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Ninguém mandou

Foi notícia umas duas semanas atrás. A delegação da seleção togolesa de futebol estava se preparando para a Copa Africana de Nações. Ao entrar no território da Cabinda, área marcada por conflitos separatistas, sofreram um atentado. O ônibus da equipe foi metralhado. Ao final do tiroteio, que durou meia hora, três mortos, dois jogadores baleados, e todos em estado de choque.

Enquanto se cogitava o cancelamento da competição na mídia internacional, um representante da CAF (Confederação Africana de Futebol) disse que o Togo deveria ter viajado de avião, conforme recomendação.

Após discussões internas, o governo do Togo decidiu que a seleção devia voltar para casa e abandonar a competição. O resultado disso?

Hoje a CAF anunciou que o Togo está suspenso das duas próximas edições da Copa Africana. Porque a Confederação não pode admitir interferência governamental na disputa.

Funciona mais ou menos assim: a Confederação marca jogos na Cabinda, que poderia ser um equivalente da Faixa de Gaza ou do Complexo do Alemão. O time é metralhado. E é punido, afinal, devia ter viajado de avião e não podia ter desistido da competição. Que frescura, o governo tirar o time do torneio por conta de um tiroteio!

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