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El Camino

Um disco tem para você o significado que você quer que ele tenha.

Os Black Keys lançaram seu sétimo disco, El Camino, no começo de dezembro. O disco significou o estabelecimento dos Keys como a grande banda alternativa do momento, o álbum chegando ao #2 dos EUA.

Pela internet, vejo pessoas encantadas com a banda, tratando El Camino como o melhor disco da banda. Para mim, está longe disso. El Camino me parece uma bola fora dos Black Keys, um disco que pouco acrescenta a carreira artística do duo, apenas trará o sucesso nas rádios, nas malditas pistas de dança.

Vejamos. The Big Come Up era uma estréia tosca, um blues de garagem. Thickfreakness era uma evolução do disco anterior, com uma produção melhor. Rubber Factory seguia um caminho mais garageiro, com riffs marcantes. Magic Potion foi o primeiro disco mais vazio do conjunto, uma sequência do anterior, mas com um apelo comercial maior. Attack & Release trouxe o uso de outros instrumentos, músicas mais calmas, uma experimentação maior. Fórmula que seguiu com sucesso pro Brothers, o disco mais coeso da banda.

Em todos os seus discos, a banda marcada por uma emoção, uma urgência na execução das músicas, ditadas pelo estilo meio tosco de Dan Auerbach. El Camino não. El Camino é um disco que soa friamente planejado para o sucesso.

A dupla contou com a ajuda de um produtor para escrever todas as canções e isso sempre parece ser um fator de risco. As canções seguem a fórmula do riff marcante, bateria marcada e dançante e refrões com um certo coro feminino no fundo.

El Camino soa como um disco para ser ouvido e descartado, um disco sem emoção. As exceções ficam por conta do single Lonely Boy (mesmo com os ô-ôôs do refrão) e Sister. Run Right Back também é uma grande canção. O resto, lembra muito alguma versão genérica do Clash, alguma coisa acústica do Led Zeppelin, enfim. El Camino traz o medo que os Black Keys se tornem algo parecido com o Kings of Leon daqui a alguns anos.

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