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Mostrando postagens de 2024

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Ranking de Segundos Pilotos

Dia desses caí em um vídeo no qual os jornalistas Flávio Gomes e Fábio Seixas debatiam qual era a maior disparidade entre um primeiro e um segundo piloto da história da Fórmula 1. Gerhard Berger, Rubens Barrichello, enfim, qual seria o piloto que viveu as dores e delícias de ser coadjuvante de um campeão, qual deles seria o mais desprezível? Não lembro qual foi a conclusão deles, mas resolvi fazer uma análise de dados. Primeiro criei um critério de seleção. Para entrar nessa lista, o primeiro piloto precisa ter sido campeão por duas vezes tendo o mesmo companheiro ao seu lado. É importante, não pode ter visto seu adversário como campeão, o que eliminaria as linhas de dois pilotos. Dessa forma, chegamos a oito duplas.  Resolvi analisar três dados: retrospecto no grid de largada, retrospecto na linha de chegada e pontos somados enquanto os dois estiveram juntos. Vamos às oito duplas, em ordem cronológica. Jackie Stewart e François Cevert Tricampeão do mundo, o escocês Jackie Stewart este

Faixa-a-faixa de Shaka Rock, o último disco do Jet

 Ou: analisando um dos piores discos da história Com origem na cidade de Melbourne, o Jet foi um dos destaques do novo rock, como convencionou-se chamar a leva de bandas nascidas no início dos anos 2000, que em geral faziam um revival de sons mais antigos. No caso do Jet, sua influência mais óbvia eram seus conterrâneos do AC/DC na pegada Hard Rock. Mas Rolling Stones não outra influência clara - nos rocks e nas baladas, além do Oasis - principalmente nas baladas. O primeiro disco do grupo, Get Born , era muito bom. Nada de muito inovador, mas uma coleção de riffs e refrãos pegajosos, expondo uma nova geração ao headbang. Na sequência, Shine On  decepcionava, mas ainda tinha seus pontos positivos. Em 2009 eles colocaram ao mundo Shaka Rock , seu terceiro e último disco. Uma bomba sem tamanho, uma coleção de músicas pouco inspiradas com algumas francamente ruins. A primeira faixa K.I.A. (Killed in Action) é uma crítica rasa ao consumismo em que uma guitarrinha aqui e ali tentam dar o to

Trilhos Geográficos

 Ou, as referências citadinas no primeiro disco da banda The Thrills. The Thrills é uma banda que surgiu no começo dos anos 2000 em Dublin, na capital da Irlanda. Entre 2004 e 2007 o quinteto lançou três discos, três pequenas pérolas pop que, ao contrário do que poderia se esperar de irlandeses, não cantam sobre cerveja escura, bebedeiras em pubs e dias chuvosos. Liderados pela voz anasalada, por vezes fanha, de Conor Deasy, The Thrills é fortemente influenciado pelo som pop psicodélico da Costa Oeste norte-americana nos anos 60. Não a toa, seus integrantes moraram alguns meses em San Diego, na California, antes de darem forma a banda. Mas, não podemos esquecer que no fundo eles são irlandeses, então em vez do pop ensolarado da Costa Oeste, eles fazem um pop psicodélico chuvoso, de jovens dublinenses que gostariam de estar na Califórnia. Seu primeiro disco, So Much For The City , é o melhor de todos. A melancolia transborda por todos os lados, mesmo nos momentos mais felizes. E enfim,