Mesmo em temas mais amplos. In My life era sobre memórias, mas era sobre amor. The Word era sobre o amor universal, mas amor. Desta forma, não deixa de ser surpreendente que e1966 o amor convencional desaparecesse da vida dos Beatles. Algo que já havia aparecido no single Paperback Writter/Rain , vejamos, uma música de Paul sobre um novelista e outra de John, contemplando as maravilhas psicodélicas da chuva. E eis então, que Revolver começa com uma música irônica de protesto contra o pagamento de impostos, Taxma n. Impostos? Como um tema tão difícil é transformado em uma canção pop de três segundos, em que o Taxman se dispõe a taxar as ruas de quem dirige e os assentos, se você quiser sentar.  Na sequência temo

O Sino da Escola

Estava no trânsito, esperando uma brecha para acessar a Fernando Correa. Estava parado ao lado da escola da esquina, dentro do carro, distraído. Escutei aquele barulho, parecia uma sirene. Olhei pelo retrovisor, para os lados, em busca de uma ambulância, na expectativa de desobstruir o caminho. Notei que ninguém sequer desviou o olhar. Era apenas o sino da escola. Por algum motivo, o sino da escola é algo que ficou apagado da minha memória. Talvez sejam os anos da faculdade, de entrada livre em qualquer horário. Talvez seja apenas o acúmulo dos anos, quase oito anos longe de uma escola. Mas aquele sino soou como se eu nunca tivesse escutado algo parecido. Mas, sempre escutava. Mesmo que alguma vez já tenha perdido uma entrada, por estar longe e distraído. O sino fazia parte da rotina escolar. O sino que marcava o começo do dia, o sino do breve intervalo. O libertador sino da última aula da sexta-feira. Bons tempos. Ou não.

Andei Escutando (37)

Ben Folds – Way to Normal (2008) : Tenho a impressão de que aqui o Ben Folds tenta sair da melancolia da sua carreira solo para tentar voltar a fazer algo bem humorado, como na época do seu trio. O resultado é mais ou menos. Melhores : Cologne e Errant Dog Chico Buarque – Sinal Fechado (1974): Tenho certeza que Chico Buarque gravou este disco inteiro de covers só para colocar Acorda Amor , uma de suas mais cruas críticas a ditadura militar, no meio, dificultando a percepção da censura. Melhores: Acorda Amor e Festa Imodesta . Girls – Album (2009) : Veja só, o que é a natureza. Se fosse por esse primeiro disco do Girls, eu nunca mais procuraria nada da banda. Disco bem medíocre, com poucos momentos aproveitáveis. Melhores: Laura e Ghost Mouth . My Bloody Valentine – Loveless (1991): O My Bloody Valentine é uma das maiores farsas da humanidade. Anos e anos em que as pessoas falam sobre o grupo, sobre o shoegaze e tudo mais. Não dá pra negar que umas três canções são sen

Zanardi

Difícil falar isso, mas Alessandro Zanardi virou um personagem muito mais interessante depois que ele perdeu as pernas. Antes do terrível acidente que lhe vitimou as duas pernas, em setembro de 2011 na Alemanha, Zanardi era um piloto com uma passagem de sucesso na Formula Indy. Campeão duas vezes, resultados expressivos. Mas, o que pegava era seu desempenho na Fórmula 1, a categoria máxima do automobilismo. Uma passagem discreta no começo dos anos 90, quando era uma promessa, mas, correndo por equipes medíocres conseguiu apenas um ponto. Foi para os Estados Unidos e conseguiu dois títulos, 15 vitórias e a oportunidade de voltar para a Fórmula 1, ganhou uma chance na Williams. A Williams não era mais a potência de um pouco antes, mas tinha um carro competitivo. A grande dúvida, era se Zanardi repetiria o sucesso de Jacques Villeneuve, campeão nos Estados Unidos e na Fórmula 1, ou se repetiria o fracasso de Michael Andretti, também campeão nos Estados Unidos mas de pontos minguados

Guiding Light

As paraolimpíadas são sensacionais, é claro. Os jogos paraolímpicos mostram dia-a-dia exemplos de superação incríveis. O que você faria se não tivesse um braço, uma perna, a visão? Esses atletas poderiam ter escolhido ficar em casa reclamando da vida, mas foram a luta. As paraolimpíadas são para quem tem coragem. Destacar os nadadores, corredores, saltadores, jogadores, é óbvio, apesar de merecido, é claro. Mas se há alguém que sempre me chamou a atenção nessas competições, esse alguém é o guia dos cegos. Correr 100 metros em 12 segundos, 11 segundos é sensacional para um cego. Mas é sensacional para qualquer ser humano. Quantas pessoas no mundo conseguem correr 100 metros em 12 segundos? O guia é um atleta em potencial. Alguém que, talvez, se tivesse um treinamento adequado, poderia brilhar em uma Olimpíada. Mas não. Porque razões? Como ele chegou até essa situação? Ser um ótimo atleta que é um coadjuvante eficaz. Faz coisas sensacionais, mas não recebe nenhum reconhecimento, me