Acho que já escrevi demais. Escrevi demais e ninguém leu. Seja em um blog pré-histórico, ou em um site de música no qual eu falava sobre cotidiano.
E acho que alguns realmente foram bons textos. Ou, eu pelo menos fiquei satisfeito na época. Para quem sempre quis dominar as palavras, e sonha em coloca-las de tal modo que pareça que um campo magnético as faz estar em tal disposição.
Gostei quando escrevi o seguinte paragráfo:
"E agora realmente chove muito. Meus óculos embaçam, e minha camisa está ensopada. Passo em frente a praça que hoje não tem o casal namorando no tronco da árvore. Devem estar em casa por conta da chuva. Passo pela esquina da minha rua e pela poça de água, que sempre se forma ali quando chove. Mais alguns metros e chego na minha casa. Pela última vez cumpro o trajeto escola-casa. Talvez todos os metros que já percorri nesse trajeto fossem suficientes para dar a volta na linha do equador. E agora?".
Gostava de escrever textos que divagassem sobre o que acontecia a minha volta enquanto eu caminhava. Caminhava tanto entre a escola, e depois o ponto de ônibus, que percebia tantas coisas. Via as mesmas pessoas nos mesmos lugares. Tinha meus devaneios. E geralmente a rua do meu bairro era a minha maior fonte de inspiração. Refletia tanto sobre o que via, nos 15-20 minutos que duravam a caminhada, que eu era capaz de escrever sobre tudo. Sobre o homem que vendia caldo de cana nos dias em que o INSS estava lotado e também sobre o incrível contraste do verde do topo das manguerias com céu azul, um azul profundo, do céu de outono.
Também gostava de escrever sobre personagens. Fracassados no geral. O fracasso me atraía. Também gostava de escrever textos que filosofassem sobre algum assunto besta, como se eu fosse um intelectual francês sentado em um café chique. Mais ou menos como isso que escrevo agora.
E claro, o tal cotidiano que eu tanto pensava. Hoje é a minha principal fonte de inspiração para escrever para o CH3. Eu tento perceber o lado bizarro, involuntariamente engraçado de qualquer coisa que vejo. Isso até irrita minha namorada.
Mas, eu não conseguiria escrever mais 100 textos de aproximadamente 3.500 carácteres, dia sim, dia não, se eu não fizesse isso.
No começo era mais fácil. Tinha tempo para escrever. Podia trabalhar uma semana em um texto, para fazer algo como a dieta do chá de cogumelo, que é meu texto favorito. Hoje... hoje não. Os dias anteriores aos dias de postar são angustiantes. Passo o tempo todo pensando em o que eu vou fazer. O que vou escrever. Qual é a coisa estranha que vai aparecer na minha frente e me dar uma boa idéia. E depois tentar escrever sobre ela.
E existem os dias que não dá certo. E nesses dias não resta nada além de empurrar uma besteira qualquer. E isso, às vezes, pode acontecer por três, quatro textos seguintes. E você, como pretenso aspirante a escritor de baixa-estima, terá a certeza de que é o seu fim. As pessoas perderão a confiança, e irão parar de ler o que você escreve, diante de tanta falta de inspiração reunida em 3 mil carácteres.
Talvez algumas pessoas podem rir, até gostar. Mas você sabe, que não está bom.
Também existem os casos das vezes em que você tem a absoluta certeza de ter escrito algo muito bom. E só meses, anos depois, percebe que era uma porcaria. Que as vírgulas estavam erradas, e que existiam palavras melhores para usar. E depois o texto pode voltar a ser bom. A poesia está no momento afinal.
E esses bons textos? Eles nunca poderão ser feitos de novo. Há uma ponta de frustração em imaginar que seus bons textos ficaram esquecidos em algum ponto. E que você talvez não consiga fazer algo melhor. Foram palavras desperdiçadas em um momento inoportuno.
E acho que alguns realmente foram bons textos. Ou, eu pelo menos fiquei satisfeito na época. Para quem sempre quis dominar as palavras, e sonha em coloca-las de tal modo que pareça que um campo magnético as faz estar em tal disposição.
Gostei quando escrevi o seguinte paragráfo:
"E agora realmente chove muito. Meus óculos embaçam, e minha camisa está ensopada. Passo em frente a praça que hoje não tem o casal namorando no tronco da árvore. Devem estar em casa por conta da chuva. Passo pela esquina da minha rua e pela poça de água, que sempre se forma ali quando chove. Mais alguns metros e chego na minha casa. Pela última vez cumpro o trajeto escola-casa. Talvez todos os metros que já percorri nesse trajeto fossem suficientes para dar a volta na linha do equador. E agora?".
Gostava de escrever textos que divagassem sobre o que acontecia a minha volta enquanto eu caminhava. Caminhava tanto entre a escola, e depois o ponto de ônibus, que percebia tantas coisas. Via as mesmas pessoas nos mesmos lugares. Tinha meus devaneios. E geralmente a rua do meu bairro era a minha maior fonte de inspiração. Refletia tanto sobre o que via, nos 15-20 minutos que duravam a caminhada, que eu era capaz de escrever sobre tudo. Sobre o homem que vendia caldo de cana nos dias em que o INSS estava lotado e também sobre o incrível contraste do verde do topo das manguerias com céu azul, um azul profundo, do céu de outono.
Também gostava de escrever sobre personagens. Fracassados no geral. O fracasso me atraía. Também gostava de escrever textos que filosofassem sobre algum assunto besta, como se eu fosse um intelectual francês sentado em um café chique. Mais ou menos como isso que escrevo agora.
E claro, o tal cotidiano que eu tanto pensava. Hoje é a minha principal fonte de inspiração para escrever para o CH3. Eu tento perceber o lado bizarro, involuntariamente engraçado de qualquer coisa que vejo. Isso até irrita minha namorada.
Mas, eu não conseguiria escrever mais 100 textos de aproximadamente 3.500 carácteres, dia sim, dia não, se eu não fizesse isso.
No começo era mais fácil. Tinha tempo para escrever. Podia trabalhar uma semana em um texto, para fazer algo como a dieta do chá de cogumelo, que é meu texto favorito. Hoje... hoje não. Os dias anteriores aos dias de postar são angustiantes. Passo o tempo todo pensando em o que eu vou fazer. O que vou escrever. Qual é a coisa estranha que vai aparecer na minha frente e me dar uma boa idéia. E depois tentar escrever sobre ela.
E existem os dias que não dá certo. E nesses dias não resta nada além de empurrar uma besteira qualquer. E isso, às vezes, pode acontecer por três, quatro textos seguintes. E você, como pretenso aspirante a escritor de baixa-estima, terá a certeza de que é o seu fim. As pessoas perderão a confiança, e irão parar de ler o que você escreve, diante de tanta falta de inspiração reunida em 3 mil carácteres.
Talvez algumas pessoas podem rir, até gostar. Mas você sabe, que não está bom.
Também existem os casos das vezes em que você tem a absoluta certeza de ter escrito algo muito bom. E só meses, anos depois, percebe que era uma porcaria. Que as vírgulas estavam erradas, e que existiam palavras melhores para usar. E depois o texto pode voltar a ser bom. A poesia está no momento afinal.
E esses bons textos? Eles nunca poderão ser feitos de novo. Há uma ponta de frustração em imaginar que seus bons textos ficaram esquecidos em algum ponto. E que você talvez não consiga fazer algo melhor. Foram palavras desperdiçadas em um momento inoportuno.
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