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Mostrando postagens de janeiro, 2010

Ninguém mandou

Foi notícia umas duas semanas atrás. A delegação da seleção togolesa de futebol estava se preparando para a Copa Africana de Nações. Ao entrar no território da Cabinda, área marcada por conflitos separatistas, sofreram um atentado. O ônibus da equipe foi metralhado. Ao final do tiroteio, que durou meia hora, três mortos, dois jogadores baleados, e todos em estado de choque. Enquanto se cogitava o cancelamento da competição na mídia internacional, um representante da CAF (Confederação Africana de Futebol) disse que o Togo deveria ter viajado de avião, conforme recomendação. Após discussões internas, o governo do Togo decidiu que a seleção devia voltar para casa e abandonar a competição. O resultado disso? Hoje a CAF anunciou que o Togo está suspenso das duas próximas edições da Copa Africana. Porque a Confederação não pode admitir interferência governamental na disputa. Funciona mais ou menos assim: a Confederação marca jogos na Cabinda, que poderia ser um equivalente da Faixa de Gaza o

Andei Escutando (6)

Bob Dylan – Together Through Life (2009): O ano de 1997 marcou o renascimento da carreira de Dylan. Time Out of Mind foi seu primeiro disco realmente bom em 20 anos. Depois de ter sido trovador, rebelde, pastor, caipira, e de alguns anos perdidos, tentando se adaptar aos tempos modernos, foi a partir desse disco que Dylan deixou de ser um personagem para ser apenas Bob Dylan. Desde então ele vem lançando bons discos e esse é mais um deles. Baseado nos sons tradicionais americanos e com um clima romântico. Dylan nunca pareceu tão satisfeito e tranqüilo. Melhores: Life is Hard e Beyond Here Lies Nothin’ . Nota: 7,75 Codeine Velvet Club (2009): O projeto paralelo de Jon Lawler (ou Jon Fratelli) é uma mistura de trilha sonora de filme do James Bond com música de cabaré francês. Ele divide os vocais com Lou Hickey (que eu sinceramente não sei quem é). Cada vez que ela canta é impossível não imaginar dançarinas de Cancã. Vale por realmente ser algo completamente diferente de sua banda of

O dia em que Narciso errou

O Santos sobrava em campo. Havia dominado o primeiro tempo e jogou melhor o segundo, até a metade e com isso garantia a vitória por 1x0. Nos minutos finais o time cansou. O técnico santista, Narciso, recuou a equipe e o São Paulo passou a pressionar em busca do empate. A pressão resultou no empate são-paulino, aos 40 do segundo tempo. A pressão continuou e os minutos finais foram de sufoco para a defesa santista. Narciso dos Santos foi um volante medíocre (mediano), jogador limitado. Mas virou um exemplo de superação, quando aos 28 anos descobriu que tinha leucemia. Teve um tratamento complicado, mas conseguiu voltar a campo, para jogar apenas uma partida. Foi aplaudido de pé. Não conseguiu voltar a jogar novamente, mas a figura humana se tornou notável. Aposentou-se oficialmente em 2005 e virou treinador das categorias de base do Santos. O erro de Narciso não foi recuar a equipe. São coisas do futebol. Narciso errou ao meio-dia, assim que o jogo acabou e ficou decidido que a Copa São

Coisa Estranha

Uma coisa estranha é quando você está lendo um site, uma revista, um jornal e de repente tem a impressão de ter visto uma palavra de relance. Só que você não tem certeza se realmente viu essa palavra. E essa dúvida fica na sua cabeça "essa palavra realmente está aqui?". E você fica tentando achar aquela palavra, por mais desinteressante que ela possa ser. Eu por exemplo, acabei de jurar que vi a palavra "Madonna" no site do Yahoo. Mas não tive certeza se realmente vi essa palavra, ou se ela foi fruto da imaginação. Lá quero saber da Madonna, mas fiquei procurando por ela no site. Não achei. Fico meio decepcionado quando isso acontece. Não sei porque. Lembrei depois que o Firefox tem a função do Ctrl-F. E realmente, a Madonna não estava lá.

Pisca alerta

Estava no começo da Tenente Coronel Duarte quando vi um ônibus quebrado, parado na faixa dos ônibus. Menos de 100 metros depois outro ônibus quebrado. Entrei na XV de Novembro e vi uma picape, Ford Ranger com a roda empenada e sendo empurrada. Seria a revolta das máquinas? Enquanto isso, passei a me lembrar dos meus sonhos. Nem sempre é bom. Tenho sonhos estranhos, que ficam repercutindo na minha cabeça ao longo do dia. Ultimamente sonhei com esportes estranhos, quedas, aparições fantasmagóricas e com o apocalipse. Eram bons tempos àqueles em que eu acordava sem me lembrar dos sonhos estranhos que tenho.

