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Mostrando postagens de março, 2011

Andei Escutando (20)

Badfinger – Wish You Were Here (1974): A impressão é que o excepcional No Dice foi uma exceção na carreira do grupo de duração trágica. Mas, Wish You Were Here é um disco até agradável. O powerpop no estilo Beatles pré- Revolver é deixado de lado. O som parece ter mais influência do Rock Progressivo e da carreira solo de Paul McCartney. Pianos marcando o ritmo e refrões com vocais mais agudos. Melhores: Know One Knows e Dennis . Clube da Esquina (1972): Milton Nascimento, Lô Borges e amigos parecem ter se juntado para gravar duas dezenas de músicas que parecem ser de domínio público. Melodias tão familiares que a sensação é que elas sempre existiram. As letras também são muito boas, o melhor uso de figuras surreais na música brasileira que já ouvi. “Resistindo na boca da noite um gosto de sol”. Melhores: O trem azul e Paisagem da Janela . Creedence Clearwater Revival – Willy and The Poor Boys (1969): No geral o CCR faz discos bem parecidos, sem grandes variações de um para o

A chuva lá longe

Chove e chove. Chove como chove em Petrópolis. Nunca havia visto a chuva assim, por aqui. Pela janela do meu quarto eu observava aquela muralha de água nas mangueiras que fazem fronteira com o horizonte. Penso que a árvore cortada ali é que me impedia essa visão. Ou será que realmente nunca choveu assim, aqui? Estava lendo "Água Viva", Clarice Lispector. Travei com este livro uma verdadeira guerra civil. Lutei contra o fluxo interminável de pensamentos e o maldito "it" que volta a cada cinco páginas. Terminei o livro e me senti vitorioso. Três anos atrás, não aguentei ela dizendo que comia a própria placenta e que isto era it. Ou não, porque isto é outra coisa. O livro tem lá seu charme por ser um fragmento de um pensamento, algo que não teve começo, nem fim certo, é apenas um recorte. Mas cansa, e como cansa em alguns momentos. E essa chuva, não é chuva de verão. É chuva de inverno. Essa em que as gotas de água ficam balançando no ar.

Strokes. Eles ainda vão fazer alguma coisa?

Os Strokes não são mais uma banda de garotos. Seu disco de estréia, que os colocou como principal expoente da nova geração de bandas foi lançado 10 anos atrás. Um disco cru, responsável pelo rótulo de salvação do rock – porque era excepcional. Hoje, 10 anos depois, esse rótulo já caiu e a salvação não passava de ilusão. Dois anos depois da estréia os Strokes apareceram com Room On Fire , um disco obviamente decepcionante, mas que guardava um punhado de boas canções. Seria um disco melhor se não estivesse a sombra de Is This It? . Já First Impressions of the Earth começa de maneira espetacular e depois da faixa 5 é bem fraco. Mas, ainda existia a esperança de que, mesmo sem salvarem o rock, os Strokes poderiam ser uma banda de carreira sólida, com bons discos. O novo da banda, Angles , tira essa impressão por completo e dá a noção de que eles deviam pensar na aposentadoria para preservar o mito. O fato é: First Impressions já trazia algumas experimentações, mesmo que tímidas. Batidas

A chuva em mim

Resolvo ficar em casa e o sol aparece. Decido sair e escuto o trovão. Boto meus pés na rua e o vento aumenta. Chego à academia e o sol reaparece. Nos 40 minutos que fico lá dentro o clima parece desértico. Volto à rua e o sol se esconde. Logo começa a chover. A chuva esperava por mim. Começava a correr para escapar da chuva e ela para. Paro e caminho ofegante e a chuva volta. Aceito a condição e caminho para casa. E a chuva cai lentamente durante a minha volta. Boto meus pés em casa no instante em que ela para. Lamento e irracionalmente penso: hoje choveu para me molhar.

Hábito: resenha mental

Durante a faculdade, qualquer livro lido tinha um objetivo. Ele resultaria em uma resenha, em algum artigo científico, em algum trabalho. Pois, desde então, adquiri um péssimo hábito: faço resenhas mentais dos livros enquanto os leio. Começo a leitura me atendo a itens técnicos. No estilo, na história. Penso em uma abertura. Acho que não aproveito tão bem o livro. Uma pequena tortura. Logo então, comecei a fazer esse blog. E aqui resenho discos, livros, ainda que em textos curtos. Tentarei me livrar desse hábito, talvez me internando. E em breve, falo sobre os livros da faculdade.

Árvore

Nunca subi em árvores. Seria uma prova de que eu não tive infância, junto com o fato de que eu jamais soltei pipas. Mas, minto um pouco quando digo que não subi em árvores. Posso não ter escalado grandes troncos e me pendurado em galhos altos e perigosos. Mas me lembro de um pequeno cajueiro de tronco torto, que eu conseguia subir. Pouca coisa. E de uma árvore na calçada, com tronco bifurcado, na qual eu conseguia subir no primeiro galho. Uma árvore pequena, recém plantada. E que cresceu com o tempo, hoje ela se posicionava estrategicamente protegendo a janela do meu quarto do sol da manhã. Pois, cortaram-a. Por sabe-se lá que motivo. Um instinto devastador da minha tia que abateu as árvores da calçada. Vejo seu tronco e seus galhos fatiados na rua e me lembro da árvore que eu nunca subi. Ou, que talvez eu tenha subido um pouco. Não sei afirmar tecnicamente. O sol agora bate forte na minha janela.

Andei Escutando (19)

Badly Drawn Boy – The Hour of the Bewilderbeast (2000): Um disco de excessos. Muitos instrumentos e muitas músicas. Não há fôlego para 18 canções. Cortasse meia dúzia de bobagens e seria um disco bem mais interessante. Melhores: Camping next to water e Another Pearl . Billy Bragg – Talking With the Taxman about Poetry (1986): As letras têm teor político/social e o estilo voz/guitarra de Billy Bragg unido ao eco (prova de que sim, esse disco é dos anos 80) cria um clima de sarau de estudantes de ciências sociais. Melhores: The Passion e There Is a Power in a Union . Creedence Clearwater Revival – Green River (1969): É um bom disco. Não tenho criatividade para falar sobre Creedence. Melhores: Wrote a Song for Everyone e Lodi . The Black Keys – The Big Come Up (2002): A estréia da minha mais recente banda favorita é puro blues/rock tosco. Melhores: Countdown e The Breaks . The Brian Jonestown Massacre – Thank God for Mental Illness (1996): O estilo do disco é mais parecido co