Pular para o conteúdo principal

Andei Escutando (28)

Aimee Mann – The Forgotten Arm (2005): A voz de Aimee Mann começa a soar meio enjoativa. Sendo que sua voz representa 80% da graça de seus discos, dá pra entender porque ele é inferior aos trabalhos anteriores.
Melhores: King of the Jailhouse e Little Bombs.

Caetano Veloso (1968): Algumas músicas são legais, mas não tem jeito: Caetano Veloso tem uma chateabilidade que é inerente a sua existência (apesar de ele dizer que nasceu para ser o superbacana).
Melhores: Alegria, Alegria e Soy Loco Por Ti América.

David Bowie – Hunky Dory (1971): Um bom disco de pop/rock, antes de David Bowie começar a incorporar personagens. Mesmo assim, acho que ele sempre se interessou por temas alienígenas e sobrenaturais, não?
Melhores: Life on Mars? e Quicksand.

Elvis Costello – This Year’s Model (1978): Seria um bom disco, mas um teclado de brinquedo que acompanha a maior parte das músicas dá um ar de encontro de karaokê para as letras de corno desajustado do Costello. Além disso, este mesmo teclado, algumas canções com um pé no reggae e uma maldita percussão ajudam a dar um ar de World Music. Tudo funciona melhor quando as músicas são mais simples.
Melhores: Pump It Up e Lip Service.

Neil Young – Everybody Knows This is Nowhere (1969): Disco clássico. Uma viagem por músicas longas, em alguns casos longuíssimas, quase intermináveis. Mas a beleza de The Losing End, e a crueza de versos como “Down by the river, I shot my baby” compensam.
Melhores: The Losing End (When You’re On) e Down By The River.

Super Furry Animals – Guerrilla (1999): Há um tipo de música que o Super Furry Animals faz, em que os versos se emendam, se repetem, que sempre são muito boas. Mas, este disco, cheio de experimentações eletrônicas é chato pra caramba.
Melhores: The Turning Tide e Fire in My Heart.

The Bluetones – Science & Nature (2000): A Estréia, Expecting to Fly, é ótima, o disco seguinte, Return to the Last Chance Saloon, é uma tentativa miserável, fracassada e pouco inspirada de repetir o primeiro. Ao que parece, a partir deste terceiro disco, eles tentam partir para um lado bem humorado, descompromissado, como se a banda não se levasse a sério. É melhor do que o burocrático Last Chance Saloon, mas não dá pra levar muito a sério.
Melhores: Keep the Homes Fire Burning e Zorrro.

The Flying Burrito Brothers – The Gilded Palace of Sin (1969): O Country-rock é algo perigoso. Pode se parecer demais com música sertaneja em alguns momentos. O que faz a diferença é o bom gosto do conjunto. Para explicar melhor, Chitãozinho e Xororó não teriam como fazer versões para nenhuma dessas músicas.
Melhores: Hot Burrito #1 e Wheels.

The Sonics – Here Are The Sonics (1965): Os Sonics cantam grandes clássicos do rock’n’roll e todos esses gêneros dos anos 50/60, essas músicas que foram gravadas por tantos artistas que você nem sabe quem é o autor – isso se o autor não for um compositor profissional. A graça é que eles tocam os instrumentos como se eles fossem feitos de pedra. Essa rudeza, aliada a péssima gravação, dá a exata sensação do que é uma banda de garagem.
Melhores: The Witch e Have Love, Will Travel.

The Zombies – Odessey & Oracle (1968): Um disco de pop perfeito, piano melódico, refrões com backing vocals inspirados, enfim.
Melhores: Brief Candles e Care of Cell 44.

Comentários

Postagens mais visitadas

Desgosto gratuito

É provável que se demore um tempo para começar a gostar de alguém. Você pode até simpatizar pela pessoa, ter uma boa impressão de uma primeira conversa, admirar alguns aspectos de sua personalidade, mas gostar, gostar mesmo é outra história. Vão se alguns meses, talvez anos, uma vida inteira para se estabelecer uma relação que permita dizer que você gosta de uma pessoa. (E aqui não falo de gostar no sentido de querer se casar ou ter relações sexuais com outro indivíduo). O ódio, por outro lado, é gratuito e instantâneo. Você pode simplesmente bater o olho em uma pessoa e não ir com a cara dela, ser místico e dizer que a energia não bateu, ou que o anjo não bateu, ou que alguma coisa abstrata não bateu. Geralmente o desgosto é recíproco e, se parar para pensar, poucas coisas podem ser mais bonitas do que isso: duas pessoas que se odeiam sem nenhum motivo claro e aparente, sem levar nenhum dinheiro por isso, sem nenhuma razão e tampouco alguma consequência. Ninguém vai se matar, brigar n...

Os 27 singles do Oasis: do pior até o melhor

Oasis é uma banda que sempre foi conhecida por lançar grandes b-sides, escondendo músicas que muitas vezes eram melhores do que outras que entraram nos discos. Tanto que uma coletânea deles, The Masterplan, é quase unanimemente considerada o 3º melhor disco deles. Faço aqui então um ranking dos 27 singles lançados pelo Oasis, desde o pior até o melhor. Uma avaliação estritamente pessoal, mas com alguns pequenos critérios: 1) São contados apenas o lançamentos britânicos, então Don't Go Away - lançado apenas no Japão, e os singles australianos não estão na lista. As músicas levadas em consideração são justamente as que estão nos lançamentos do Reino Unido. 2) Tanto a A-Side, quanto as b-sides tem o mesmo peso. Então, uma grande faixa de trabalho acompanhada por músicas irrelevantes pode aparecer atrás de um single mediano, mas com lados B muitos bons. 3) Versões demo lançadas em edições especiais, principalmente a partir de 2002, não entram em contra. A versão White Label de Columbia...

Tentando entender

Talvez a esquerda tenha que entender que o mundo mudou. A lógica da luta coletiva por melhorias, na qual os partidos de esquerda brasileiros se fundaram na reabertura democrática, não existe mais. Não há mais sindicatos fortes lutando por melhorias coletivas nas condições de trabalho. Greves são vistas como transtornos. E a sociedade, enfim, é muito mais individual. É uma característica forte dos jovens. Jovens que não fazem sexo e preferem o prazer solitário, para não ter indisposição com a vontade dos outros. Porque seria diferente na política? O mundo pautado na comunicação virtual é um mundo de experiências individuais compartilhadas, de pessoas que querem resolver seus problemas. É a lógica por trás do empreendedorismo precário, desde quem tem um pequeno comércio em um bairro periférico, passando por quem vende comida na rua, ou por quem trabalha para um aplicativo. Não são pessoas que necessariamente querem tomar uma decisão coletiva, mas que precisam que seus problemas individua...