Do pé

Quando eu era pequeno havia um pé de amora na casa da minha tia. Eu sempre comia. Gostava das amoras quase roxas e doces. Era a única fruta que eu comia direto do pé. Tinha um pé de acerola, outro de pitanga, que eu achava azedos. Havia ainda um limoeiro, e meia de cajueiros. Até gostava dos três pés de goiaba, principalmente das, para mim, exóticas goiabas brancas. Mas dava muito bicho. O problema do pé de amora é que ele cresceu muito. Passou a ser impossível alcançar uma frutinha qualquer. E os pássaros dominaram o pé. Pegava uma amora e... lá estava ela, meio comida. Uma vez tentei comer amora que vendia no supermercado. Elas eram maiores e mais gordas. Mas eram azedas, insuportáveis. Devia ser um outro tipo de amora. E o pé de amora da casa da minha tia, um dia morreu. Ano passado acho. Mas eu já não ligava para amoras. Tanto que demorei um tempo para perceber a morte, e começar a sentir a falta nostálgica das amoras que eu não comi, e que não mais comerei.

Reconstrução

Luciano Hulk "copiou" por assim dizer, duas idéias de programas internacionais. Reformar carros e casas de pessoas. Em um caso, o resultado é bom e no outro é péssimo. O Lata Velha é o Overhaulin brasileiro. Pega o carro velho de alguém e o deixa novo. Existem diferenças no formato, é claro. O Overhaulin esconde a reforma do seu dono e faz ele acreditar que o carro foi roubado, apreendido. O Lata Velha costuma a escolher carros de pessoas mais humildes. Mas o resultado é ruim. Os carros ficam feios e monstruosos. Imagino que fiquei difícil para os beneficiados manter o carro depois. Carros com TV de Plasma, pintados de laranja, roxo, fosforescências. Fora as tunadas, as labaredas, a tinta com textura. O Overhaulin faz algo mais sóbrio. Mas o que me motivou a escrever foi o outro caso. O "Lar Doce Lar" se inspirou no Extreme Makeover, provavelmente. E estava a pouco vendo o episódio do Extreme Makeover. É uma bobagem. Já não bastasse o apresentador, Ty ser um ser inc

Top 8 Bandas que poderiam acabar

Antes que seja tarde demais. 1 Travis - O Travis teve seu grande momento na virada do século, depois de um bom disco de estréia e do ótimo The Man Who , que continha as melodias mais bonitas de 1999. Depois veio a queda. Invisible Band é bom, mas cansa. 12 Memories e Boy With no Name alternam grandes músicas com outras desprezíveis. E o último, Songs for J. Smith é absolutamente desprezível. Não há perspectiva para o futuro. 2 Foo Fighters - Dizem que a banda está realmente parada. E fazem bem. Depois de três discos muito bons, a banda pouco fez no novo século. Bons singles no geral, e discos inconsistentes. Sendo o último o pior de todos. Parece que Dave Ghrol cansou da banda, e agora os projetos paralelos são mais interessantes. 3 Jet - O disco de estréia é excepcional. O segundo é mais ou menos e o último é vergonhoso. O Jet devia acabar pra não passar mais vergonha. 4 Teenage Fanclub - Difícil contestar a história da banda. Lançaram quatros bons discos nos anos 90, e dois d

Riscos

Eu gosto de fazer riscos em papel. Quando me sinto ansioso, sem concentração, nervoso, triste. Pego um pedaço de papel qualquer que tenho pela frente e começo a fazer riscos. Podem ser retos, levemente circulares, seguirem algum padrão, ou ligarem o nada ao lugar nenhum. Não fazem sentido nenhum e não possuem nenhuma beleza específica. Mas me acalmam. Acabam por ser uma pequena obra expressionista.

Memórias futebolísticas (e esportivas)

Tenho muitas memórias relacionadas ao futebol. Não falo exatamente de lembrar de jogos que vi, ou que fui. Lembro de fatos da minha vida que aconteceram em dias de determinados jogos. Posso não lembrar exatamente a data, mas sei que jogo de futebol aconteceu nesse dia. Lembro do dia em que minhas tia se mudou, e voltou a morar aqui do lado. Foi em 1996. Dia em que Atlético PR e Palmeiras jogavam pelo campeonato brasileiro. O Palmeiras era o último time invicto do campeonato brasileiro, e foi enfrentar o Atlético PR que tinha Paulo Rink e Oséias no ataque, e fazia uma boa campanha. E enquanto os móveis eram descarregados na casa da minha tia, o Atlético PR fazia 2x0 e ganhava. O Palmeiras perdeu seu primeiro jogo. No dia em que eu fui aprovado no teste de seleção do meu colégio. Foi o mesmo dia em que o São Paulo ganhou do Barcelona e foi campeão mundial. Nesse mesmo dia eu tomei sorvete no Alaska e ganhei um campo de futebol de botão de presente. No dia do meu aniversário? O São Paulo

