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Mostrando postagens de outubro, 2010

Andei Escutando (15)

Ash – Nu-Clear Sogns (1998): O Ash sempre mistura o rock pesado com baladas açucaradas. Se dá bem e mal nas duas frentes. Alguns rocks são empolgantes, outros constrangedores. Tão constrangedor quanto algumas baladas são – por outro lado, outras são sensacionais. Na média, a banda é bem isso... média. Melhores: Folk Song e Wild Surf . Cold War Kids – Robbers & Cowards (2006): Uma banda de rock com bastante influência do gospel e ritmos com percussão. Baixo forte, teclados e tambores. Do meio dessa confusão, saem algumas músicas boas e outras que talvez soem melhores caso você seja uma pessoa que usa camisa regata branca e sandália. Melhores: Hang me up to dry e Saint John . Dead Kennedys – Plastic Surgery Disasters (1982): É tudo uma questão de tempo. Esse disco soa menos irônico. O humor negro e politicamente incorreto que sugeria a morte dos pobres foi deixado de lado, para um protesto mais politizado. Sem essa ironia, os Kennedys perdem muita da sua graça. O EP In God We

As ruas pelas quais ando

Quando eu estava na quinta-série, adquiri o hábito de voltar a pé para casa do colégio. Andava a longa rua de terra inabitada. Era um hábito solitário, que durava entre 15 e 20 minutos. Foram sete anos com o mesmo trajeto de 1,5km. Durante a maior parte do trajeto, eu escutava apenas os meus passos. Acompanhei a construção de algumas casas, a reforma de outras. A fila do INSS, o movimento no bar. Gostava de admirar a beleza do azul, um profundo azul, no céu durante o outono. A ausência das nuvens e o contraste do topo das mangueiras, verdes, bem verdes. De ver os aviões que passavam e desapareciam no fim do céu. Sempre demorava um tempo razoável, um tempo que servia para refletir sobre o dia, a vida e tudo mais. Quantas vezes não me senti nostálgico? Era uma caminhada inspiradora. Quando entrei na faculdade, o trajeto mudou um pouco. Demorava um pouco menos, mas também era cotidiano. Descia do ônibus, atravessava a avenida e começava. O movimento dos correios, o campo vazio onde os men

Veja e Carta Capital

Meu respeito pela Veja foi caindo aos poucos. Pelas capas sempre bizarras e forçadas. José Serra com a mão no queijo, Lula com os "ll" de Collor... Difícil citar uma pior, visto que toda semana éramos presenteados com um atentado ao bom-senso. As colunas forçadas e doentias do Diogo Mainardi (alguém ainda aguenta ler aquelas comparações do tipo "Os Irmãos Karamazov da Asa Sul de Brasília"?). Os textos adjetivando e negativando as pessoas, como se fosse a mais neutra das opiniões. No dia em que Reinaldo Azevedo escreveu uma coluna defendendo a postura da imprensa no pequeno espetáculo midiático que foi a morte de Isabella Nardoni (sim, a imprensa devia mostrar o apartamento o dia todo. As pessoas que estavam ali, foram por livre e espontânea vontade. As críticas vêm daqueles que querem controlar a imprensa) eu parei. Sim, parei. De vez em quando ainda dou uma olhada na parte de cultura, ou na entrevista curtinha e bizarra do começo da revista. Mas passo longe de qual

Pequeno conto dramático-apocalíptico

Vi cachorros, andando com passos firmes. Todos iam na direção contraria da qual eu ia. Na minha direção, vi apenas pessoas que carregavam balões como se carregassem suas vidas. Vi folhas que corriam pela rua, pedaços de papelão espalhados pelo asfalto. (Ou então: passei por quatro cachorros, por mais pessoas do que costumo passar. E parecia que estava ventando muito forte. Mas, quando desci do carro, ventando não estava).

