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Mostrando postagens de fevereiro, 2011

Andei Lendo (3)

Futebol ao Sol e a Sombra, de Eduardo Galeano Tinha uma dívida com esse livro, que me forneceu algumas frases e exemplos para a minha monografia. Por falta de tempo, não o tinha lido por completo. Me surpreendi. Acho que teria me ajudado ainda mais no meu trabalho. Um livro até para quem não liga para futebol – que talvez entenda um pouco da magia na narrativa. O futebol ao sol – o que nos encanta e brilha. E a sombra – o que ninguém vê. As jogadas surreais. Há ainda um espaço para o futebol das trevas: a política. O Jornalista, o Escritor e o Aviador – de Aluízio Falcão Filho Ponto para o autor. O livro é uma bobagem assumida, despretensiosa. Admito que a narrativa levada em três vertentes – uma no passado, outra no presente e outra com os pensamentos do personagem principal – foi uma boa idéia. Mas, não precisaria da separação tipográfica, que subestima o leitor. Uma boa coleção de informações sobre Santos Dumont, mas fora isso, é apenas uma fantasia do autor que se projeta no protag

Sobre o último do Radiohead

Todo fã de Radiohead é um sofredor. Sonhamos com Karma Police , Fake Plastic Trees e Creep . Acordamos com The Gloaming e Idioteque . Escutamos as músicas difíceis trezentas vezes, mais do que faríamos com qualquer outra banda, para tentar achar alguma beleza nas músicas estranhas, com batidas desconexas e vocais prolongados. Tentamos interpretar as letras indecifráveis de Thom Yorke. Porque é difícil falar mal do Radiohead. Todos os adoram. Seus discos são modernos, refletem o tempo em que vivemos – dizem os críticos. Tempos desconexos, talvez. Seus shows são ótimos. Mas são ótimos, justamente por que assistir Paranoid Android é uma experiência épica, uma revelação divina. Não é para pirar nas batidas de In Limbo . Desde 1997 esperamos por um novo OK Computer , o que é óbvio, jamais acontecerá. É um disco de uma beleza ímpar, uma melancolia própria, um dos grandes discos dos anos 90 e da história. Mas o Radiohead sempre nos trazia algumas boas surpresas. Acredito que tenha sido sur

Nunca

Nunca conheci Sodré. Nunca conversei com ele. Apenas o via na sua banca de livros, que nunca comprei nem nunca parei para ver. Não sei de suas histórias, não sei de seus poemas, que nunca li. Sodré era tal qual o tio da xerox e a mulher da cantina, pessoas que habitavam o IL. Sodré morreu. Não me sinto triste com a notícia. Me sinto vazio. Com o despreenchimento de espaços de um cotidiano remoto, mesmo que ele não tivesse uma importância aparente.

Em um ritmo diferente

Quando Noel Gallagher deixou o Oasis, decretando o fim da banda, os membros restantes decidiram seguir em frente, deixando muitas dúvidas. Um ano depois eles anunciaram o estranho nome Beady Eye, o que indicava que alguma coisa realmente estava acontecendo. A principal dúvida era: Noel Gallagher sempre foi o líder criativo do Oasis e, por mais que os outros tivessem aumentado e qualificado sua participação nos últimos anos, Noel ainda era o responsável pelas melhores músicas da banda. Os outros quatro conseguiriam seguir em frente? Ou se perderiam? De certa forma a resposta para as duas perguntas é afirmativa. O disco de estréia o Beady Eye, Different Gear, Still Speeding é cheio de altos e baixos, carente de uma produção melhor. Faltou alguém para conter alguns excessos. O guitarrista Andy Bell é o único que tem experiência em liderar alguma banda relevante, no caso o Ride no começo dos anos 90. E ele se destaca em relação aos demais. Suas composições têm as melhores letras do grupo,

fragmento cambista

E ela sempre está lá, falando de justiça social, defendendo idéias que parecem utópicas. Pede ajuda para os que sofrem, os que passam fome. E ela então, revende ingressos pelo dobro do preço que pagou. Atitudes difíceis de serem compreendidas.

Andei Lendo (2)

O pequeno livro do Rock, de Hervé Bouehis A graça está justamente em ser um pequeno livro. Não é uma pesquisa aprofundada sobre a história do ritmo. Apenas um aficionado pelo gênero, que se através de quadrinhos lembra ano a ano de fatos históricos da música – não apenas do rock – muito pela sua memória afetiva. Claro, você pode achar que o autor fala muito do Serge Gainsbourg. Mas ele é francês, oras. Pode ter faltado alguém e com certeza, outra pessoa faria diferente. Mas é uma leitura rápida e divertida. Valeria a pena só pelas piadas com o Genesis (a banda, não a criação). The Beatles – A história por trás de todas as canções, de Steve Turner Faz uma grande viagem pelo universo dos Beatles. A evolução do grupo nas composições e as formas com que eles buscavam a inspiração. A história por trás de She Said, She Said , vale o livro. Taxistas, jornais, caminhadas no parque, piadas internas, multas no trânsito. Tudo virava música com o maior grupo da história – não discuta isso.

