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Mostrando postagens de setembro, 2009

Lembranças do voluntariado

Cuba e Canadá faziam um jogo equilibrado e de pontuação baixa. Faltando 26 segundos para o final Cuba errou o arremesso e a bola estava com o Canadá. O jogo empatado em 45 x 45. As canadenses teriam, muito possivelmente, a última bola do jogo. A vitória valia a última vaga para o Mundial do ano que vem. O Canadá trabalha a bola sem encontrar espaço. No seu último segundo de ataque a bola caí na mão da pivô Aubry, na linha de três. Aubry é meio desengonçada e provavelmente acerta uma bola de três pontos por ano. Ela tenta o chute e acerta. A três segundos do fim da partida. Os cubanos lamentam e o técnico pede um tempo, para tentar armar uma jogada que possibilite uma bola de três, para empatar a partida e levar o jogo para a prorrogação. Algo que é possível em três segundos, apesar de difícil. No rosto cubano o desespero. Eu torcia pelas cubanas, ou pelos cubanos. Por conta de uma pessoa em especial. Todo dia o assistente técnico cubano, Eduardo Pardo, passava na sala de imprensa para

Se beber não case

Três amigos estão em um carro. Eles foram para uma despedida de solteiro em Las Vegas e não se lembram de nada do que aconteceu na noite. Só sabem que o noivo Doug desapareceu. Começam a procurar no carro alguma pista sobre o paradeiro do noivo. Descobrem um sapato perdido e uma camisinha usada, que ainda está úmida. Com nojo, a camisinha é jogada para lá e para cá até ser jogada pela janela. Eles acabam no acostamento. É quando escutam o barulho de alguém se debatendo no porta-malas. Pensam “é o Doug” e vão correndo abrir. Para a surpresa deles, não é o noivo e sim o um chinês de cuecas que pula e começa a aplicar golpes com um pé de cabra, para depois fugir. Essa é uma das boas cenas do filme mais engraçado que eu vi em algum tempo. O grande pecado é a tradução do título. “The Hangover” ou “A Ressaca” ganhou esse nome de comédia com Ashton Kutcher. Sim, é uma comédia com momentos de humor grotesco. Mas a grande graça são as cenas surreais (o que é o tigre no banheiro?), o politicamen

Ventiladores

Teoricamente o ventilador devia fazer o mesmo barulho, sempre. Mas não, o frio ou o calor alteram seu barulho. Nos dias frios, se você ligar o ventilador na velocidade mais fraca o barulho será ensudercedor. Será como se uma turbina de avião estivesse ligada dentro do seu quarto. Já nos dias quentes a velocidade mais forte parece um absoluto silêncio. Não sei se há lei da física para explicar isso, mas o barulho do ventilador é o suficiente para mostrar se ele está na velocidade certa.

Você percebe...

... que está ficando velho quando sai para jogar bola com os amigos e, apesar de, ter jogado só uns 15 minutos, acorda no dia seguinte como se tivesse sido caído de uma escada e depois atropelado por mamutes. Quando você tinha 16 anos, você podia ficar meses sem fazer nada, e não sentia nada. E também nessa época, você jogava futebol as 4 da tarde. Em Cuiabá. Em Setembro. 45 graus e 15% de umidade do ar. E você jogava e ainda voltava pra casa a pé, andando quinze minutos debaixo do sol. Hoje se você saí de casa no calor, quando volta para casa está com pressão alta, dor de cabeça, tontura. E... oras, você só tem 22 anos, ainda.

Calor

E há um momento em que faz tanto calor, mas tanto calor, que parece que o calor deixa de existir. Talvez seja uma defesa do organismo, talvez seja uma perda de sentidos. Ou talvez seja o corpo que começa a derreter. E assim você vai virando água, tal qual Sheilla Mello.

Capivara

Estava eu em algum lugar de Várzea Grande. A rua sem testemunhas. Foi então que eu vi, lá longe, depois do quebra-mola, um cachorro atravessando a rua. Normal, como todos os cachorros atravessam a rua quando eles querem. Mas o cachorro atravessava de um jeito esquisito. Ou melhor, atravessava do único jeito que se pode atravessar, mas ele andava estranho. O carro foi se aproximando e eu pensando "caramba, que cachorro estranho". Cachorro redondo, estranho demais. Quando o carro já estava próximo, percebi que aquilo definitivamente não era um cachorro. Mas o que poderia ser? O que mais atravessa a rua, que não seja um cachorro? Foquei os olhos no animal, e quando cheguei mais perto percebi: era uma capivara. Pensei "caramba, uma capivara!". Porque capivaras atravessam a rua, logo ali? Não sei. Mas havia uma capivaram em meu caminho, caminho pelo qual não mais passarei. E nenhuma placa me avisou.