11 músicas especialmente tristes

Depois de escrever ontem sobre as músicas tristes, fiquei pensando nas músicas mais tristes que eu me lembrava. Não levei em conta músicas que fossem tristes sim, mas que pareçam apenas um descontentamento graças a uma noite mal dormida. Pensei sim, naquelas músicas que reflitam a dor na alma, de não estar satisfeito em estar na sua pele naquele momento. Pensando rapidamente me lembrei de 15 músicas. Das quais descartei quatro: Ocean Rain do Echo and The Bunnymen; tem uma beleza impar e um arranjo de cordas magistral, mas não é essencialmente triste. Dumb dumb dumb, do Teenage Fanclub; é uma letra melancólica, e uma música triste, não traz nenhuma angustia com a situação. Accused of Stealing, dos Delgados; há um certo clima de tristeza na música, mas a beleza está muito mais na cumplicidade ácida relatada na letra. Deckchairs & Cigarettes dos Thrills; é uma música de lamentação, com uma passagem triste. Mas também não tem angustia. Então cheguei a essa lista de 11 músicas, que cons

Músicas tristes...

... são infinitamente melhores do que as felizes. Não que não existam músicas felizes boas. Músicas alegres são boas, mas músicas sobre a felicidade são bobas. Não acrescentam em nada. É ruim compartilhar a felicidade dos outros. É muito melhor escutar Paul McCartney cantando "Seu dia nasce, sua mente dói, você descobre que todas as coisas legais que ela disse não fazem sentido, quando ela não precisa mais de você (...) E nos seus olhos você não vê nada, nenhum sinal de amor por trás das lágrimas choradas por ninguém" do que "Bom dia luz do sol! Eu preciso sorrir quando o sol aparece, eu tenho algo para sorrir. Me sinto bem de uma maneira especial, estou apaixonado e é um dia ensolarado". E isso no mesmo disco, o Revolver. Talvez porque sua felicidade não precise ser ajudada por uma música. Em um dia feliz você coloca qualquer música animada e vai escutar isso balançando a cabeça, sem se preocupar com o que ela diz. Nos dias tristes é diferente. Você precisa da músi

Cidades alagadas

Fui em Ilha Grande duas vezes na minha vida. A primeira vez em 1995 foi divertida. Me lembro especialmente da exótica praia de areia preta. A segunda vez em 1998 não foi tão legal. Depois de dois dias de um sol de rachar caiu um temporal que se estendeu por uns cinco dias. A luz acabou na cidade e só havia um restaurante com gerador, na época. Passei noites jogando buraco, até que a temporada foi encurtada. Não conheço bem a Ilha, nem o lugar da pousada que foi soterrada. Estive em São Luis do Paraitinga no ano passado, ou melhor, ano retrasado. É a cidade onde nasceu o sanitarista Osvaldo Cruz. É possível visitar a casa onde ele nasceu e cresceu. Mas, fora isso, é uma cidade bonitinha. De casinhas antigas e coloridas, entre a Dutra e Ubatuba. Agora lá está a cidade alagada. Destruída. Sem o requeijão famoso do lugar. É sempre impressionante ver essas imagens de alagamentos. E ver que a Igrejinha da foto abaixo, já desmoronou.

Três filmes bons que eu vi em 2009

Não gosto muito de escrever sobre cinema, porque acho que não tenho conhecimento suficiente para isso. Falo dos filmes apenas por ter gostado ou não, não achar que poderia ter feito algo melhor enquanto vi o filme. Não fui tanto ao cinema em 2009, como fui em 2008, por diversos motivos. Normalmente vejo filmes ruins no cinema. 1) Gran Torino Gostei, como geralmente gosto dos filmes do Clint Eastwood. Um filme duro. Há momentos engraçados, bonitos, violentos. Mas o detalhe do filme é que ele é muito triste. E o final, um pouco surpreendente e triste demais. E o velho Eastwood faz o papel característico dele: não mexe os lábios quando fala. 2) Se beber não case A comédia que eu mais ri em algum tempo. Tem momentos toscos, mas a velocidade do roteiro e as piadas - geralmente absurdas - são hilárias. 3) Bastardos Inglórios Não sou fã do Tarantino. Mas achei um filme ótimo. O general Hans Landa é um dos melhores personagens que já vi. Há um clima de tensão natural toda vez que ele aparece n