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Mostrando postagens de janeiro, 2011

Espaço vago

E eu já nem sei mais o que eu escrevi e o que eu não escrevi. Tenho uma idéia! Parecida com a que eu já tive tempo atrás. Posso mudar a abordagem, mas ai já não é mais o que eu queria. Queria reescrever o que foi escrito. Já não sei quantas vezes usei essa piada, creio que estou ficando repetitivo. E esse título? Como ele pode melhorar? Quero fazer algo marcante. Este trocadilho é ruim. Este aqui é besta. Esse eu já usei 10 vezes. Esse é sem graça. Pensadores, consultores, conselheiros, especialista. O mesmo gancho que já usei. Estou ficando repetitivo. Estrou fracionando e retalhando o que já escrevi, em busca de um aspecto novo. Mas que é a mesma coisa de sempre. Repetivivo. Idéias, idéias. Preciso de vocês.

E o sono

Olha essa hora. E o sono não vem. Faltou ao encontro que temos todas as noites. A insônia chega, como se eu nunca mais fosse dormir. Como se os mosquitos me acordassem. O calor me afasta dos lençóis ásperos, mas o frio me traz de volta. Escuto o apito do guarda, os seus passos arrastando as pedras nas ruas. Os grilos - não, não existem grilos, mas juro que posso ouvi-los, atrapalhando o meu sono. Me culpo pelo sono da tarde. Pelo o que quer que eu tenha feito, que me mantém acordado. O dia de hoje já está quase começando, mas o meu ontem não quer terminar.

O fim do campo

Existe um campo de futebol no meu bairro. Ele existe lá, desde que eu me conheço, sempre esteve lá. Estaria mentido se falasse que ele marcou minha infância, porque lá eu jogava bola. Joguei lá apenas uma vez e por pouco tempo. Não tinha amigos de bairro para jogar bola por lá. Mas ele sempre esteve lá, com as crianças jogando bola quando as vacas não pastavam e aparavam o gramado. Ele, que ficava alagado nas chuvas torrenciais, transformando-se num pântano. Pois agora, estão acabando com o campo. Ele é um terreno que pertencia a União e aos Correios (na sua frente, existe uma agência dos correios). Dia desses, me surpreendi com uma série de placas de concreto. E agora, lá estão os homens, cercando o muro. É claro que o dono do terreno tem o direito de fazer o que quiser com ele. Mas o que me intriga, é que a obra prevê apenas a construção do muro. Um muro, que separe o enorme vazio das crianças que lá jogavam futebol. Me parece uma extrema sacanagem. Os Correios patrocinam meia dúzia

Blonde on Blonde

Blonde on Blonde de Bob Dylan é um dos discos mais sensacionais da história. Não é o melhor, mas é um caso raro de álbum em que cada canção é individualmente poderosa e, juntas, formam um conjunto poderoso. As canções seguem uma corrente elétrica, uma torrente de pensamentos. (Aqui vale um parêntese: existem discos melhores, mas que sempre tem um momento desagradável. Lá está Run For Your Life frustrando final de Rubber Soul. Lá estão as músicas experimentais do Pink Floyd para encher o saco.) Blonde on Blonde mostra a voz de Dylan um pouco diferente. Menos anasalada, um pouco mais rouca e grave. Sinal de que os excessos começaram a consumir sua voz (que convenhamos, tinha estilo marcante, mas não é exatamente um sinônimo de beleza). É difícil saber sobre o que as canções versam, uma vez que Dylan lotava suas canções de metáforas e figuras psicodélicas, no entanto, Leopard-Skin Pill-Box Hat é justamente sobre um chapéu que estava em uma vitrine. Mesmo não tendo uma única canção ruim (c

Petrópolis

Sempre que olho pela janela de Petrópolis, cidade em que nasci, eu vejo a chuva. Uma chuva constante e silenciosa, de tal forma que as gotas parecem suspensas no ar, como se fosse em uma fotografia. Os seus paralelepípedos parecem sempre submersos em uma camada de chuva imperceptível. Olho no jornal e vejo a chuva que destruiu parte da cidade - mais precisamente em Itaipava, antigo distrito que cresceu e ficou famoso pelas suas casas e a cerveja. Vejo o rio em São José do Vale do Rio Preto. Ouço da destruição em Areal, Posse, Teresópolis, Nova Friburgo. Cidades que - se eu não conheci todas pessoalmente - as tenho na minha memória, pelas placas de rodovia e destinos dos ônibus. A tragédia no Vale do Cuiabá. A região é até acostumada com a chuva, visto que sempre chove. Mas é frágil. Seus muitos riachos só têm o caminho do vale para escoar, o vale, onde vivem as pessoas. Há anos que eu estou acostumado com os desbarrancamentos, as quedas de barreiras, estradas interditadas. Os desabamen