Sonhos

Tinha 2 anos, aproximadamente, e estava no banco traseiro da Panorama do meu pai. Ele desceu para fechar o portão e o freio de mão falhou. O carro desceu rua abaixo e ficou parado num barranco, meio pendurado. A porta trancada fez com que demorasse muito tempo para que eu fosse tirado. Quanto tempo eu não sei, afinal, eu tinha 2 anos, mas pareceu uma eternidade. Essa é a memória mais antiga, que eu me lembro de ter. Lembro de estar engatinhando próximo a um cachorro também, mas não sei se é realmente uma lembrança real, ou adquirida por fotos. Mas o fato do carro me acompanhou. Durante anos, toda noite eu sonhava estar no banco de trás de um carro que andava sozinho. Geralmente na Avenida do CPA - acho que era a Avenida pela qual eu mais passava - na altura em que hoje se encontra o Comper. Às vezes, o carro estava sozinho, às vezes meus pais sumiam do nada. Geralmente era um sonho em primeira pessoa. Não sei quantas vezes eu tive esse sonho, foi o sonho mais recorrente em minha vida.

Dúvida Cruel

Dilma e Serra, Serra e Dilma. O governo do PT tem seus méritos. Chamam de assistencialismo barato, mas ajudou algumas pessoas - mesmo eu tendo certeza de que não é o ideal. Mas a economia brasileira parece mais tranqüila do que no governo FHC - falo por achismo. Mas eu não gosto da Dilma. Não vejo nela nenhum potencial de comando. Não gosto do PT, pelos problemas políticos em que se envolveu, problemas esses que pareciam distante do Partido dos Trabalhadores. Mostraram-se iguais aos outros. Inclusive na sanha pelo poder. As recentes declarações de Lula, Zé Dirceu contra a imprensa me enojam. Mas do outro lado temos o Serra e o PSDB. Eles mesmos, que estavam no poder nos 8 anos anteriores. Me lembro da movimentação para que Lula fosse eleito e tirasse o PSDB do poder. Da alegria com o resultado. Da esperança. De um lado, o PT é aquele que matou a esperança. Do outro, o PSDB é aquele que nunca a fez nascer.

Reflexões sobre as eleições

Algumas análises de alguém não tão entendido. - Talvez "coronelismo" não seja o melhor termo, mas Mato Grosso vive no império de Blairo Maggi. Mauro Mendes conseguiu vencer em Cuiabá e Rondonópolis (particularmente surpreendente) e teve bons números em Sinop e Várzea Grande. Mas no interior remoto, sua derrota foi massacrante. A explicação? Nas cidades menores onde um líder político se faz influente, os votos são mais amarrados. E o grupo de Silval/Maggi domina essas regiões. - Eu pelo menos, acho o segundo turno uma alternativa mais democrática. - Mauro Mendes teve uma ascensão surpreendente. E surge como principal rival de Maggi. Não que seja absolutamente bom, são pessoas de perfis parecidos. Mas é inegável que uma oposição é necessária. Nos próximos 4 anos ele precisará se aproximar dessas lideranças do interior. Não adianta ganhar Cuiabá para chegar ao governo. Cidades em que Silval ganhou em vermelho. Cidades em que Mauro ganhou, de amarelo. - A vitória de Maggi no Sena

Andei Escutando (14)

Belle & Sebastian Write About Love (2010): Mais do mesmo na carreira do B&S. Muitas historinhas, músicas animadas – será adjetivado de fofo, por aqueles que não têm vergonha de utilizar a palavra. O grande destaque é a participação de Norah Jones na melhor faixa do disco. Melhores: Little Jou, Ugly Jack, Prophet John e Calculating Bimbo . Built to Spill – Keep it like a Secret (1999): As descrições sobre a banda trazem a relevante informação de que Doug Martsch tem uma voz singular. De fato, não dá pra negar. Mas sua voz não atrapalha e até combina com as músicas, guiadas por guitarras. E não, não é apenas barulho. Melhores: Carry the Zero e Time Trap . Chico Buarque de Hollanda, Volume 3 (1968): Impossível não admirar pelo menos meia dúzia das letras deste disco. Suas figuras, suas metáforas. E toda a genialidade de Roda Viva . Melhores : Roda Viva e Ela Desatinou . Dead Kennedys – Fresh Fruit for rotting vegetables (1980): Em alguns momentos, o som é tão tosco, que