Decolagem

Sempre que vejo um avião decolando, me lembro da minha avó. Não que eu tenha uma boa metáfora sobre aviões, para explicar a vida. Não que minha avó tenha uma vida ligada a aviões, apesar de ter tido um irmão piloto. Eu era uma criança que gostava de ir a aeroportos. Gostava da longa viagem, dos muitos caminhos que levavam ao aeroporto - os mais curtos, sempre esburacados - e de ver as bagagens sendo despachadas, as pessoas indo para a sala de embarque e o avião decolando. E como tudo isso dava certo. Sonhei até em ser piloto de avião, meu primeiro desejo profissional. Mudei de idéia quando vi o vídeo de um primo de 2º grau que tirou o brevê. Jogavam óleo em cima do novato. A repulsa em ser banhado em óleo era maior do que a vontade de pilotar um avião, e eu desisti dessa loucura. Escolhi algo pior, o jornalismo. Mas, a minha avó. Numa época em que eu muito fui a aeroportos, várias vezes acompanhei a decolagem ao lado da minha avó. E ela sempre observava a posição da biruta. Para que la

No advento do fim

“Eram 18 horas e vinte e poucos minutos de uma sexta-feira em que poderia ou não chover, 28 de agosto. Foi nesse momento em que eu soube que o Oasis acabou.” Assim eu pretendia começar a escrever o que seria o então segundo texto deste blog. Que não foi para frente, não tinha idéia. Quando o Oasis acabou, era a minha banda preferida na atualidade. Mas eu já imaginava que o grupo estava acabando. Não digo que me surpreendi. Não tinha o que falar. Mas, agora acabaram os White Stripes. Soube disso há uns 10 minutos. Um conjunto que parecia ser daqueles que nunca acabariam, afinal, eram só dois. Ex-marido e mulher. Um que faz barulho na guitarra e a outra que dá uma paulada na bateria. Um grupo espontâneo, que não dá a idéia de sofrer no processo de composição. Ok, eu sei, o grupo não fazia nada junto há 2 anos. Mas parecia ser uma pausa para que Jack White se dedicasse aos seus projetos paralelos, incluindo o horrível Dead Wheater. Lembro-me quando escutei Elephant em 2003. Foi o disco q

Pulseira do equilíbrio

E ele me pergunta: onde poderia comprar uma pulseira do equilíbrio em Cuiabá. Falo para ele que é uma farsa e ele não acredita. Relata um amigo que começou a usá-la e melhorou. Falo que é verdade, que a própria empresa admitiu e mostro o resultado na internet. Frustro-o. Me impressiona como as pessoas podem acreditar que uma pulseira de borracha com uns selos holográficos pode mudar o equilíbrio mental, corporal de uma pessoa. É só um pedaço de borracha com uns selos, vendido a um preço exorbitante. E me impressiona como existem pessoas que dizem que melhoraram quando começam a usá-la. Me impressiona como os humanos criam expectativas sobre esses objetos. A pessoa se sente melhor, por conta dela própria. Mas não reconhece sua própria força e prefere eleger um pedaço de borracha. Imagino que seja o tal efeito placebo.

Andei Escutando (18)

Aimee Mann – Whatever (1993): O grande destaque do disco é a bela voz de Aimeé que carrega sozinha algumas belas baladas. Nos piores momentos, suas canções vão para um lado meio country com refrões poucos criativos. Melhores: I should’ve known e I could hurt you now . Bob Dylan – Nashville Skyline (1969): A primeira pergunta que você se faz ao escutar este disco é: O que aconteceu com sua voz, Bob? Sua tradicional rouquidão anasalada fica de lado e ele canta com um grave que ele jamais havia usado e jamais voltaria a cantar. Um disco de levado country tranqüilo, que não é brilhante, mas merece ser escutado com carinho. Melhores: I threw it all away e Tonight I’ll be staying here with you. Chico Buarque de Hollanda, vol. 2 (1967): O segundo disco do Chico é para aqueles que realmente gostam de samba. Me esquivo de descrevê-lo. Melhores: Quem te viu quem te vê e Televisão. Creedence Clearwater Revival – Cosmo’s Factory (1970): Um disco de rock ‘n’ roll de acordo com as origens