Textos Antigos: Lis

Havia uma fotografia minha, no meu primeiro dia de aula no meu colégio. Sob a sombra de uma amoreira, estavam eu, Lis e Mel - as duas cadelas aqui de casa, à época. Mel era uma Fila Brasileira, cor de mel (vejam só), enquanto que Lis era uma fox paulistinha. Seu nome derivava de flor-de-lis. Foi uma cadela com uma vida sofrida. Teve seu crânio mastigado, o pescoço cortado, a mandibula quebrada. Foi atropelada, teve uma infecção no útero, intoxicação com veneno. Era hipertensa e com 8 anos os médicos diziam que ela não devia ter muito tempo de vida. Viveu quase 16 e metade dos seus acidentes, se deu nesse periodo. Quando ela morreu, me deparei com essa foto novamente. E escrevi o texto abaixo: "Eu e ela na fotografia, vivendo os primeiros dias, de nossas vidas. Parados embaixo de uma sombra, eu ela, aquele dia, somos uma pequena memória. Eu e ela passamos no tempo, nos separamos, mas nos encontramos no exato fim de um ciclo. E naquele dia o tempo parou. Eu e ela nos deixamos para s

Os CDs

Sou um colecionador de CDs. Tenho uma centena em casa, das minhas bandas favoritas, de outras que não escuto mais tanto. Mas gosto de tê-los enfeitando minhas prateleiras, por mais que muitas vezes eu não os escute. Quando viajo, sempre gosto de ir às lojas de CDs, as verdadeiras lojas. Perder horas em meio as intermináveis prateleiras, em busca de algum preço sensacional, uma raridade quem sabe. Em Cuiabá esse prazer foi deixado de lado, as lojas não existem mais. Sempre existiu um problema: o preço. CDs sempre foram caros. Eu sempre relutei em comprar discos que custassem mais do que 30 reais. Considero que 25 reais já seria um valor justo, muito justo. Pelo preço, pelo advento do rapidshare, megaupload e a consequente facilitação do download, a venda de CDs caiu vertiginosamente. Comprar CD virou um ato de pessoas como eu, colecionadores, que lamentam o fato de que nunca conseguirão comprar um CD do Big Star, Black Rebel Motorcycle Club e tantas outras bandas. Porque esses discos nu

O Divã

Observo que o filme está passando na Globo. E lembro que o assisti no cinema. (Lembro também de Odvan, zagueiro dos anos 90 que tinha esse nome por conta da música "O Divã" de Roberto Carlos). É um exemplo de quão péssimo um filme pode ser. Lilian Cabral em um casamento frustrado com Zé Mayer (sim, ele também falha) - começa a frequentar um psicanalista. Expõe tudo o que sente. Ela então consegue o divórcio. E parte para uma vida de muita diversão. Fuma maconha com Reynaldo Gianechini (uma cena dela, deitada nua, recebendo chuva da janela, deveria ter sido censurada), vai ao baile funk com Cauã Reymond - e faz sexo com ele no banheiro. O primeiro questionamento é: Lilian Cabral não um exemplo de mulher sensual, madura. E o segundo: um divórcio levaria uma mulher de 50 anos a fazer tudo isso? E claro, o filme é uma coleção de convites a piada simples que te fazem rir de vergonha, por vezes. Ainda se tentou buscar a redenção, com uma cena final emocionante, que te faria sair pe

Os melhores discos de 2010

Não escutei muita música do ano. Boa parte dos meus artistas favoritos não lançaram discos nesse ano. Minhas listas tendem a mudar muito quando os anos passam. Ao final do ano passado, meus 8 discos de 2009 eram compostos por: 1 Wilco (The Album) 2 Ben Kweller - Changing Horses 3 Brendan Benson - My Old, Familiar Friend 4 Echo and the Bunnymen - The Fountain 5 Them Crooked Vultures 6 Starsailor - All the Plans 7 Ben Harper - White Lies for Dark Times 8 Lord Cut-Glass Hoje eu tiraria os últimos 3 discos da lista e colocaria os discos lançados por Manic Street Preacher (na segunda colocação), Bob Dylan (em quarto) e The Sleeptalkers fecharia o ranking. Neste ano não escutei sequer 8 discos. Fiquei em 7. Então traço comentários gerais. A Decepção ficou por conta do Weezer. Não sei se decepção, mas o fracasso geral. Lançaram um disco totalmente sem graça. Nenhuma faixa chama a atenção, o que para o Weezer, é muito longe do mínimo que já fizeram. A surpresa ficou com o Teenage Fanclub. Ok,