Pular para o conteúdo principal

Memórias de Copa do Mundo (4)

As finais que eu vi, e a que eu vou ver

Revi algumas finais de quando eu não era nascido. A Copa de 70 teve um péssimo primeiro tempo e uma superioridade brasileira absurda no segundo. A Alemanha dominou a Holanda em 74 e outras coisas. Mas falo das finais que eu vi ao vivo.

A final da Copa de 94 foi um jogo travado. Só me lembro da bola na trave do Mauro Silva e daquela prorrogação interminável até o momento dos pênaltis. A bola para fora do Baggio e a comemoração.

Em 98 tínhamos uma grande esperança. Lembro da tensão e de ter sofrido com cada gol e com a expectativa de que o placar poderia ser revertido. Cada chance perdida era uma lamentação. Vendo depois, nem foram tantos. A França tocou mais a bola, o Brasil não fez nada. E os franceses tiveram uma dúzia de contra-ataques desperdiçados pelos péssimos atacantes que tinha.

Em 2002 a Alemanha dominou o começo do jogo, o Brasil melhorou e teve as chances mais agudas. O jogo foi amarrado, Kahn defendendo dali, Roque Jr limpando de cabeça. Até que veio o frango de Kahn. Duas bolas no gol da Alemanha e Kahn não pegou. Marcos fez duas grandes defesas e o placar foi 2x0.

A final de 2006 começou eletrizante. Pênalti e gol de Zidane. Cabeçada do Materazzi pra empatar. E depois... nada. Um time errava o cruzamento e o outro tentava sair no contra-ataque mas era travado no meio de campo, e o outro time roubava a bola na intermediária. Uma cabeçada de Zidane que Buffon defendeu e outra no peito de Materazzi e mais nada. O jogo foi pros Pênaltis e nem uma defesa houve. O pênalti que decidiu foi uma frustrante bola na trave.

E agora... a final de 2010. Aposto em um jogo travado. A Espanha deverá ter a posse de bola que é como o time gosta de jogar. A Holanda também gosta de jogar assim, não tanto como a Espanha. A chave para o jogo é conseguir travar a troca de passes espanhola. Se não conseguir, deve perder o jogo.

As duas equipes deverão trocar muito a bola e se bobear, quando for ver, o jogo já terá acabado. David Villa pode decidir sozinho e Sneijder pode chutar e contar com uma falha adversária, como já fez algumas vezes. Não coma muito no almoço, para não pegar no sono.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos