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Mostrando postagens de agosto, 2017

Drivin' is a gas it ain't gonna last

Uma manhã estranha, tudo parece estranho. Entro no meu carro, um pequeno carro preto e o som começa a tocar Big Black Car do Big Star. Mais uma música tão triste dessa banda tão melancólica. Os arranjos distantes, a voz distante. "Driving in my big black car, nothing can go wrong, I'm going and I don't know how far. So, so long". Estou no meu pequeno carro e tudo parece que não vai dar errado. Olho para o céu, enquanto passo por um quebra-molas e vejo um pássaro qualquer batendo asas e ele parece voar no ritmo do piano desconexo no fundo da música. "Nothing can hurt me. Nothing, can touch me". Nada, nada. Ali dentro nada pode acontecer. Penso em não sair mais do meu carro. Why Should I Care? Drivin' is a gas it ain't gonna last. Não vai durar. A manhã seguirá estranha. Tudo continuará estranho.

A despedida de Bolt

Foi o maior anticlímax da história. Já havia sido um pouco decepcionante ver Usain Bolt conquistar o bronze nos 100 metros rasos, no fim de semana passado. Desde as Olimpíadas de 2008 nos acostumamos com um Bolt invencível, um fenômeno da velocidade incapaz de ser derrotado. Acabou sendo, ficou em terceiro. Um sinal de que a idade, ou mais do que a idade, o desgaste físico e a perda de rendimento chega para todos. Que Bolt, por mais que não pareça, é apenas um ser humano com incríveis capacidades musculares e motoras. No entanto, ainda haveria uma última corrida. A final do revezamento 4x100, prova que a Jamaica dominou nos últimos anos, mas que estava longe de ser a favorita dessa vez. Mesmo sem o ouro e com Bolt já dentro de sua nova dimensão humana, seria pelo menos a oportunidade de vê-lo correndo por uma última vez. Em uma prova de revezamento, e sendo Bolt o último a correr a esperança é de que ninguém fizesse nenhuma besteira antes, que o bastão não ficasse pelo meio do ca

Duas Araras

Molhando a grama em uma manhã ensolarada de quarta-feira, um dia de inverno extremamente seco. O calor do sol já espantou o frio da madrugada. Céu extremamente azul, com aquela névoa seca que caracteriza o nosso inverno. Escuto um barulho que já escutei outra vez pelos céus sobre minha casa. São araras. Já vi araras-azuis voando sobre minha casa em fins de tarde em outras ocasiões. O barulho é igual, mas desta vez as araras são vermelhas. Duas. Um casal, pai e filho, duas amigas, não sei. Voam de maneira meio descoordenada e fazendo muito barulho. Penso naqueles clichês sobre Mato Grosso, de onças e jacarés da rua, do destino selvagem que parecemos ser diante do mundo e nesse instante tudo faz sentido. Somos o destino inalcançável, o lugar por onde araras passam por sobre nossas cabeças como se fosse mais um dia normal. O barulho aumenta e percebo que as araras retornaram, voando no sentido contrário, para onde elas originalmente vieram. Escuto seus gritos e as observo indo cada