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Mostrando postagens de março, 2012

Azul profundo

Hoje a cidade acorda sob um céu azul, um azul profundo dos céus de outono. Um azul que se estende por todo horizonte, sem ser incomodado por nenhuma nuvem passageira. Olho pela janela e acho que é possível enxergar o mundo todo até a sua curva. Esse azul que surge após a chuva dos últimos dias. O azul desta sexta-feira indica que o verão enfim terminou, que chegamos ao outono, logo o inverno, que as chuvas foram embora. Esse céu amplo, dá a impressão de que o mundo é ainda maior. Logo a fumaça cobrirá este céu. As nuvens de frente fria esconderão seu azul, esconderão sua profundidade. O planeta parecerá achatado entre as nuvens. Mas nesta sexta-feira o céu se expande ao infinito.

O dia, aquele dia

Bruno bloqueia Rivaldo e o Minas vence o jogo, disputado jogo contra o Florianópolis. Os mineiros venceram os dois primeiros, tiveram a chance para ganhar terceiro, mas perderam. No quarto set equilibrado, os catarinenses empataram. Já no quinto set, a Cimed é que teve a chance de ganhar. Três vezes. Mas ai, apareceu o Bruno. Bruno empatou a partida na primeira, empatou a partida na segunda. Bloqueou Rivaldo uma vez e colocou o seu time na frente. Bloqueou a segunda vez e ganhou o jogo. Bruno ganhou o jogo. E quem é Bruno? Bruno não era ninguém, era um reserva. Nem sabia se ele entraria no jogo, mas ele entrou. Entrou e ganhou o jogo. Quantos jogos mais Bruno vai ganhar? Quem sabe se ele vai voltar a ter uma participação decisiva? Talvez nunca mais. Mas, hoje foi o seu dia. Uma das graças do esporte, é justamente o fato de que os atletas anônimos podem ter seus dias. Adriano Gabiru pode marcar o gol que derrotou o Barcelona, o reserva obscuro pode anotar cinquenta pontos. Talvez

O Vendedor de Gramofone

Foi em uma quinta-feira ensolarada que eu o vi pela primeira vez, em uma rotatória no bairro do Carumbé. Eu estava indo almoçar, quando vi aquela figura parada sob o sol escaldante. Uma figura igual a tantas outras que vemos pelas ruas, exceção feita a um detalhe: o cidadão segurava um gramofone. O gramofone é um objeto que já não faz mais parte da nossa sociedade e do nosso imaginário. Inventado no século retrasado, ele foi substituído por diversas tecnologias mais modernas. É possível que muitas pessoas tenham olhado o objeto segurado pelo cidadão e não soubessem o seu nome e não entendessem a sua função. E quem conhece um gramofone, espera encontrá-lo em um museu, um antiquário, no acervo pessoal de algum colecionador. Jamais nos braços de alguém em uma rotatória ensolarada do Carumbé. Passando pelo cidadão, reparei que na base do gramofone estava afixado um papel com a palavra “Vendo”. A situação me pareceu ainda mais estranha. Quem em tempos atuais teria um gramofone para vend

Impressões da primeira corrida do ano

Observações depois da abertura da temporada. * A McLaren realmente parece ter o carro mais rápido do ano. Button ganhou com sobras e mostrou que poderia ter andando ainda mais rápido se pudesse. Button é o favorito desse começo de ano, quando os carros ainda estão instáveis, sofrem mais com o desgaste. Ele sempre chega sobrando no final. * A Red Bull mostrou que o carro tem um bom ritmo de corrida, mas nem tanto nos treinos. Vettel deve brigar sempre, principalmente se Newey evoluir o projeto. * A Ferrari tem tudo para ser uma lástima. Alonso é um batalhador e vai vai tentar aproveitar as circunstâncias para brigar por um pódio. Sim, para Alonso não é uma corrida. É uma guerra contra o próprio carro em 50 voltas. * A apatia de Felipe Massa deve continuar. No ritmo que vai, qualquer ponto que ele conquistar será uma surpresa. Ano que vem, terá que procurar carro. É grande o risco de que ano que vem não tenhamos nenhum brasileiro na categoria. * A Mercedes continua sendo um mis

Taste It, Forgotten Boys

O que faz um disco do Forgotten Boys ser bom, são as guitarras. Os riffs grudentos, os solos empolgados. Gustavo Riviera pode não cantar nada, Chuck Hipolitho pode fazer falta e a bateria também pode ser excelente. Mas os Forgotten Boys são sinônimos de guitarra. São os grandes riffs que fazem Gimme More and More (2003) e Stand by the D.A.N.C.E. (2005) serem dois grandes discos. As guitarras que salvam o mediano Louva-a-deus (2008). Para Taste It, a banda teve uma grande mudança na sua formação, agora é um quinteto. O som traz algumas influências do country rock (a faixa título é pantanosa, igual Lynyrd Skynyrd). O peso também traz lembranças de Queens of the Stone Age. Taste It não é um disco inesquecível. Não é uma pancada contínua, como nos melhores discos. Chuck Hipolitho realmente faz falta. Mas, Taste it ainda tem guitarras. E para os Forgotten Boys, isso ainda é o bastante.

Andei Escutando (31)

Bob Dylan – New Morning (1970): Li certa vez que nesse disco nós temos o Bob Dylan possível, depois de uma série de discos ruins. New Morning está longe de ser excepcional, mas é um disco agradável, puxado para o Blues e para o Gospel, com vocais fortes de Dylan. Melhores : Day of the Locusts e New Morning. Crosby, Stills & Nash – CSN (1977): Ainda existem as boas harmonias vocais, mas os tempos são outros. Em 1977 a época do trio parece ter passado e a produção dá um clima que lamentavelmente lembra... sei lá, Phil Collins. Melhores: See the Changes e Anything at all . Elvis Costello – Trust (1981): Um disco bem sem graça. Melhores: Fish ‘n’ Chip Papers e Clubland. Gene Clark – No Other (1974): D isco repleto de músicas épicas. Meio forçado às vezes, mas todas as músicas são boas. Melhores: Some Misunderstanding e No Other . Gram Parsons – GP (1973): É aquela história. O country puro, pode até ser respeitoso, mas é chato pra caramba. Os melhores momentos d

Go Fly A Kite

Ben Kweller sempre pareceu incapaz de fazer uma música ruim. Seus três primeiros discos são excelentes, cada um à sua característica. Já o quarto, Changing Horses , era um disco inconstante, fruto provavelmente da mudança radical de estilo. Changing Horses deixava o rock alternativo, o folk rock para abraçar o country. Reflexo do momento de Kweller, que deixava Nova York, voltava para o interior e passava a utilizar um chapéu de vaqueiro. Mesmo assim, por mais que Fight fosse meio assustadora, Changing Horses não chegava a ter músicas ruins. Eram músicas de um estilo diferente, menos brilhantes, enfim. Completamente assustadora foi a primeira faixa divulgada de Go Fly a Kite , o novo disco de Kweller. Mean To Me lembrava bizarramente um powerpop decadente do final dos anos 70. Um refrão mecânico, uma guitarra clichê e até mesmo um sintetizador, para completar a cereja do bolo. O refrão de Mean to Me era a pior coisa que Kweller já havia feito em sua carreira  e derrubava uma