Pular para o conteúdo principal

O gol do ano

O gol que James Rodríguez marcou na partida contra o Uruguai nas oitavas de final da Copa do Mundo foi realmente espetacular. Quando ele marcou esse gol, todos ficamos impressionados. Já estávamos impressionados com o garoto que arrebentou na primeira fase e havia marcado um golaço contra o Japão, aqui em Cuiabá. Todos pensamos que seria o gol mais bonito da Copa.

Mas o tempo, ah, o tempo. Ele não deixa margem de comparação. O gol de Van Persie foi, talvez não mais bonito, mas muito mais espetacular. Chutes com o de James são raros, mas acontecem, já vimos por aí. O peixinho voador de Van Persie é único. Ninguém nunca viu nada parecido. O lançamento de quarenta metros, a corrida solitária, o salto no ar e a cabeçada que encobriu Casillas. Plástico e espetacular. O gol do ano, do século, o gol de uma vida.

Um gol simbólico. Não há como negar, esse foi o gol que deu início a Copa do Mundo. Se o torneio estava com um clima estranho entre protestos, aberto com um jogo mediano do Brasil e um México x Camarões, o gol de Van Persie resolveu tudo. Foi o gol que mostrou que estava tendo Copa e que aquilo ali era legal para caramba. O gol que abriu o caminho para um massacre que até então não se desenhara. Gol que acabou com os protestos, promoveu a paz mundial, criou o clima de festa nas ruas e todos se entregaram ao amor. Foi esse gol. Se ele fosse feito todos os dias, todas essas brigas históricas já teriam sido encerradas.

Ou não. Porque um gol assim não acontece todo dia e justamente por isso ele é espetacular.

***
Esperado e merecido que Cristiano Ronaldo tenha sido eleito o melhor do mundo. Esperada também sua atitude babaca e seu grito babaca, certas coisas não podem ser negadas. No mínimo exótico foi a escolha de David Luiz para a zaga do ano. Assim como Iniesta, gênio interminável, mas que não podia fazer parte de uma seleção do ano.

Comentários

Postagens mais visitadas

Faixa-a-faixa de Shaka Rock, o último disco do Jet

 Ou: analisando um dos piores discos da história Com origem na cidade de Melbourne, o Jet foi um dos destaques do novo rock, como convencionou-se chamar a leva de bandas nascidas no início dos anos 2000, que em geral faziam um revival de sons mais antigos. No caso do Jet, sua influência mais óbvia eram seus conterrâneos do AC/DC na pegada Hard Rock. Mas Rolling Stones não outra influência clara - nos rocks e nas baladas, além do Oasis - principalmente nas baladas. O primeiro disco do grupo, Get Born , era muito bom. Nada de muito inovador, mas uma coleção de riffs e refrãos pegajosos, expondo uma nova geração ao headbang. Na sequência, Shine On  decepcionava, mas ainda tinha seus pontos positivos. Em 2009 eles colocaram ao mundo Shaka Rock , seu terceiro e último disco. Uma bomba sem tamanho, uma coleção de músicas pouco inspiradas com algumas francamente ruins. A primeira faixa K.I.A. (Killed in Action) é uma crítica rasa ao consumismo em que uma guitarrinha aqui e ali tentam dar o to

Faixa de pedestres

Em plena Avenida dos Trabalhadores um jovem trabalhador negro se aproxima da faixa de pedestres segurando a sua bicicleta. Ainda não eram 7h30 da manhã e o trânsito começava a ficar pesado na semana em que muitas férias se encerravam. Um carro para, ele avança pela faixa da esquerda. Na faixa central uma caminhonete diminuí a velocidade e o trabalhador segue sua travessia. Era impossível não notar sua caminhada para o outro lado da rua. No entanto, a caminhonete apenas diminuía a velocidade para passar por cima da faixa, sobe a faixa no momento em que o ciclista pedestre entra no mesmo espaço, aquele espaço que dois corpos não podem ocupar ao mesmo tempo. O motorista da picape atinge a roda dianteira do ciclista que com o impacto se desequilibra e quase caí no chão. Revoltado ele gesticula contra o motorista, que pede desculpas constrangidas. Sem maiores danos físicos, exceto o susto da quase tragédia, o ciclista segue para a calçada e o motorista segue seu caminho. Eis um momento que

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.