Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de agosto, 2021

O absurdo da existência humana no tanque de um Corolla

 Paro para abastecer o meu carro é há uma pequena fila no posto de gasolina. Após um breve período de espera, chego na bomba, abro o vidro do carro, desligo o motor e destravo o tanque de combustível. Atrás do meu carro passa um frentista comentando com os colegas que "deu 230 reais pra encher o tanque de um Corolla. Nunca vi isso". O preço do combustível é algo do qual, por vezes, não faz bem se informar. É um negócio que você tem que fazer, não tem jeito, então é melhor só ir abastecer e pronto. Mas, não tem como não sentir o aumento dos preços, como por vezes não perguntar se o frentista não esqueceu de desligar a bomba espalhou combustível pelo chão equivocadamente. Voltando ao referido frentista do referido dia, após comentar sobre o preço do tanque do Corolla, ele se sentou em um cadeira, abaixou a máscara e ficou fitando o vazio. Colegas foram perguntar para ele "o que aconteceu japonês?" e ele repetiu "deu 231 pra abastecer um tanque de um Corolla. 50 l

Carona Siberiana

O relógio marcava 19h e eu ia sair de casa. Abri a porta, fechei, tranquei e me dirigi ao meu carro. Logo que avistei a rua, percebi que um carro estava parado em frente a minha casa, impedindo a minha saída. Era um carro branco, desses sedãs modernos. Estava ligado, com os faróis acessos, vidros abaixados e ninguém no volante. Apenas um cão, um husky siberiano sentado no banco do carona, me encarando. Fiquei olhando para o cachorro e ele olhando para mim. Cheguei a cumprimentá-lo. Minha cabeça tentava processar esta cena de filme, sobre o que um cachorro estava fazendo ali, parado sozinho dentro de um carro ligado em frente a minha casa, olhando para mim. Claro, não foram mais de 10 segundos até que eu percebesse que havia uma mulher conversando com a dona de duas casas abaixo da minha e menos de outros 10 para que ela viesse correndo, pedindo desculpas e avisando que havia parado em frente da casa errada. Ela entrou no carro, apenas engatou a marcha e partiu com o cão no banco do car

21 medalhas, 21 histórias para eternidade

 1) Precisamos falar sobre o Kelvin. O excluído do rolê que, enquanto ainda estávamos nos familiarizando com o skate nas Olimpíadas, acertou uma manobra sobre um corrimão que garantiu a primeira medalha brasileira em Tóquio. 2) Daniel Cargnin foi a Tóquio para brigar, mais do que para lutar. Sempre parecia estar em desvantagem nas suas lutas, mas de alguma forma ele conseguia se manter em pé e encaixar os golpes que garantiram a manutenção da tradição do judô brasileiro nas Olimpíadas. 3) Há cinco anos, Rayssa Leal era uma criança que viralizou na internet fazendo manobras impressionantes no skate vestida de fadinha. Cinco anos depois, ela continua sendo uma criança, só que com uma medalha olímpica. Com 13 anos, Rayssa magnetizou o público no início da madrugada e se transformou na nossa mais jovem medalhista da história. Nas entrevistas pós-façanha, sua voz não escondia. Ela é apenas uma criança. 4) Fernando Scheffer precisou treinar em um açude para manter a forma durante a pandemia.

O choro da ginástica

Ginastas tem olhos tristes. Essa é uma maneira poética de falar que, na verdade, elas tem cara de choro. Olhe para uma ginasta prestes a executar sua performance. Os olhos franzidos, o semblante tenso, os lábios cerrados. Se ela pudesse, choraria naquele momento, mas as lágrimas ficarão para depois da apresentação. Tudo é meio triste na ginástica. Aquelas meninas jovens com seus corpos diminutos, com a necessidade de fazer uma força desmedida, mas mantendo uma graça e sorrisos forçados enquanto rodopiam e giram em tablados e obstáculos, uma imagem de juventude perdida. A pressão pelo erro. Poucos esportes convivem com o erro de maneira tão forte como a ginástica. Os erros geram punições em todos os esportes, mas há aqueles em que eles são raros, ou mera consequência da prova - o objetivo do salto com vara é que uma hora ninguém mais consiga acertar um salto. No judô, ou nos esportes coletivos, um erro só será punido se o adversário souber aproveitar. Já em outros, como os saltos orname