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Mostrando postagens de agosto, 2012

Félix +

Alguns personagens nascem para ser marginalizados pela história. Os Beatles fizeram sucesso APESAR do Ringo Starr e não com ele. Da mesma forma, muito se diz que a seleção brasileira de 1970 ganhou a Copa do Mundo apesar do goleiro Félix e não por causa dele. Uma injustiça que a vida comete com aqueles que eram bons, mas que não eram brilhantes, bons e cercados pelos ótimos. A seleção brasileira de 1970 ganhou todos os seus jogos e o seu ataque marcou impressionantes 19 gols nos seis jogos. É claro que a seleção entrou para a história por conta do seu ataque, de Pelé, Tostão, Jairzinho e Rivellino. Por conta de Gérson, Carlos Alberto, Clodoaldo, Piazza. Félix podia não ser genial, mas teve sua contribuição. A seleção teria ganho com um poste no seu lugar? Provável que não. Ao longo daquela competição, o Brasil sofreu 7 gols nos 6 jogos. Pode não ser um desempenho excepcional, mas era expressivo para a época. A vice-campeã Itália sofreu 8. Os alemães, terceiros colocados, sofreram 1

Andei Escutando (36)

Beirut – The Rip Tide (2011): O último disco de Beirut é, por assim dizer, mais convencional. The Rip Tide tem instrumentos mais convencionais, piano, violão. O grupo soa como uma boa banda que sabe utilizar bem os metais, mas não tem o charme épico dos dois primeiros trabalhos. Melhores: East Harlen e Port of Call. Ben Folds Five (1995) : Com um clima de festa esvaziada, esse deve ser o melhor disco do Ben Folds. Bem descontraído, bem humorado. Melhores: Underground e Philosophy . Bob Dylan – Empire Burlesque (1985): Sim, é difícil imaginar que qualquer um fosse capaz de lançar um disco bom em 1985. Mas, os anos 80 foram cruéis até demais com Dylan. Ele se mostra perdido entre tentar ser o mesmo de sempre e a tentativa de abraçar uma nova época. O instrumental é simplesmente pavoroso. Melhores: I’ll Remember You e Emotionally Yours . Girls – Father, Son, Holy Ghost (2011): Esse disco já transforma o Girls em minha nova banda favorita. Rock alternativo com melodias e

O Brasil Olímpico

Qualquer análise sobre a participação brasileira em Londres, tende a apontar o desempenho nacional como um fiasco. Concordo em termos, mas geralmente, não pelos motivos citados. O principal aponta para o Quadro de Medalhas. O Brasil ficou atrás de países com economias menores, e até qualidade de vida menor, como Irã, Cazaquistão, Cuba, Jamaica. Isso não significa muita coisa. O Brasil também ficou a frente do Canadá, Noruega, Suécia, Suíça, Dinamarca, países mais ricos. Nesse caso o que precisa ser visto é se o país tem o ganho de medalhas olímpicas como uma prioridade. Acredito que este não seja o caso da Noruega ou do Canadá. São países ricos, com altos índices de desenvolvimento, não devem ter um ouro olímpico como sonho de consumo. O Brasil tem. O Ministério do Esporte, as Confederações investem cada vez mais nos atletas de alto desempenho. E a partir daí que a análise precisa ser feita. Mesmo assim, ficar atrás do Cazaquistão, ou da Jamaica, não é um motivo de vergonha. Toda

Seis Match Points, Oito anos depois

Todas as vitórias são importantes. Mas, algumas são mais marcantes do que as outras. Algumas vitórias ganham significados maiores. É o caso da vitória da seleção feminina de vôlei contra a Rússia, na última terça-feira. Esse time ganhou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Pequim, em 2008, perdendo apenas um set ao longo da competição. Mas, nem por isso ganhou o coração dos torcedores. A vitória na China foi um passeio, mas sempre há a dúvida sobre sua capacidade nos momentos decisivos. Quando a pressão aumenta, as meninas entregam. Essa sempre foi a avaliação. Uma espécie de maldição/desconfiança que tem um começo claro. Os seis match points desperdiçados na semifinal olímpica contra a Rússia em 2004. O time fazia uma grande campanha, ganhou os dois primeiros sets contra as russas, perderam o terceiro e chegaram ao cabalístico placar de 24x19 para fechar o placar. Uma vitória tranquila que se transformou em drama à medida em que as chances foram desperdiçadas miseravelmente possibi

