Pular para o conteúdo principal

Tempos Calmos

Quando eu era pequeno, lembro que nós deixavamos o portão destrancado o dia inteiro. Também deixavámos o carro do lado de fora e so o guardávamos na hora de dormir.

Com o tempo passando, fomos deixando o portão trancado o tempo todo. Logo aconteceu um assalto na casa de trás, e passamos então a deixar o carro do lado de dentro, e entrar e sair com ele sempre que fosse preciso.

A casa da frente foi assaltada. E então contratamos um guarda para a rua. Quando alguém chegasse com o carro, outra pessoa ia no portão olhar. Colocamos portão eletrônico.

Pularam o muro de outra casa, de dia. Era a hora de colocar uma cerca elétrica.

E mesmo com a cerca, o portão, cadeados, cachorros, guardas a sensação de segurança não existe. E não é coisa só daqui. Tem aquele amigo que saiu de casa e foi para um condomínio. O outro foi para um apartamento. Trocou as fechaduras. E mesmo assim o medo sempre está por aí.

Lembro de um texto que eu escrevi certa vez, ou, de um pedaço dele.

"Escuto One Way Road, e sei onde estou no Summer time. Vejo o céu brilhando, e o vento assopra, balançando os cabelos. Tempos estranhos esses, em que todos os muros de todas as casas, ganham o visual da cerca elétrica. Já se foi o tempo em que os portões ficavam abertos, os muros eram baixos. Agora são cada vez mais altos, e com suas cercas elétricas. Construímos muros e nos aprisionamos. E deixamos que a violência fique livre do lado de fora. Que inveja. Eles conseguem ser livres. Penso.

Os bois comem a grama da praça livremente. Poderia ser um boi, livre. Mas acho que não gostaria de ruminar. Acho que também não gostaria de grama."

Comentários

Postagens mais visitadas

Assim que vamos

A maior parte de nós se vai dessa vida sem saber o quão importante foi para a vida de alguém. Uma reflexão dolorida que surge nesses momentos, em que pensamos que gestos simples de respeito tendem a se perder, enquanto o rancor - este sim é quase eterno.

Top 8 - Discos favoritos que ninguém liga

Uma lista de 8 discos que estão entre os meus favoritos de todos os tempos, mas que geralmente são completamente ignorados pela crítica especializada - e pelo público também, mas isso já seria esperado.  1) Snow Patrol - Final Straw (2003) Sendo justo, o terceiro disco do Snow Patrol recebeu críticas positivas quando foi lançado, ou, à medida em que foi sendo notado ao longo de 2003 e 2004. Mas, hoje ninguém se atreveria a citar esta pequena obra prima em uma lista de melhores discos dos anos 2000 e a culpa disso é mais do que o Snow Patrol se tornou depois, do que da qualidade do Final Straw . Antes deste lançamento o Snow Patrol era uma desconhecida banda escocesa de raízes norte-irlandesas, tentando domar suas influências de Dinosaur Jr. na tradicional capacidade melódica no norte da Grã Bretanha. Em Final Straw eles conseguiram juntar algum barulho suave do shoegaze com guitarras influenciadas pelo lo-fi e uma sonoridade épica, típica do pós-britpop radioheadiano. O resultado ...

Lembranças de shows

(Não que eu tenha ido em muitos shows na minha vida. Até por isso é mais fácil tentar lembrar de todos para este post/arquivo) Os Headliners (ou, aqueles que eu paguei para ver) Oasis em São Paulo, estacionamento do Credicard Hall (2006) O Oasis estava retornando ao Brasil após cinco anos, mas era como se fosse a primeira vez para muita gente. As apresentações de 1998 encerraram um ciclo produtivo ininterrupto de seis anos e a banda estava em frangalhos. Depois vieram dois discos ruins, que transformaram a banda em um dinossauro. No meio disso, uma apresentação no Rock in Rio no dia do Guns N Roses. Ou seja, a banda não apareceu por aqui nas desastrosas turnês de 2000 e 2002 (Na primeira, Noel chegou a abandonar a banda após Liam duvidar da paternidade de sua primeira filha. A turnê do Heathen Chemistry foi um desastre, com Liam cantando mal - vários shows tiveram longas sessões solo de Noel - os pulsos de Andy White não dando conta da bateria e diversas datas canceladas, seja por far...