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Balanço da Temporada 2013 da Fórmula 1

A temporada 2013 da Fórmula 1 terminou ontem em Interlagos, em uma corrida que resumiu o que foi a temporada. Sebastian Vettel dominante, em uma Red Bull dominante, com Fernando Alonso fazendo seus milagres e a Mercedes fogo de palha. Abaixo, uma avaliação da atuação dos pilotos em 2013.

Sebastian Vettel: Temporada consagradora. Igualou o recorde de vitórias em uma temporada, com a incrível sequência de nove vitórias nas últimas nove corridas. Mais, venceu 11 das últimas 13 corridas do ano, massacrando a concorrência após um começo de temporada equilibrado. Quando a Red Bull não está bem, Vettel corre para os pontos e não se afasta dos líderes. Quando a Red Bull está bem, não dá para ninguém. Muitas de suas nove vitórias finais foram conseguidas de maneira humilhante, abrindo uma vantagem esmagadora sobre a concorrência logo no começo, para depois administrar o resultado. (A corrida de Cingapura foi especialmente humilhante, ele era 2 segundos mais rápido por volta em relação aos outros). Foi o mais jovem a pilotar um Fórmula 1 em um treino livre na Turquia em 2006 e foi o mais rápido logo na sua estreia. O mais jovem a pontuar, logo na sua estreia. O mais jovem a fazer uma pole, a vencer, a ganhar um título mundial. Agora o mais jovem tetra-campeão. Uma lenda viva.

Fernando Alonso: Alonso segue sua sina de brigar contra o carro. A Ferrari tinha um carro bom no começo da temporada, o que possibilitou duas vitórias ao espanhol e o sonho do título. Depois a Ferrari desandou e ele voltou ao seu destino de tirar mais do que o carro permite, para brigar, às vezes, por um quinto lugar. Foi o melhor do resto, de longe.

Mark Webber: Não dá para dizer que fez uma temporada boa. Na sua despedida da Fórmula 1, não venceu nenhuma corrida em um ano no qual seu companheiro conquistou 13 vitórias. Conseguiu o terceiro lugar no campeonato depois da saída de Raikkonen e graças a reta final dominante da Red Bull. Também sofreu com problemas nas corridas e nos treinos e com suas largadas sempre ruins. Deixa a Fórmula 1 de maneira simpática, com sua volta sem capacete. Piloto sempre correto.

Lewis Hamilton: Também andou mais do que seu carro e mais do que os pneus permitiam. O apetite da Mercedes pelos pneus tirou qualquer chance de querer alguma coisa a mais na temporada. Também pareceu bastante abatido na reta final de um campeonato em que, pelo menos, ele errou bem pouco.

Kimi Raikkonen: Foi um dos caras do começo do campeonato, quando a loucura dos pneus permitia um estrategia vencedora. Não conseguia bons lugares de largada, mas sempre teve um ritmo forte na corrida. Brigou pelo vice-campeonato, até encher o saco com a falta de salário e com uma dor nas costas. Ano que vem, volta a Ferrari para uma briga legal com Alonso.

Nico Rosberg: Outro que também sofreu com seu carro destruídor de pneus. Mas sofreu menos que seu companheiro e correu o ano inteiro no mesmo nível que Hamilton (não vamos negar, a expectativa é de que seria massacrado), e conseguiu duas boas vitórias. Fechou o ano bem e pode ser competitivo ano que vem. Mas não acho que tenha talento para ser campeão em condições normais.

Romain Grosjean: O francês da Lotus foi o melhor piloto da temporada pós-férias (Vettel não conta). Após um começo de ano ruim, parece que ele se deu melhor com a mudança de pneus que aconteceu após o GP da Inglaterra. Emendou uma série de resultados consistentes e fecha o ano com seis pódios. Na imprevisível temporada do ano que vem, pode sonhar em ganhar alguma corrida e acabar com o incrível jejum de 18 aos da França na F1.

Felipe Massa: Massa começou o ano bem, batendo Alonso em dois treinos, e parecia ser o piloto que resgatou a confiança no final de 2012. No entanto, parece que depois do GP da Espanha, que marcou seu único pódio na temporada, ele se perdeu (junto com a Ferrari, diga-se) e fez um resto de ano burocrático, onde se destacam apenas suas largadas, sempre boas. Vamos ver agora na Williams.