Andei Escutando

Ben Harper – White Lies for Dark Times : Por mais que eu tente, imagino que jamais irei gostar do Harper. O disco tem até boas músicas como Number with no name e Skin Thin , e não faz mal. Mas não consegue prender minha atenção. Não é o meu estilo. Brendan Benson – My Old Familiar Friends: Esse disco, apesar de bom, não terá a capacidade de aumentar a polêmica entre os fãs sobre qual disco de Brendan Benson é melhor. My Old Familiar Friends passa longe do anterior Alternative To Love e também de Lapalco . Mas tem boas músicas, com destaque para You Make a Fool Out on Me , Don’t wanna talk e Misery . Jesse Malin – The Fine Art of Self Destruction: O nome do disco é genial, convenhamos. “A fina arte da auto destruição”. A música título também é interessante. Assim com um outro par de canções deste disco. ( Brooklyn e Queen of the Underworld) . O grande problema do disco é a voz do Malin. Sua voz não tem potência e carisma suficiente para encorajar o ouvinte a escutar mais de uma ve

Ensaio de texto sobre o basquete

Vez por outra um jogo de futebol é decidido no último minuto. Mas no último minuto mesmo, naquela situação em que depois não há tempo para um suspiro. Quando isso acontece em um jogo decisivo é a melhor das vitórias e a maior das emoções. No basquete é diferente. O jogo ser decidido no último minuto é algo que acontece sempre. E nos jogos decisivos é ainda mais freqüente. E mesmo com a normalidade é sempre a maior das emoções. E a decisão no basquete não é necessariamente a cesta feita. É a cesta perdida no último lance, a roubada de bola decisiva. O Brasil ganhava da seleção de Porto Rico por 61x60 na final da Copa América, em Porto Rico. A diferença a favor do Brasil chegou a estar em 16 pontos. Faltam 11 segundos para acabar o jogo e o Brasil tem 4 segundos para tentar sua cesta. A jogada planejada falha e os porto-riquenhos têm sete segundos para tentar a cesta da vitória. A quadra é atravessada, a torcida de pé. A bola viaja até a cesta... e quica no aro e caí pra fora. No último

Funcionários não entram

Cheguei um pouco mais tarde ao hospital e não pude entrar por sua entrada principal, mas sim pela entrada do pronto atendimento. Passo pelas pessoas que esperam o pronto atendimento, passo pela sala de procedimentos e vejo uma porta com os seguintes dizeres “PROIBIDA A ENTRADA DE FUNCIONÁRIOS”. Pensei que tinha lido errado. Leio novamente e a frase continuava do mesmo jeito. Comecei a pensar então, mas como assim? Funcionários não podem passar por aquela porta? Ainda há o detalhe de que esta porta leva até o centro cirúrgico. Se alguém chega morrendo ao local o que os funcionários fazem?- Desculpa doutor, mas eu não posso passar por essa porta.

Andei lendo

Histórias de Cronópios e Famas, de Júlio Cortázar. Quando se lê o nome do livro a grande dúvida é “afinal, o que são cronópios”. Pois bem, a surpresa é que Famas, não é o que você imagina. O livro não fala sobre a fama, aquela dos artistas. Famas são seres criados por Cortázar, assim como os Cronópios e também as Esperanças, que foram cortadas do título. Mas todos esses seres são apenas uma parte do fantasioso livro, que na verdade é um livro sobre o nada. São pequenas histórias (não só sobre cronópios e famas) sobre a alegria de se enviar uma pata de aranha para um ministro, a secretária possessiva, a família que distribuía bolas coloridas em uma agência do correio, o homem que vendia gritos e manuais de instruções para se subir uma escada, ou matar formigas em Roma. A graça do livro está na poética do autor. Pela mágica que faz com que qualquer frase soe bela, como se as palavras ali escritas estivessem atraídas por um magnetismo, de tal forma que seria impossível que essas palavras

Semáforos

Dizem que em Cuiabá 55% dos semáforos de Cuiabá são inteligentes. Ou seja, eles têm a capacidade de alternar o tempo em que eles ficam abertos, automaticamente. Se isso for verdade, semáforos são cruéis. Por pura vocação para praticar a maldade eles se alternam para fazer com que você sempre pegue um fechado pela sua frente. Paro na beira-rio. O sinal abre e avanço para pegar o semáforo do modelo fechado. Mais um pouco e lá está o da UFMT. O outro da UFMT, o do shopping. Enquanto houvesse semáforos em meu caminho, eu sei que eles sempre estariam fechados. Por uma simples questão de estatística me consideraria feliz se pegasse só metade deles fechados. E tudo por pura armação maniqueísta deles. Visto que eles são inteligentes.

Planos

Estava eu atravessando a rua rumo a um café, para comer algum salgado no fim da tarde. Sob a sombra de uma árvore que o nome eu não sei, ao lado de uma lanchonete de metal fechada e cheia de cheiro de gordura, estava um segurança. Vestia-se como os seguranças se vestem, com roupas pretas, tentando assumir uma discrição que o tamanho o impede. Conversava com uma pessoa, que não posso dizer o que era, mas chuto que é um flanelinha. Conversava como quem conversa sobre o tempo, ou o jogo de futebol de amanhã. - Estão falando que vão matar ele. - Acho que não. Ele mata antes. Segui reto rumo ao meu lanche. Não sei quem é que tinha seu possível assassinato discutido. Cuidado. Nesse exato momento, a sombra de alguma árvore podem estar planejando a sua morte. Ou discutindo se você morre ou mata antes.

Hospital

A capela de um hospital é o pior lugar do planeta. Ou, a pior atmosfera do planeta. Só de olhar lá para dentro é possível sentir as suplicas, os pedidos desesperados para que uma entidade superior consiga ir além do que a medicina consegue. Quem entra na capela não pede nada além de que a morte seja afastada. E cá estou eu no hospital em uma cadeira desconfortável. Provavelmente é a estratégia para que os acompanhantes dos pacientes procurem logo um ortopedista para dar um jeito na coluna. E o hospital é uma certa bagunça. O centro cirúrgico fica de frente para o elevador social. Então é normal que ao descer para o saguão você dê de cara para pessoas prestes a serem operadas ou logo após a operação. E o elevador de serviço fica do lado do elevador social (normal) mas qual não é minha surpresa a ver que operados são transportados pelo elevador social? Pelo menos passo longe da capela.