Pular para o conteúdo principal

Decolagem

Sempre que vejo um avião decolando, me lembro da minha avó. Não que eu tenha uma boa metáfora sobre aviões, para explicar a vida. Não que minha avó tenha uma vida ligada a aviões, apesar de ter tido um irmão piloto.

Eu era uma criança que gostava de ir a aeroportos. Gostava da longa viagem, dos muitos caminhos que levavam ao aeroporto - os mais curtos, sempre esburacados - e de ver as bagagens sendo despachadas, as pessoas indo para a sala de embarque e o avião decolando. E como tudo isso dava certo.

Sonhei até em ser piloto de avião, meu primeiro desejo profissional. Mudei de idéia quando vi o vídeo de um primo de 2º grau que tirou o brevê. Jogavam óleo em cima do novato. A repulsa em ser banhado em óleo era maior do que a vontade de pilotar um avião, e eu desisti dessa loucura. Escolhi algo pior, o jornalismo.

Mas, a minha avó. Numa época em que eu muito fui a aeroportos, várias vezes acompanhei a decolagem ao lado da minha avó. E ela sempre observava a posição da biruta. Para que lado estava ventando. Sempre apostava, se o avião levantaria antes ou depois da biruta. Não lembro no que ela apostava e nem se ela acertava. Só me lembro desse comentário. E da sua teoria, quando o avião levantava depois, de que o mesmo estaria pesado.

Sempre que vejo um avião decolando, lá estou eu, prestando atenção se ele vai levantar antes ou depois da biruta.

Comentários

Postagens mais visitadas

1996 (De Novo)

Uma equipe inglesa dominante. Dois pilotos inconstantes brigando pelo título sem empolgar ninguém. O melhor piloto do grid correndo naquele que talvez seja o terceiro melhor carro do grid, mas mesmo assim conseguindo algumas grandes exibições que comprovam o seu status. Você pode imaginar que eu estou falando sobre a atual temporada da Fórmula 1, mas estou aqui descrevendo o ano de 1996. Quase 29 anos depois, assistimos o enredo de repetir, como se fosse um remake de temporada. Vejamos, se agora a McLaren entregou o melhor carro do ano, com folga, em 1996 este equipamento era o da Williams. O mundial é liderado por Oscar Piastri, que tal qual Damon Hill é um piloto constante, capaz de apagões eventuais, mas extremamente insosso. Seus adversários e companheiros era pilotos um pouco mais carismáticos, mas muito mais erráticos e que davam a impressão de não se importarem muito com a competição: Jacques Villeneuve e Lando Norris. (Para ser melhor, só se Piastri e Norris invertessem papéis,...

Em um ritmo diferente

Quando Noel Gallagher deixou o Oasis, decretando o fim da banda, os membros restantes decidiram seguir em frente, deixando muitas dúvidas. Um ano depois eles anunciaram o estranho nome Beady Eye, o que indicava que alguma coisa realmente estava acontecendo. A principal dúvida era: Noel Gallagher sempre foi o líder criativo do Oasis e, por mais que os outros tivessem aumentado e qualificado sua participação nos últimos anos, Noel ainda era o responsável pelas melhores músicas da banda. Os outros quatro conseguiriam seguir em frente? Ou se perderiam? De certa forma a resposta para as duas perguntas é afirmativa. O disco de estréia o Beady Eye, Different Gear, Still Speeding é cheio de altos e baixos, carente de uma produção melhor. Faltou alguém para conter alguns excessos. O guitarrista Andy Bell é o único que tem experiência em liderar alguma banda relevante, no caso o Ride no começo dos anos 90. E ele se destaca em relação aos demais. Suas composições têm as melhores letras do grupo, ...

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.