Brothers era também, um passo além de Attack Release, o bom disco anterior que já mostrava composições mais elaboradas.
Um ano depois, o grupo conquistou o mundo com a música e o clipe de Lonely Boy, que ajudaram a vender o disco El Camino. Um bom disco, mas com uma grande falha: era um disco sem alma. Tudo o que os Black Keys fizeram até então era uma música cheia de alma. Dan Auerbach pode não ser dos maiores guitarristas do mundo, mas ele sempre tocou com o coração, colocando feeling em todos os seus riffs. El Camino era um disco no piloto automático, com composições partilhadas com o produtor Danger Mouse, dando aquela impressão de que tudo era muito fabricado.
Isso se mostrou nos palcos. A execução das novas músicas era simplesmente horrível. Ao vivo eles eram incapazes de preencher todos os espaços preenchidos meticulosamente no estúdio. Os grandes momentos de suas apresentações continuavam sendo as canções antigas.
Turn Blue, o novo disco do grupo neste ano de 2014 praticamente sepulta a reputação de banda mais legal do mundo que eles poderiam ter. A dupla simplesmente esquece as guitarras em casa e lança um disco preenchido por tecladinhos, sintetizadores, coros e outras coisas mais que transformam o Black Keys em uma espécie de Arcade Fire de segunda divisão. Mais uma banda metida a besta fazendo um som "dançante", que está mais para David Guetta do que para The Stooges (isso devia ser uma pergunta que todo grupo de rock deveria fazer ao lançar seu disco. Estamos parecendo mais com David Guetta do que com Stooges? Stooges aqui, no caso, é um exemplo porque o grupo do Iggy Pop é uma clara referência para os primórdios do Black Keys).
Se há um grande momento? Sim. Weight of Love é uma grande canção e abre o disco dando a falsa expectativa de que o resto vai ser bom. Não é. Haja saco para aguentar os teclados e coros, bateria sempre marcada num clima de pista de dança. No mundo atual, parece que tocar guitarra é um crime.
RIP Black Keys. Foi bom enquanto durou.
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