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O artista é livre

A manchete era simples, mas chamou minha atenção. "Fãs querem que Plant toque mais Led Zeppelin". Robert Plant, lenda viva e vocalista do Led Zeppelin está tocando em São Paulo neste exato momento.

Pelo o que eu li, no seu show ele toca cerca de 20 canções, sendo que apenas 7 são do Led Zeppelin. Sim, o LZ é o principal momento da sua carreira, mas Plant tem uma carreira justamente. Seu conjunto não lança discos há 30 anos e nesse período ele teve inúmeros projetos. Em 40 e poucos anos de carreira, o Led Zeppelin não ocupou um 1/3. Creio que nada seja mais natural do que ele dar espaço a tudo o que ele já fez em tantos anos.

Os fãs também tem o direito de querer ver as músicas que mais gostam. Mas, não sei se o Robert Plant de hoje é o mesmo de 40 anos atrás. Talvez, o Plant de hoje não escute nada de rock, seu interesse esteja justamente em música indiana, marroquina. Talvez, no carro, ele escute músicas que ninguém imagina que ele escutaria. O artista, em uma carreira solo, tem o direito de se apresentar como o que ele é atualmente. Muito mais autêntico do que bancar o cover de si próprio, o melhor cover.

Acho até, que as poucas músicas do Zepellin que ele toca, são um sinal de respeito aos fãs. Talvez, ele não quisesse tocar nenhuma, mas, entrega algumas músicas de bandeja, para que todos possam ficar satisfeitos.

Coisa parecida aconteceu quando Bob Dylan esteve aqui este ano e suas versões deixaram a plateia confusa. Oras, Dylan viveu essas canções nos últimos 50 anos. São suas. Ele tem o direito de fazer o que quiser. Ainda mais Dylan, que já foi folk, já foi motoqueiro, já foi gospel, já foi tudo. As músicas que ele canta são o que ele são.

O Robert Plant que toca hoje em São Paulo é este senhor de 64 anos. Não o garotão de 40 anos atrás que gritava You Shock Me.

Não acho que seja a toa que Plant termine seus shows com a clássica Rock 'n' Roll, canção que diz "It's been a long time since I rock and roll". Faz tempo mesmo.

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