1) O Saque vencedor de Marcelo Negrão
Brasil e Holanda disputavam a final olímpica do vôlei nas Olimpíadas de Barcelona em 1992. Era um tempo diferente, em que o jogo contava com um sistema de vantagens que proporcionava uma interminável troca de bolas sem que um ponto fosse efetivamente marcado. Restava apenas um ponto para o título e os times revezavam vantagens, jogadores forçando o saque para tentar o ponto final. Até que Marcelo Negrão, o destaque daquele time, pegasse o impulso e eu falasse “é agora”. Meu lado vidente se confirmou e eu, com cinco anos, tive certeza que minha palavra pesou para a medalha de ouro. Era dia dos pais. Abracei meu pai na comemoração.
2) Muhammad Ali acende a pira
Abertura dos jogos de Atlanta, 1996. A tocha percorre o estádio olímpico na expectativa de quem será o responsável por acender a pira olímpica. Muhammad Ali. O maior boxeador de todos os tempos, medalhista olímpico que teve a sua medalha cassada por se recusar a lutar no Vietnã foi o responsável. Eu não sabia de nada sobre ele, mas lembro da emoção de todos com o momento, com aquela figura combalida pelo Mal de Parkinson acendendo a pira.
3) Donovan Bailey e o paradigma de velocidade
Ao que consta, o canadense Donovan Bailey não foi o maior corredor do mundo antes e depois de 27 de julho de 1996. Mas, naquele dia, na final dos 100 metros rasos ele cravou o tempo de 9 segundos e 84 décimos, novo recorde mundial e conquistou a medalha de ouro. 9,84. O tempo ficou gravado na minha memória e era o paradigma de velocidade. Os bons, realmente bons, corriam em tempos próximos a esse.
4) Vai Claudinei
Nos sofridos jogos de Sidnei já dava pra perceber que o Brasil não levaria nenhuma medalha de ouro e restava se contentar com pratas e bronzes. Nenhuma medalha foi tão marcante quanto a prata no revezamento 4x100 do atletismo. A corrida em curva de André Domingos entregando o bastão para Claudinei Quirino em terceiro lugar. Sua arrancada final rumo a medalha de prata embalando a madrugada brasileira.
5) O refugo de Baloubet du Rouet
Decepção após decepção, só nos restava Rodrigo Pessoa. Jóquei multicampeão mundial, o melhor do mundo, montado em Baloubet du Rouet. Os dois avançaram pelas fases sempre em posições privilegiadas e na grande final seria o último a entrar na pista. Se zerasse o percurso, era ouro. Se derrubasse um obstáculo iria para o desempate mas garantia medalha. O cavalo ia bem até que de repente parou. Refugou, soubemos ali era o termo correto. Ele ainda estava na briga, mas refugou novamente, simplesmente se recusou a tentar pular por um obstáculo específico e decretou o Brasil sem ouro e colocou o hipismo no centro das discussões nacionais.
6) A queda do brasileirinho
Quando Daiene dos Santos foi campeã mundial de ginástica, ela foi alçada ao posto de símbolo nacional. Mulher negra e corpulenta, uma estranha naquele mundo reduzido das ginastas. Se apresentava ao som do Brasileirinho e executava movimentos complexos dos quais só ela era capaz. O Duplo Twist Carpado. Se tudo desse certo, ela era imbatível. Não sei dizer porque, mas eu sentia que não ia dar certo. Sempre desconfio das medalhas absolutas do Brasil e Daiane acabou desabando no chão ao fim de uma das manobras. Terminou em sexto lugar e virou alvo da ira seletiva nacional que aparece a cada quatro anos.
7) Uma mensagem de Pequim para o mundo
A abertura dos jogos de Pequim são inesquecíveis. A contagem regressiva que resultou na apresentação dos tambores iluminados foi uma das manifestações artísticas mais bonitas que eu já vi na minha vida. Toda a abertura foi impecável, em um nível jamais visto nessas festas. A mensagem era clara: impressionar o mundo. A China saía de trás da muralha e exibia sua grandeza para todos.
8) Phelps e a vitória que enganou os olhos
A história registra as oito medalhas de ouro que Michael Phelps conquistou nos jogos de Pequim. De certa forma, parece que as vitórias eram uma certeza absoluta e seis delas foram razoavelmente tranquilas, pelo menos para quem estava fora da piscina. Entre todas, a mais impressionante foi a conquista nos 100 metros borboleta. Phelps virou os primeiros cinquenta metros muito atrás e estava atrás nos metros finais, quando começou a avançar como se fosse um monstro devorador de água. Os olhos do mundo enxergaram a vitória de Mirolad Cavic, mas as imagens ultralentas confirmaram a vitória em uma última braçada supersônica.
9) Usain Bolt e a relatividade do tempo
Como esquecer a vitória de Usain Bolt na final dos 100 metros em Pequim? Batendo o recorde mundial com um tempo absurdo, com uma vantagem enorme sobre os adversários e ainda batendo no peito. Depois disso ele bateu o recorde e transformou a corrida na casa de 9,6 em algo corriqueiro, mas sua demonstração de superioridade na pista do ninho do pássaro foi um dos maiores momentos da história do esporte.
10) A vitória de uma geração
Brasil e Rússia, quartas-de-final das Olimpíadas de 2012. Jogo tenso, tie break ainda mais tenso e a Rússia conseguia um match point atrás do outro. Foram seis chances de vitória, quase todas revertidas em ataques extraplanetários de Sheila. O ponto da vitória brasileiro veio com uma cravada de Fabiana que tirou o grito da garganta de todos e comprovou que aquele era um time vitorioso e cheio de brios, que conquistou uma medalha de ouro que parecia improvável.
