Pular para o conteúdo principal

Andei escutando (10)

Grateful Dead – Anthem of the Sun (1968): O rock psicodélico é algo muito mais legal na teoria do que na prática. Para escutar esse disco você precisa entrar no clima e libertar a sua mente. Talvez seja uma experiência melhor escutá-lo com fones de ouvido para se perder nos ruídos e efeitos sonoros. (mesmo assim admito que algumas músicas são interessantes para se escutar sem compromisso.)
Melhores: That’s for the other one e New Potato Caboose.

Manic Street Preachers – Journal for Plague Lovers (2009): Não deve ser fácil trabalhar com composições de um falecido. Se essa pessoa era próxima a você, deve ser ainda mais difícil. Mas os Manics conseguiram usar essa proximidade para fazer um disco com a cara da banda, como se o guitarrista Richey Edwards, desaparecido em 1995, ainda estivesse presente na banda. O disco é triste e perturbado como sua mente. Mas é muito bom.
Melhores: She bathed herself in a bath of bleach e Virginia State Epileptic Colony.

Pulp – This is Hardcore (1998): Seu nome é Jarvis Cocker, mas você pode chamá-lo de esquizofrenia. Sua capacidade de transformar letras estranhas sobre ajudar a terceira idade em refrões pegajosos é impressionante. Ok, em algumas horas ele exagera na cafonice, mas você consegue encontrar pelo menos meia dúzia de refrões elegantes.
Melhores: Help the aged e I’m a man.

T. Rex – The Slider (1972): É até lógico que o glam rock (ou glitter rock) seja brega, uma vez que em português o gênero seria traduzido como Rock Purpurina. Mas o fato é que todo mundo gosta de alguma coisa brega. O problema é quando Marc Bolan exagera. Você até se acostuma com as letras sobre mares cósmicos, mas quando ele começa a gritar e exagerar nos corais femininos... aí não dá.
Melhores: Metal Guru e The Slider.

Teenage Fanclub – Shadows (2010): Este parece ser o disco em que o Teenage Fanclub se encontra. Desde 1997 eles não lançavam um disco digno de nota e o seu antecessor, Man Made era tão fraco que beirava a insignificância total. Na casa dos 40 anos, os escoceses fazem um disco apaixonado e tranqüilo que cresce aos ouvidos depois de cada audição.
Melhores: Baby Lee e Shock and awe.

The Sleeptalkers – Back to Earth (2009): Andrew Langer deixou os Redwalls em 2008, alegando diferenças musicais. Para quem não sabe, os Redwalls são a atual melhor banda desconhecida do planeta. Ele montou esse seu novo projeto e, como sua voz se parece muito com a do vocalista do Redwalls (sim, não são a mesma pessoa) a sonoridade é bem próxima a de sua antiga banda. O resultado parece uma coletânea de músicas de menos brilho dos muros vermelhos. Difícil entender que diferenças musicais eram essas.
Melhores: 20th Century Breakdown e Selfish Human Unite.

Whiskeytown – Faithless Street (1995): A vida no interior não deve ser legal. O primeiro disco da banda que revelou Ryan Adams tem um som country ao extremo e versa sobre o amor. No geral as desilusões amorosas. O casamento é uma miséria, um jeito mais rápido de morrer. E para esquecer a desilusão, nada como beber rios de álcool para ficar embriagado. Ryan Adams chegaria no seu auge criativo apenas em 2001, mesmo.
Melhores: Too drunk to dream e Black Arrow, bleeding heart.

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab