Pular para o conteúdo principal

Os mesmos 50 metros de sempre de Thiago Pereira

O ano era 2004 e Thiago Pereira fazia sua primeira final olímpica nos jogos de Atenas, nos 200 metros medley. O jovem de então 18 anos era mais um da nova geração de nadadores brasileiros que apareciam naquela competição, que se não rendeu medalhas, pelo menos rendeu resultados com alguma consistência.

Thiago fez uma grande prova, virou os 150 metros na terceira colocação, brigando pelo segundo lugar. Não aguentou o ritmo no final, fez o pior 50 metros entre os oito competidores e terminou na quinta colocação. Todos lamentaram, mas celebraram aquela façanha. Nosso menino de 18 anos tinha um grande futuro pela frente. Virou o símbolo da nossa natação.

Em 2007, durante os jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, Thiago virou o querido da galera. Nadou oito provas, ganhou seis medalhas de ouro. Repetiu a façanha no Pan e 2011 também. Por uma dessas loucuras da mídia nacional, ele chegou a ser comparado com Michael Phelps e sua obsessão pelos oito ouros olímpicos.

Porém, seus resultados em nível mundial não tinham a mesma expressividade. Acumulou quartos lugares em campeonatos mundiais. Conseguiu chegar ao pódio mundial apenas em 2013, mas com um roteiro parecido: liderou metade da prova, caiu no final e chegou em terceiro. Prata em 2015, depois de lidera a prova inteira e cair nos últimos 50 metros, com a pior parcial da piscina.

Nas Olimpíadas, conseguiu uma medalha, nos 400 medley em 2012. Não sem também cair muito na última parcial, mas contanto com a sorte de Michael Phelps ter quase parado na piscina pelo cansaço.

Nos 200 medley, sua prova favorita, foi quarto lugar em 2008 - caindo muito nos últimos 50 metros, e também em 2012, quando o desempenho nos metros finais não foi tão ruim assim.

Ontem no Rio de Janeiro, mais uma vez: parciais iniciais muito fortes, virada dos 150 metros em segundo lugar, muito perto do Michael Phelps. Queda brusca na metade final da última piscina, caindo para o sétimo lugar. Assisti a prova inteira pensando que ele não aguentaria a última virada, mas as provas de Thiago Pereira são como aqueles vídeos em que nós sabemos que vamos tomar um susto, mas acabamos assistindo até o final, porque queremos ser contrariados ou confirmados.

Depois de tanto tempo assistindo ao mesmo filme, eu digo até que não sei qual é a do Thiago Pereira. Se ele é um cara que tem como única estratégia possível forçar no início para segurar no final. Ou se ele é apenas sem noção, que acha que pode competir com o Phelps pela vitória e pagar para ver se vai aguentar. Juro que eu não sei.

Comentários

Postagens mais visitadas

Assim que vamos

A maior parte de nós se vai dessa vida sem saber o quão importante foi para a vida de alguém. Uma reflexão dolorida que surge nesses momentos, em que pensamos que gestos simples de respeito tendem a se perder, enquanto o rancor - este sim é quase eterno.

Top 8 - Discos favoritos que ninguém liga

Uma lista de 8 discos que estão entre os meus favoritos de todos os tempos, mas que geralmente são completamente ignorados pela crítica especializada - e pelo público também, mas isso já seria esperado.  1) Snow Patrol - Final Straw (2003) Sendo justo, o terceiro disco do Snow Patrol recebeu críticas positivas quando foi lançado, ou, à medida em que foi sendo notado ao longo de 2003 e 2004. Mas, hoje ninguém se atreveria a citar esta pequena obra prima em uma lista de melhores discos dos anos 2000 e a culpa disso é mais do que o Snow Patrol se tornou depois, do que da qualidade do Final Straw . Antes deste lançamento o Snow Patrol era uma desconhecida banda escocesa de raízes norte-irlandesas, tentando domar suas influências de Dinosaur Jr. na tradicional capacidade melódica no norte da Grã Bretanha. Em Final Straw eles conseguiram juntar algum barulho suave do shoegaze com guitarras influenciadas pelo lo-fi e uma sonoridade épica, típica do pós-britpop radioheadiano. O resultado ...

Lembranças de shows

(Não que eu tenha ido em muitos shows na minha vida. Até por isso é mais fácil tentar lembrar de todos para este post/arquivo) Os Headliners (ou, aqueles que eu paguei para ver) Oasis em São Paulo, estacionamento do Credicard Hall (2006) O Oasis estava retornando ao Brasil após cinco anos, mas era como se fosse a primeira vez para muita gente. As apresentações de 1998 encerraram um ciclo produtivo ininterrupto de seis anos e a banda estava em frangalhos. Depois vieram dois discos ruins, que transformaram a banda em um dinossauro. No meio disso, uma apresentação no Rock in Rio no dia do Guns N Roses. Ou seja, a banda não apareceu por aqui nas desastrosas turnês de 2000 e 2002 (Na primeira, Noel chegou a abandonar a banda após Liam duvidar da paternidade de sua primeira filha. A turnê do Heathen Chemistry foi um desastre, com Liam cantando mal - vários shows tiveram longas sessões solo de Noel - os pulsos de Andy White não dando conta da bateria e diversas datas canceladas, seja por far...