Brasil e Holanda disputavam a final olímpica do vôlei nas Olimpíadas de Barcelona em 1992. Era um tempo diferente, em que o jogo contava com um sistema de vantagens que proporcionava uma interminável troca de bolas sem que um ponto fosse efetivamente marcado. Restava apenas um ponto para o título e os times revezavam vantagens, jogadores forçando o saque para tentar o ponto final. Até que Marcelo Negrão, o destaque daquele time, pegasse o impulso e eu falasse “é agora”. Meu lado vidente se confirmou e eu, com cinco anos, tive certeza que minha palavra pesou para a medalha de ouro. Era dia dos pais. Abracei meu pai na comemoração.
2) Muhammad Ali acende a pira
Abertura dos jogos de Atlanta, 1996. A tocha percorre o estádio olímpico na expectativa de quem será o responsável por acender a pira olímpica. Muhammad Ali. O maior boxeador de todos os tempos, medalhista olímpico que teve a sua medalha cassada por se recusar a lutar no Vietnã foi o responsável. Eu não sabia de nada sobre ele, mas lembro da emoção de todos com o momento, com aquela figura combalida pelo Mal de Parkinson acendendo a pira.
3) Donovan Bailey e o paradigma de velocidade
Ao que consta, o canadense Donovan Bailey não foi o maior corredor do mundo antes e depois de 27 de julho de 1996. Mas, naquele dia, na final dos 100 metros rasos ele cravou o tempo de 9 segundos e 84 décimos, novo recorde mundial e conquistou a medalha de ouro. 9,84. O tempo ficou gravado na minha memória e era o paradigma de velocidade. Os bons, realmente bons, corriam em tempos próximos a esse.
4) Vai Claudinei
Nos sofridos jogos de Sidnei já dava pra perceber que o Brasil não levaria nenhuma medalha de ouro e restava se contentar com pratas e bronzes. Nenhuma medalha foi tão marcante quanto a prata no revezamento 4x100 do atletismo. A corrida em curva de André Domingos entregando o bastão para Claudinei Quirino em terceiro lugar. Sua arrancada final rumo a medalha de prata embalando a madrugada brasileira.
5) O refugo de Baloubet du Rouet
Decepção após decepção, só nos restava Rodrigo Pessoa. Jóquei multicampeão mundial, o melhor do mundo, montado em Baloubet du Rouet. Os dois avançaram pelas fases sempre em posições privilegiadas e na grande final seria o último a entrar na pista. Se zerasse o percurso, era ouro. Se derrubasse um obstáculo iria para o desempate mas garantia medalha. O cavalo ia bem até que de repente parou. Refugou, soubemos ali era o termo correto. Ele ainda estava na briga, mas refugou novamente, simplesmente se recusou a tentar pular por um obstáculo específico e decretou o Brasil sem ouro e colocou o hipismo no centro das discussões nacionais.
6) A queda do brasileirinho
Quando Daiene dos Santos foi campeã mundial de ginástica, ela foi alçada ao posto de símbolo nacional. Mulher negra e corpulenta, uma estranha naquele mundo reduzido das ginastas. Se apresentava ao som do Brasileirinho e executava movimentos complexos dos quais só ela era capaz. O Duplo Twist Carpado. Se tudo desse certo, ela era imbatível. Não sei dizer porque, mas eu sentia que não ia dar certo. Sempre desconfio das medalhas absolutas do Brasil e Daiane acabou desabando no chão ao fim de uma das manobras. Terminou em sexto lugar e virou alvo da ira seletiva nacional que aparece a cada quatro anos.
7) Uma mensagem de Pequim para o mundo
A abertura dos jogos de Pequim são inesquecíveis. A contagem regressiva que resultou na apresentação dos tambores iluminados foi uma das manifestações artísticas mais bonitas que eu já vi na minha vida. Toda a abertura foi impecável, em um nível jamais visto nessas festas. A mensagem era clara: impressionar o mundo. A China saía de trás da muralha e exibia sua grandeza para todos.
8) Phelps e a vitória que enganou os olhos
A história registra as oito medalhas de ouro que Michael Phelps conquistou nos jogos de Pequim. De certa forma, parece que as vitórias eram uma certeza absoluta e seis delas foram razoavelmente tranquilas, pelo menos para quem estava fora da piscina. Entre todas, a mais impressionante foi a conquista nos 100 metros borboleta. Phelps virou os primeiros cinquenta metros muito atrás e estava atrás nos metros finais, quando começou a avançar como se fosse um monstro devorador de água. Os olhos do mundo enxergaram a vitória de Mirolad Cavic, mas as imagens ultralentas confirmaram a vitória em uma última braçada supersônica.
9) Usain Bolt e a relatividade do tempo
Como esquecer a vitória de Usain Bolt na final dos 100 metros em Pequim? Batendo o recorde mundial com um tempo absurdo, com uma vantagem enorme sobre os adversários e ainda batendo no peito. Depois disso ele bateu o recorde e transformou a corrida na casa de 9,6 em algo corriqueiro, mas sua demonstração de superioridade na pista do ninho do pássaro foi um dos maiores momentos da história do esporte.
10) A vitória de uma geração
Brasil e Rússia, quartas-de-final das Olimpíadas de 2012. Jogo tenso, tie break ainda mais tenso e a Rússia conseguia um match point atrás do outro. Foram seis chances de vitória, quase todas revertidas em ataques extraplanetários de Sheila. O ponto da vitória brasileiro veio com uma cravada de Fabiana que tirou o grito da garganta de todos e comprovou que aquele era um time vitorioso e cheio de brios, que conquistou uma medalha de ouro que parecia improvável.
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