Pular para o conteúdo principal

Foo Fighters: Banda de Rock Padrão

Sexta-feira de manhã, chego a minha academia e ela está completamente vazia. A dona do estabelecimento inclusive cochilava, deitada, em um desses aparelhos de exercícios aeróbicos. A TV ligada no Bom Dia Mato Grosso, num volume quase encoberto pelos ventiladores. Assino meu nome na lista de frequência e vejo que realmente sou o único no local.

Quando passo pela catraca, ela se assusta e acorda, envergonhada. Não havia como negar que estava dormindo e disse que estava ali desde as seis da manhã, sem nenhuma viva alma por lá. Disse que tudo bem e segui para a bicicleta ergométrica, enquanto ela voltava para seu posto na "recepção". Então, ela colocou uma música para tocar.

Música de academia é aquela coisa: remixes dos mais variados, CDs do David Guetta e outras coisas pop, que não sei exatamente quem é que canta. Digo que me mantenho atualizado sobre os lançamentos de Rihanna e similares pela academia. Não dessa vez. Quando a música começa a tocar logo reconheço que é The Pretender, do Foo Fighters.

Ao longo dos 45, talvez 50 minutos em que fiquei na academia, só tocou Foo Fighters. Best of You, All My Life, Times Like These, Long Road do Ruin, Rope, Monkey Wrench. Nada de nenhum DJ francês.

Não que jamais tenha tocado rock por lá. De vez em quando os instrutores separam uma pequena lista que tem Millencollin, Green Day e Offspring. Algo que não passa de cinco ou seis músicas. Mesmo o FF já teve uma ou duas músicas tocas em uma dessas.

Acredito que, sinceramente, minha presença solitária por lá deve ter sido a responsável para que o rock fosse a trilha sonora. Para ser agradável, a proprietária da academia deve ter pensado que eu gostava de rock e colocou o Foo Fighters. Agora, por que Foo Fighters?

Porque Foo Fighters é a banda de rock padrão do momento. Fãs de rock são muito chatos, gostam de estilos específicos e desprezam outros tantos. Um artista que é idolatrado por uns chega a causar repugnância em outros. Mas sempre há uma banda de rock que faz um sucesso com a massa e que é certeza de que qualquer um vai gostar e essa banda hoje em dia é justamente o Foo Fighters.

Já foi Red Hot Chili Peppers em algum momento, acredito que já tenha sido o Aerosmith e Guns And Roses. Hoje é a banda do Dave Grohl.

Sim, eu gosto de Foo Fighters. The Colour and the Shape, There's nothing left to lose e Wasting Light são grandes discos, o resto cheira a mediocridade.

Mas não acho que seja um grande mérito para uma banda disputar espaço com David Guetta.

Comentários

Postagens mais visitadas

Faixa-a-faixa de Shaka Rock, o último disco do Jet

 Ou: analisando um dos piores discos da história Com origem na cidade de Melbourne, o Jet foi um dos destaques do novo rock, como convencionou-se chamar a leva de bandas nascidas no início dos anos 2000, que em geral faziam um revival de sons mais antigos. No caso do Jet, sua influência mais óbvia eram seus conterrâneos do AC/DC na pegada Hard Rock. Mas Rolling Stones não outra influência clara - nos rocks e nas baladas, além do Oasis - principalmente nas baladas. O primeiro disco do grupo, Get Born , era muito bom. Nada de muito inovador, mas uma coleção de riffs e refrãos pegajosos, expondo uma nova geração ao headbang. Na sequência, Shine On  decepcionava, mas ainda tinha seus pontos positivos. Em 2009 eles colocaram ao mundo Shaka Rock , seu terceiro e último disco. Uma bomba sem tamanho, uma coleção de músicas pouco inspiradas com algumas francamente ruins. A primeira faixa K.I.A. (Killed in Action) é uma crítica rasa ao consumismo em que uma guitarrinha aqui e ali tentam dar o to

Faixa de pedestres

Em plena Avenida dos Trabalhadores um jovem trabalhador negro se aproxima da faixa de pedestres segurando a sua bicicleta. Ainda não eram 7h30 da manhã e o trânsito começava a ficar pesado na semana em que muitas férias se encerravam. Um carro para, ele avança pela faixa da esquerda. Na faixa central uma caminhonete diminuí a velocidade e o trabalhador segue sua travessia. Era impossível não notar sua caminhada para o outro lado da rua. No entanto, a caminhonete apenas diminuía a velocidade para passar por cima da faixa, sobe a faixa no momento em que o ciclista pedestre entra no mesmo espaço, aquele espaço que dois corpos não podem ocupar ao mesmo tempo. O motorista da picape atinge a roda dianteira do ciclista que com o impacto se desequilibra e quase caí no chão. Revoltado ele gesticula contra o motorista, que pede desculpas constrangidas. Sem maiores danos físicos, exceto o susto da quase tragédia, o ciclista segue para a calçada e o motorista segue seu caminho. Eis um momento que

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.