Ginastas tem olhos tristes. Essa é uma maneira poética de falar que, na verdade, elas tem cara de choro.
Olhe para uma ginasta prestes a executar sua performance. Os olhos franzidos, o semblante tenso, os lábios cerrados. Se ela pudesse, choraria naquele momento, mas as lágrimas ficarão para depois da apresentação.
Tudo é meio triste na ginástica. Aquelas meninas jovens com seus corpos diminutos, com a necessidade de fazer uma força desmedida, mas mantendo uma graça e sorrisos forçados enquanto rodopiam e giram em tablados e obstáculos, uma imagem de juventude perdida.
A pressão pelo erro.
Poucos esportes convivem com o erro de maneira tão forte como a ginástica.
Os erros geram punições em todos os esportes, mas há aqueles em que eles são raros, ou mera consequência da prova - o objetivo do salto com vara é que uma hora ninguém mais consiga acertar um salto. No judô, ou nos esportes coletivos, um erro só será punido se o adversário souber aproveitar. Já em outros, como os saltos ornamentais, um erro é diluído ao longo da apresentação e pode ser recuperado.
Na ginástica não. O erro estará distinguido e eternizado na nota divulgada. O atleta não é forçado ao erro por ninguém, o erro é de sua propriedade, não pode ser dividido por ninguém.
E eles acontecem. A busca pela perfeição leva os atletas ao chão a cada pirueta mal calculada, exagerada. Uma apresentação perfeita pode ser desfeita por uma aterrisagem equivocada.
Não é a toa que quase todas choram quando acabam. Choram de tristeza pelo erro, de raiva pelo erro, de felicidade pelo acerto, de medo do futuro, de dor. Todos tem cara de choro.
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