Jenson Button: A McLaren terminou o ano passado com o melhor carro e parecia que viria com tudo para esse ano. Para sorte de Button, seu companheiro não seria o competitivo Hamilton, mas o iniciante Pérez. Cenário perfeito, se não fosse pelo carro ruim. Button sofreu a temporada inteira, conseguindo alguns bons resultados graças ao seu cuidado com os pneus. Pelo menos bateu Pérez do início ao fim e conseguiu um honroso quarto lugar na última corrida.

Nico Hulkenberg: Hulkenberg parece ser o mais talentoso das equipes médias da Fórmula 1. Sofreu com uma Sauber deficiente no começo, mas o carro evoluiu depois das férias e Hulkenberg conseguiu uma série de bons resultados. Na Coreia, conseguiu um quarto lugar espetacular segurando meio mundo. Pena que ano que vem ele não estará em uma equipe competitiva. Seria um piloto para sonhar com títulos.

Sérgio Pérez: O veloz e impetuoso mexicano sofreu com uma McLaren ruim. Passou o ano inteiro brigando pelas últimas posições na zona de pontuação. Só conseguiu melhorar nas últimas quatro corridas, mas acabou dispensado pela equipe inglesa. Agora, luta para conseguir uma vaga ano que vem.

Paul di Resta: O escocês é um dos pilotos mais discretos do grid. Ninguém nunca se lembra que ele está na pista. Mesmo assim, começou o ano muito bem, se aproveitando do fato de que a Force India era generosa com seus pneus. Pontuou em oito das nove primeiras corridas, mas depois da mudança na estrutura dos pneus, caiu de rendimento e só conseguiu marcar dez pontos. Deve ter se despedido da Fórmula 1 ontem.

Adrian Sutil: Retornando a Fórmula 1 após um ano sabático, Sutil foi bem discreto. Fez uma ótima corrida de abertura na Austrália, mas depois foi deixado para trás por Di Resta. Também sofreu com a mudança nos pneus e a perda de competitividade da Force India, encerrando o ano de maneira bem discreta.

Daniel Ricciardo: Muito rápido em treinos, não tem um bom ritmo de corrida. Conseguiu dos sétimos lugares, suficientes para lhe garantirem uma vaga na Red Bull no ano que vem. Será a oportunidade da sua vida.

Jean-Eric Vergne: Fez um começo de temporada muito bom, conseguindo um sexto lugar no Canadá. No entanto, depois de perceber que Ricciardo seria o escolhido para a Red Bull, parece que se desmotivou e não voltou a pontuar no campeonato inteiro. Tem um bom ritmo de corrida, mas não é rápido nos treinos.

Esteban Gutiérrez: Piloto fraco. Conseguiu míseros seis pontos (contra 51 do seu companheiro!) e pontuou em apenas uma corrida. Conseguiu uma volta mais rápida, graças a situação dos pneus. Se a Sauber continuar com o patrocínio de Carlos Slim no ano que vem, seria melhor trazer o Pérez de volta.

Valtteri Bottas: O finlandês sofreu com uma Williams muito ruim, mas conseguiu mostrar algum potencial com o terceiro lugar no grid do Canadá e uma boa corrida nos Estados Unidos, quando conseguiu seus únicos quatro pontos na temporada. Torce por um carro melhor ano que vem.

Pastor Maldonado: Outra vítima da pior Williams da história. Conseguiu só um ponto e sai da equipe brigado com todo mundo. Levará seus petrodólares para a Lotus, mas não me parece ser capaz de grandes coisas. Pelo menos, deixou de ser um perigo ambulante nas pistas.

Jules Bianchi: O francês começou o ano muito bem, destruindo seus rivais nanicos. Depois o carro não melhorou em nada, mas pelo menos ele mostrou ser muito mais veloz que o companheiro.

Charles Pic: Piloto medíocre, o único que não conseguiu se classificar uma única vez para o Q2 neste campeonato.

Giedo van der Garde: O Holandês parecia ser uma aberração no começo do campeonato, mas depois se acertou e passou a bater o companheiro nos treinos. Mas não é nada demais também.

Max Chilton: Devagar e sempre, o inglês conseguiu completar todas as 19 corridas que disputou neste ano, uma façanha para um estreante, aliás, um recorde. Mais impressionante ainda, é constatar que ele foi o último em 12 destas corridas.

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