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O absurdo da existência humana no tanque de um Corolla

 Paro para abastecer o meu carro é há uma pequena fila no posto de gasolina. Após um breve período de espera, chego na bomba, abro o vidro do carro, desligo o motor e destravo o tanque de combustível. Atrás do meu carro passa um frentista comentando com os colegas que "deu 230 reais pra encher o tanque de um Corolla. Nunca vi isso".

O preço do combustível é algo do qual, por vezes, não faz bem se informar. É um negócio que você tem que fazer, não tem jeito, então é melhor só ir abastecer e pronto. Mas, não tem como não sentir o aumento dos preços, como por vezes não perguntar se o frentista não esqueceu de desligar a bomba espalhou combustível pelo chão equivocadamente.

Voltando ao referido frentista do referido dia, após comentar sobre o preço do tanque do Corolla, ele se sentou em um cadeira, abaixou a máscara e ficou fitando o vazio. Colegas foram perguntar para ele "o que aconteceu japonês?" e ele repetiu "deu 231 pra abastecer um tanque de um Corolla. 50 litros".

Permaneceu com o olhar perdido, encarando o absurdo da existência humana, o abismo da inflação, a falta de sentido em tudo o que fazemos, porque não há sentido em viver uma vida que exiga 230 reais para abastecer o tanque de um Corolla.

(PS: minha conta deu 160, o tanque do meu carro é pequeno. Mas tempos atrás, eu enchia meu tanque com gasolina e ainda levava mais uns 5 galões para casa com esse valor).

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