O cavalo Big Star

Os olhos bateram e viram, o cavalo que liderava a prova do hipismo se chamava Big Star. Estrela Grande é um nome bom para um cavalo, um nome normal acho. Não acho provável que o cavaleiro fosse um fã da banda de Alex Chilton e Chris Bell. Pouco me importava. Para mim, o legado da maior banda que nunca foi grande estava ali representado. Para mim, era a chance do Big Star finalmente ser reconhecido, ficar para a história. Mesmo que fosse através de uma medalha olímpica. Estava eu então, torcendo pelo cavalo Big Star e seu cavaleiro britânico, cujo nome pouco importava. Big Star ajudou o time britânico a conquistar a medalha de ouro na prova por equipes. Bom, mas eu queria o brilho individual. E Big Star foi ótimo. Pulou todos os obstáculos na primeira eliminatória, repetiu o desempenho na segunda. Na terceira, idem. No tira-teima contra os holandeses pelo ouro coletivo, mais uma vez Big Star passou zerado. Chegou ao último dia como líder, apesar da armadilha de a pontuação ser ze

O Ouro de Zanetti

Quando Artur Zanetti foi impulsionado para alcançar as argolas, respirou e começou a sua série, ele só pensava no que teria que fazer. Pode ter pensado na sua vida, no seu esforço pessoal, em tudo o que ele fez na vida. Mas, ele estava concentrado apenas no que teria que fazer. Zanetti era o atual vice-campeão mundial da prova, mas as pessoas não sabiam disso. Ele brigava por uma medalha, mas a grande maioria das pessoas nem imaginava. Zanetti não tinha sobre ele a pressão que colocaram sobre os irmãos Hypólitho, Daiane dos Santos e tantos os outros. Quando Zanetti segurou nas argolas, a televisão não estava na sua casa, mostrando os familiares com camisetas com sua foto estampada. Ele não era a esperança do Brasil, a medalha desejada, a medalha certa. Era apenas ele, ele e o seu trabalho. Como não tinha a possibilidade do fracasso, foi tranquilo para o ouro. Agora, pobre Zanetti. Se antes não tinha apoio algum, treinando em aparelhos feitos pelo pai, irá virar uma estrela. Ao ch

Bolt, o raio

O ano era 1996 e o canadense Donovan Bailey venceu a prova dos 100 metros do atletismo, com o tempo de 9s84. Novo recorde mundial, marca impressionante que ficou em minha cabeça. Correr abaixo dos 9s9, era para os bons. Abaixo dos 9s8 era dos gênios. Ontem, em Londres, cinco atletas correram abaixo dos 9.9. Quatro superaram a marca de Donovan Bailey, três abaixo dos 9.8. Mas, apenas um ficou abaixo de 9.7. 9.63 foi o tempo de Usain Bolt. Ele não cruzou a linha batendo no peito como fez ao quebrar o recorde mundial em 2008. Não fez os 9.58 de 2009. Mas dominou seus adversários. Na prova mais veloz da história, ele foi o melhor, não deixou dúvidas. Ver Bolt correndo é um privilégio para todos. Menos para os seus concorrentes.

A derrota de Cielo

Quando os caracteres mostraram que César Cielo havia batido na terceira colocação, a sensação foi de derrota. Ok, era uma medalha de bronze, mas a sensação foi a de perder uma Copa do Mundo. Aquela derrota que te deixa incrédulo diante da televisão, com aquela expectativa de que tudo tenha sido um engano. Esperando que quando você voltar do banheiro a televisão estará mostrando que não foi isso o que aconteceu. A derrota de Cielo foi a derrota de um ídolo, foi a queda de um super herói. Trouxe aquela triste sensação de que não, ele não era invencível. Que ele poderia ser batido também. Todos podem, claro, mas é algo que não gostamos de acreditar. Talvez Cielo não consiga chegar até as Olimpíadas de 2016 e o bronze nos 50 metros tenha sido a sua última participação nos Jogos. Ele terá 29 anos no Rio de Janeiro, idade avançada para uma natação cada vez mais formada por jovens e adolescentes. Mas, por mais que o ignorante e cruel público já queira taxar Cielo de perdedor, ele já tem