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Mostrando postagens de dezembro, 2015

Grilo

O grilo, sempre simpático, sempre falante, apareceu na nossa sala, sobre o ventilador. Precisamos tirar esse grilo daí, ele precisa voltar para o jardim. Chegamos perto do ventilador e o grilo se virou para nós e levantou suas assas. Esse grilo não está para brincadeira. Ele seria capaz de matar uma pessoa. Muita sacanagem fez Deus a jogar milhares deles sobre o povo egípcio. Mas o grilo não pode ficar aí. Jogamos um pouco de veneno no grilo. Ele fica meio tonto e conseguimos jogá-lo para fora. Pouco depois vemos ele subindo a parede. Uma máquina. Uma máquina mortífera. Mais tarde vemos o grilo agonizando até a morte. O veneno não o mata instantaneamente, mas sim lentamente. Ele treme e pouco depois morre. Que morte horrível. Por que fizemos isso? Me sinto um ser humano predador da natureza e vou dormir com peso na consciência.

Museu da Língua Portuguesa

Em setembro de 2007 eu estava de férias em São Paulo e fui ao Museu da Língua Portuguesa com um tio e uma prima. Não sei se tinha muita expectativa em visitar aquele prédio histórico com um museu que homenageia algo tão intangível quanto uma língua. Sei que tive uma experiência moldadora de caráter lá dentro. Primeiro na exposição temporária, sobre Clarice Lispector, que me deixou espantado com dezenas de frases e me levou a comprar um livro dela que eu li com muito esforço. O impacto das frases de Clarice Lispector naqueles paredes permanece maior em mim do que qualquer livro ou post de Facebook. Descobri várias coisas lá dentro, naquele ambiente interativo. Uma visita ao Museu da Língua Portuguesa me valeu tanto conhecimento sobre o assunto quanto alguns anos de colégio. Deveria ser uma visita obrigatória para alunos de escolas públicas. Voltei até lá uma outra vez, em 2014. Antes de que o prédio fosse consumido pelas chamas. O prédio pode ser reconstruído, a maior parte de seu

Bwana

Bwana era uma Força da Natureza. Aquele pequeno filhote que chegou aqui em casa sem nome e que cabia em uma mão logo cresceu e passou a ser capaz de mover vasos, arrancar árvores, roer canos, mover o eixo do planeta. Bwana tinha força para atravessar a piscina, caçar folhas em poças de água, pular muros e portões, rastrear qualquer presença de pão de queijo em um raio de dois quilômetros. Aos poucos, a idade foi chegando e toda essa força foi se dissipando. Até que hoje sua energia terminou. Foram doze anos desde que Bwana chegou aqui em casa e desde então nossas vidas não foram mais as mesmas. Eu era um estudante de 2º ano do Ensino Médio, que nunca mais entrou na piscina sozinho. Entrei na faculdade, me formei, me casei. Mas Bwana foi uma presença tão forte por aqui, que parece que ela sempre existiu e sempre existirá, com seu melancólico, esperançoso e companheiro olhar de labrador.

Rogério Ceni

Como quase todo são-paulino, vivi uma relação de amor e ódio com Rogério Ceni até um certo dia de dezembro de 2005. Certo que qualquer resquício de ódio já havia desaparecido com a conquista da Libertadores e sua comemoração extasiada em campo, dizendo que poderia ir embora, que nada mais importava a partir daquele dia. Mas a final do mundial de 2015 foi marcante. Até então, Rogério Ceni era o goleiro artilheiro, de boas defesas, algumas falhas, muita marra e poucos títulos. O cara zoado por se ajoelhar em lances cara-a-cara com o adversário. Que viveu um mau momento ali em 2001/2002 - curiosamente quando fez parte do elenco campeão da Copa do Mundo, que falhou no jogo que eliminou o São Paulo contra o Once Caldas na semifinal da Libertadores de 2004. Era também o cara que fez milagres em alguns jogos do Campeonato Brasileiro de 1999 - contra Grêmio, Inter e Ponte Preta (na fase de classificação e também em um mata-mata surreal). Do gol de falta contra o Santos no Paulista de 2000.

Uma temporada que prometia e foi sofrível

Terminado o ano de 2015 para a Fórmula 1, só resta uma comemoração: a de que terminou. Escrevi após a primeira corrida do ano que a temporada prometia ser sofrível e a expectativa se confirmou com sobras. Creio que 2015 foi uma das piores temporadas da Fórmula 1 que eu já assisti. A Mercedes fez um carro amplamente superior a concorrência, como fizeram a Ferrari em 2004 e 2002, a Williams em 1992 e 1993 e a McLaren em 1988, ou mesmo a Red Bull de 2011 e 2013. Mas em 2002, 2004, 2011 e 2013 as outras equipes conseguiam incomodar em determinadas situações e não vimos em Rubens Barrichello e Mark Webber, pilotos comparáveis a Nico Rosberg, a facilidade para andar na frente do resto dos pilotos. Em 1992 e 1993 a Williams era muito superior e faria dobradinha em todas as 16 corridas da temporada, mas os carros sofriam mais com problemas mecânicos, possibilitando algumas zebras históricas e disputadas nas posições intermediárias. O atual domínio da Mercedes só é comparável a McLaren de 1