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A magia do quase gol

Acredito que a grande graça do futebol, em relação a outros esportes, é que nele, o que não aconteceu pode ser tão interessante quanto o que aconteceu. Veja o basquete, ou o vôlei. A graça está na concretização do ponto, o time que desperdiça essas oportunidades estará fatalmente condenado a derrota.

No futebol, não. Os times que criam muitas oportunidades, e por vezes, perdem muitos gols, são mais festejados do que aqueles mortíferos, que atacam para fazer o gol, apenas. Um 4x0, construído em 4 chances de gol, terá menos charme, ou chamará menos a atenção do que um 3x1 em que o time teve 14 chances de balançar as redes. A bola na trave, o milagre do goleiro, aquela bola que passa em frente ao gol sem ninguém para empurrar... elas tem tanta graça quanto o gol.

Principalmente a grande jogada que não entrou por um senão. Os quatro quase-gols antológicos que Pelé não marcou na Copa de 1970 são mais lembradas que os quatro gols que ele fez nessa Copa. O gol é o fato consumado do jogo, o quase-gol abre espaço para a imaginação. Cria aquela ponta de lamentação, faz a gente fechar o olho e pensar naquela bola entrando para a consagração.

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