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Mostrando postagens de novembro, 2010

Três

Textos que fiz para minha namorada. Nesses três anos em que estamos juntos. "Será que um dia me lembrarei onde eu estava nos primeiros dias de 2008? Eu diria que minha vida é um jardim, com apenas uma flor, mas que eu amo tanto, que parece que eu tenho várias. Primavera. Mas eu não diria que estava do seu lado, eu mentiria se falasse que estava. Estamos longe, estou tão longe da minha mente". "Eu sempre tive uma blusa vermelha de frio. Não que eu a chame assim, mas eu sempre tive no meu armário uma camiseta vermelha de mangas compridas, que então, só serve para ser usada no frio. Vermelha. Um dia você me fala que a cor dela lembra laranja com acerola. Mas ela sempre foi vermelha. De noite eu vou escovar os dentes e vejo: realmente ela nunca foi vermelha. Você mudou a cor das minhas roupas. E eu nunca estive com uma camiseta vermelha no frio. Passei todos esses anos enganado pelos meus olhos, que viam vermelho ao invés de algo entre laranja com acerola". "Um dia

Tropa de Elite 2

Não vê que é sua vida que se encerra numa nota fria nos jornais Assisti ontem a "Tropa de Elite 2". E assim que os letreiros começaram a subir, ao som de "O Calibre" dos Paralamas do Sucesso, a vontade era de ver o filme de novo. Há um bom tempo que eu não saia do cinema tão empolgado com um filme, desde Gran Torino, acho eu. Ha violência, há crueldade, há ação, frases de efeito e a atuação sensacional de Wagner Moura. Mas por trás disso, o filme e sua narração em off (as vezes exagerada), é quase um guia sobre o Sistema. Essa coisa tão abstrata, mas que existe, que mantem mesmos grupos sempre no poder e que engole quem tenta enfrentá-lo. Um filme que cai bem na época de eleições. E soa irônico, que tantas pessoas que aplaudem o Capitão Nascimento dando uma surra num deputado, que muitas dessas pessoas ajudam a colocar outros iguais lá. Mas o filme é frustrante. Porque ele se parece com a vida real (muitos jornalistas vão sentir culpa em um certo trecho). E por mais

Os Beatles e eu

No meu mundo, não residem dúvidas de que os Beatles são a maior banda da história. A maior que já existiu e que nunca será superada. Existem conjuntos que fizeram mais sucesso? Talvez. Mais inovadores? Com certeza. Que fizeram discos, músicas melhores que os quatro? Sim. Mas nenhuma banda conseguiu juntar isso com tanta qualidade. Os Beatles conseguiram em pouco tempo ter uma carreira marcante, com tantas fases, que é impossível acreditar que eles lançaram discos durante apenas sete anos. O grande mérito dos quatro é ter um som atemporal. Existem bandas que são o retrato de uma época. O Queen é a cara do exagero dos anos 70. Os Beatles são a cara dos anos 60, sem dúvida. Mas os anos 60 foram anos tão loucos para a música e para a sociedade, que eles se tornam a cara/base do nosso mundo contemporâneo. Em sete anos eles saíram das músicas simples sobre amores juvenis e passaram pelas orquestrações, pela maconha, pelo LSD, pelo movimento hippie, pela música indiana. Os Beatles foram a pri

Caderno

E lá estava. Vários livros do colégio que seriam doados, meio tardiamente eu sei. De dentro da caixa, resolvi recuperar algumas coisas. Resolvi poupar meus cadernos. Não quero que tudo o que eu escrevi seja jogado fora. Não quero que ninguém vasculhe o que lá foi escrito. Resolvi salvar também um livro de filosofia - descrevia as correntes filosóficas de maneira simples, isso às vezes pode ser importante. Também uma gramática, mesmo que a ortografia tenha mudado. Uma prova de história que estava perdido ali. Apenas porque eu havia tirado uma nota boa e a professora Vera - gostava dela - escreveu um "Parabéns. Você tem futuro!". Me senti emocionadamente nostálgico com essa nota. Bom saber que a professora Vera confiava em mim. E principalmente, salvei uma pérola da sexta série "Caderno de Poesia". Já deve ter acontecido com tudo mundo. A professora de português simplesmente resolvia mandar os alunos escrever poesias. Quatro versos sobre fadas. Quatro estrofes sobre o

Reflexões sobre as eleições (2)

Comecei a votar em 2006. Não quis votar em 2004, porque sou contra o voto antes dos 18 anos. Pois bem. Lembro de ter anulado meu voto para o governo e para o senado. Votei em um amigo do meu pai para deputado estadual e no cargo federal votei em Manoel Olegário. Uma espécie de herói de juventude, com seus programas políticos que eram tão bizarros, que beiravam a genialidade. Lembro dele, candidato a prefeitura, fazendo propaganda sobre os cemitérios abandonados. Indo ao local em que um jovem morreu em um showmício, mostrando a mancha de sangue, e dizendo "um jovem, que queria apenas se divertir e perdeu a sua vida". Na seqüência ele dava a entender que não fazia showmícios por conta disso. Não pelo fato de ser de um partido minuúculo sem dinheiro. Sim, foi uma espécie de voto de protesto. Sempre gostei de eleições. Acho divertido acompanhar a apuração, as pesquisas, os resultados. Lembro de torcer pela vitória do Lula em 2002. Ainda em 2006, dei início a uma pequena marca pes

Gente Boa

Conhece uma pessoa que seja "gente boa"? Uma pessoa que você conhece, às vezes indiretamente, que talvez a pessoa nem saiba o seu nome, mas você diz "esse aí deve ser gente boa". Tinha essa impressão do Clóvis Roberto, jornalista e apresentador da Gazeta que morreu ontem. Acho que o vi pessoalmente umas três vezes, quando estava com meu pai - que o conhecia. Em uma delas, no estúdio, meu pai o fez entrar no Cadeia Neles despreparado. Não assistia o programa, mas tinha essa impressão, muito provavelmente por conta do meu pai que sempre dizia "ele é um cara legal, gente boa". Pode ser um cara que você via na faculdade, o porteiro do prédio, o atendente do colégio. Existem várias pessoas que são (pelo menos tem jeito de ser) "gente boa" por aí. Quando um deles morre, você pensa "coitado, ele era gente boa".

Meu colégio

A primeira vez que entrei no meu colégio, foi nos idos de 1992 para fazer a prova de seleção. Lembro que peguei a fila errada e fui parar na sala de prova da primeira série. Quase comecei a fazer a prova, quando o equívoco foi percebido e eu fui para a sala correta. Lembro que achei a prova fácil, mais parecida com um daqueles passatempos de revista infantil. Com essa idade eu já sabia ler e escrever. Antes eu havia estudado o jardim de infância em um desses simpáticos colégios de bairro. Lembro do dia em que saiu o resultado, que eu estava aprovado para entrar no colégio. Nesse mesmo dia eu fui tomar sorvete no Alaska, ganhei uma mesa de futebol de botão e o São Paulo ganhou do Barcelona na final do Mundial. Foi um dia feliz. E no começo de 1993 eu estava lá para a minha primeira aula na pré-escola. Na turma matutina, do prédio de aulas recém construído. Lembro do boletim que avaliava habilidades cognitivas. Coordenação motora, criatividade, comportamento. Poderia ser ótimo, muito bom