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Mostrando postagens de junho, 2012

O Adeus a Banca

Existem algumas coisas na sua vida que você não sabe quando é que começaram. São aspectos tão rotineiros, que você tem a certeza de que sempre esteve fazendo isso. Eu, por exemplo, não sei qual foi a primeira vez em que eu fui à banca do Jardim das Américas. Se tento puxar pela memória e vasculhar minhas lembranças, eu já me vejo lá dentro nas manhãs ou tardes de domingo. Desde que eu me conheço como gente, eu já frequentava esta banca. Simplesmente não me lembro como era a minha vida antes. Sempre ia até lá nos domingos, acompanhando meu pai que ia comprar a Folha de São Paulo e alguma outra revista. Eu aproveitava para levar os gibis da Mônica, ou os álbuns de figurinhas do Campeonato Brasileiro ou Copa do Mundo. Depois, passei a levar as revistas de futebol, de música, curiosidades ou o que seja. Acredito que quase todas as revistas que eu li na minha vida, eu conheci ali. Pode parecer estranho, mas sempre que eu acabava comprando uma revista em outra banca de jornal – quando es

A Visita

Confesso que sou preconceituoso com essas artistas da nova MPB. Todos esses que surgem com um estilo meio sambinha, com uma letra metida a besta e com um rótulo "quero ser Chico Buarque" preso no pescoço. Por isso, não me interessei por esse tal de Silva. Ainda mais porque não fui com a cara da primeira canção que escutei, uma mistura estranha de sons eletrônicos. Mas, resolvi dar uma chance quando vi um link para o clipe de A Visita . Talvez pelo sobrenome igual. Não me arrependi. Com sua melódia grudenta, A Visita deve ser uma das músicas do ano.

O Dilema de um mediano

Eu sou um cara mediano. Minha altura, 1m75, dizem, é a estatura média do homem brasileiro. Meu nome, Guilherme, está longe de ser incomum, mas não é dos mais frequentes, pelo menos na minha geração. Tanto, que só tive um Guilherme contemporâneo meu e por azar, ou sorte, nunca estudamos juntos. Meus gostos também são medianos. Entre minhas bandas prediletas, tenho algumas que já fizeram, ou ainda fazem grande sucesso, como Beatles, Oasis e Pink Floyd. Mas, nenhuma delas toca nas rádios o tempo inteiro. Minhas bandas preferidas tem um público, muitas vezes grande, mas não são exatamente populares nos dias de hoje. Por outro lado, não conheço dezenas de bandas que só eu e mais quatro pessoas escutamos. A mesma coisa acontece com filmes. Os filmes que gosto ocupam uma faixa entre os filmes cabeças e os filmes banais. Efeito Borboleta, pro exemplo. Alguns podem achar idiota, outros podem achar genial. Mas é um filme que está ali nesta faixa mediana. Pode não ser uma obra de arte iranian

Trabalho silencioso

Carlinhos Cachoeira optou pelo silêncio. Diante das inúmeras perguntas feitas a ele durante a CPI que leva o seu nome, Cachoeira preferiu dizer que se reservava ao direito de não responder. Uma frase repetida eternamente. Tenho a impressão de que Cachoeira reafirmou o seu silêncio durante um século. Chegou a ser constrangedor. Foi um daqueles momentos de descrédito geral da nação, um momento em que todos passam a acreditar que a CPI não vai dar em nada, que terminará em uma famosa pizza. Igual a tantas outras. Tantas comissões que se reuniram e que ninguém se lembra de nada. Os motivos, as investigações, os resultados. Será que alguma CPI já teve um resultado prático? Parece que o esquecimento vence pelo cansaço. E para o que serve uma CPI? Normalmente, espera-se que os parlamentares investiguem as possíveis infrações de seus pares, que também cumpram a função de fiscalizar o executivo. Quando uma Comissão Parlamentar é criada, cria-se também a expectativa de que os problemas do pa

Andei Escutando (34)

Beirut – Gulag Orkestar (2006) : Gulag Orkestar é uma reunião de amigos alcoolizados que tocam em uma banda de fanfarra. Um disco lírico, diria que um disco de época. Parece ter sido escrito na Europa de antes da Segunda Guerra Mundial. Melhores: The Canals of Our City e Prenzlauberg . Belle and Sebastian – Dear Catastrophe Waitress (2003): Neste disco, o Belle and Sebastian se aproxima de um pop, digamos, barroco. Por incrível que pareça, eu prefiro o B&S de depois dos dois primeiros discos (os preferidos do público). Melhores: Step Into My Office, Baby e I’m Cuckoo . Ben Folds Five – Whatever and Ever Amen (1997): Um disco bom e nada mais a declarar. Melhores: Brick e Missing the War . Gene Clark – Two Sides to Every Story (1977): O começo do disco, totalmente country, é meio desanimador. Mas depois embala e as melodias épicas de Gene Clark começam a aparecer em uma dúzia de canções sensacionais. Melhores: Sister Moon e Silent Crusade . George Harrison

Objeto não identificado

Olho para o céu e vejo uma luz estranha. Me lembro de um dia, era maio de 1996. Lembro que era o dia do aniversário de um amigo meu e, neste dia, nós iríamos numa pizzaria. Mas ainda era o final da aula e estávamos jogando bola no colégio, igual a todos os dias. Então, alguém olhou para o céu e apontou um objeto que se movia. Não, não era um avião. Ele se movimentava lá em cima, lá perto das estrelas. Todos paramos o jogo e ficamos andando pelo gramado, acompanhando aquele Objeto Voador não Identificado. Era uma nave extraterrestre com certeza. Ou não, poderia ser apenas um balão meteorológico (essa coisa que só serve para ser confundida com naves alienígenas), um avião, um satélite. Ou, poderia ser apenas a luz de séculos atrás, que só chega até nós agora, dessas coisas da física, difíceis de entender e que transformam o céu em uma espécie de janela do tempo. Pouco importa. Naquele dia, todos sabíamos que eram extraterrestre que nos observavam. Certamente, estávamos em algu