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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

Rodrigo

Quando eu era um aluno de pré-escola lá nos idos de 1993 no colégio Patronato Santo Antônio, um dos meus colegas de sala se chamava Rodrigo. Era um de tantos ali, junto com tantos outros colegas que sabe-se lá aonde passaram. Rodrigo era diferente. Rodrigo reprovou na pré-escola. Não sei dizer se alguém reprova na pré-escola ou se ele simplesmente não é aprovado, não está preparado para entrar no fabuloso mundo da primeira série. Durante as aulas, a professora passava vários exercícios na lousa, coisas de quem está sendo alfabetizado e alguns copiavam mais rápido, outros mais devagar. Havia uma competição para ver quem terminava primeiro, mas todos sabiam quem seria o último. Seria o Rodrigo. As pessoas se irritavam com ele, ele não era legal, ele atrapalhava a aula. A professora perguntava porque ele não copiava mais rápido, ele respondia que ele preferia ir devagar. Talvez ele tivesse dislexia, déficit de atenção ou alguma dessas coisas. Mas o fato é que ele reprovou e esse mit

Discos da minha vida 1 - Abbey Road

Você tem 14 anos e pela primeira vez na vida começa a ter alguns amigos. Gosta de alguma garota, mas prefere nem pensar nisso porque sabe que jamais seria correspondido e a dor da rejeição seria maior que qualquer coisa. E isso aqui não é um roteiro de filme besta, é a vida real, você não pode fazer nada. O ano está próximo do fim e você começa a sentir saudade das coisas que nunca viveu. O que te sobra? Escutar Oh! Darling e tentar expulsar todos os seus demônios internos juntos com os gritos de Paul McCartney. Abbey Road sempre será um disco atual e em meados de 2001 era o único disco dos Beatles existente aqui em casa, sei lá porque motivos. Até hoje ele tem um selo na parte de trás, quase apagado, indicando que ele custou R$ 8,90. Inacreditável. Vivia com os Beatles uma relação normal, como a de qualquer cara que sabe alguma coisa no mundo. Sabe que eles eram famosos, que John era o revoltado e Paul era o romântico e mais um monte de informações que você não tem certeza de

Alta Fidelidade

5 Diferenças entre o livro e o filme: 1) O personagem principal se chama Rob Fleming no livro e Rob Gordon no filme. 2) No livro não há nenhuma cena em que Rob pergunta se Laura faz isso com ele, porque ele é fã de Supertramp. 3) Ian (Ray), não vai na loja de discos tirar satisfações com Rob. 4) Rob e Laura não chegam a fazer sexo dentro do carro após o velório do pai, no livro. 5) A banda de Barry (Jack Black) não toca Let's Get It On do Marvin Gaye. Fora isso, o livro é ainda mais undeground, citando bandas ainda mais desconhecidas do que as que são citadas no filme. E Rob é um pouco mais babaca no livro, talvez pelo fato de que os pensamentos dele são mais expostos. Mas isso não tira os méritos da adaptação cinematográfica. Ela capta o espírito do livro e isso é o mais importante num roteiro adaptado. Assisti "Alta Fidelidade", o filme em algum momento do ano de 2008. Estava no começo de namoro e depois disso gravei um CD para minha namorada, inspirado nas fit

Tangos e Tragédias

Em algum momento perto da virada do século eu fui com minhas primas ao teatro da UFMT aqui em Cuiabá para assistir um espetáculo. Não sabia do que se tratava, Tangos e Tragédias era o seu nome. Eles já haviam ido no Jô Soares, me diziam. Não me lembrava. Uma prima minha já os havia visto em Porto Alegre. Aliás, eles eram do Rio Grande do Sul. Fui sem tanta confiança e me sentei lá pelo fim do teatro. Bem, não deixava de ser interessante ir em alguma coisa em Cuiabá, não era sempre que alguma coisa acontecia por aqui. Bem, se hoje já tem pouca coisa, imagina como era anos atrás. Logo me diverti com a cara de maniaco de um dos dois músicos, que parecia ser o coadjuvante. Me diverti imensamente com as aventuras do Reino da Sbornia, que era grudada ao continente por um istmo e onde se dança o Copernico (e é preciso pescoço para conseguir dançar). As músicas se gravaram no meu inconsciente e mesmo sem nunca mais ter tido qualquer acesso as canções gravei mais de meia dúzia delas no meu

O trânsito e a sociedade

Tenho cá pra mim que o trânsito é um reflexo da sociedade. Imagino que naqueles países, tipo a Noruega, com baixíssimos índices de corrupção, o trânsito deva ser uma maravilha. Que ninguém fure o semáforo na Noruega e que na Alemanha as pessoas sempre dão seta para entrar nas rotatórias. Em compensação, a Rússia, Índia e México têm um trânsito comprovadamente pavoroso. Assim como no Brasil. Creio que a ética de uma pessoa se reflete na maneira como ela dirige um carro. Vejo aquele cidadão que durante um congestionamento monstruoso resolve cortar caminho pelo acostamento. Não tenho dúvida que essa pessoa seria capaz de desviar a verba para a construção de um hospital contra o câncer infantil. Viajaria para a Disney com um avião da FAB e tudo mais. Vejo como dirigem os donos das últimas e possantes caminhonetes lançadas no mercado. Com aqueles veículos enormes, queimando óleo diesel e tentando passar pela direita, por cima e por baixo dos outros carros, dando farol sobre todos que at

Desapego literário

Quando você se aproxima do final de um livro, acaba sendo sugado até o fim. Um pouco pelo crescente do ritmo do livro, um pouco porque o movimento das páginas te mostra inconscientemente que o fim está próximo. Então você acaba. As ideias na cabeça, a reflexão sobre tudo aquilo. E então vem o momento de guardar o livro na estante. É sempre um momento difícil, praticar esse desapego literário. Por vezes, a vontade seria de ainda continuar olhando para o livro, para reforçar a reflexão. Mas ele vai pra estante, virar decoração.