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Mendigando emoções

Depois que a Mercedes estabeleceu o maior domínio da história da Fórmula 1 - nunca ninguém havia ganho tanto em um período de três anos - qualquer coisa que não fosse uma dobradinha prateada no Grande Prêmio da Austrália já deixaria os telespectadores felizes. De fato, isso aconteceu com a vitória estratégica de Sebastian Vettel, que indica que nesse ano poderemos ter alguma disputa pelo título.

Mas foi só. A corrida australiana foi uma entendiante abertura de campeonato, igual as que vimos nos últimos três anos - desde 2013 não temos uma corrida de abertura minimamente interessante. Ao que tudo indica, essa temporada de 2017 será uma temporada de ultrapassagens miseráveis e corridas definidas na estratégia. Talvez lembre a temporada 2007, disputa emocionante em corridas chatas.

A transmissão foi um horror e parecia feita por um pessoal que nunca tinha trabalhado no assunto - o que foi colocar o Kvyat na disputa pelo segundo lugar, 40 segundos atrás e com uma parada a menos?

Além da provável disputa de equipes, a única coisa interessante dessa temporada é que os carros mais rápidos e difíceis poderão dar uma dimensão melhor do potencial dos pilotos. Ao contrário dos últimos anos em que víamos várias dobradinhas nos grids. Deu pra ver o quanto o Stroll foi mais lento que o Massa, o quanto o Palmer é pior que o Hulkenberg, a diferença do Alonso para o Vandoorne, do Grosjean para o Magnussen.

Diferença que eles terão que comprovar principalmente na largada. Em 2017 as largadas serão mais importante do que nunca, assim como os treinos. Bom para Vettel, Massa, Alonso, pilotos que teoricamente largam bem (bom dentro de suas expectativas - vitória, pódio e pontos), ruim para Hamilton que ano passado perdeu o título por largar mal em pelo menos cinco corridas.

Mas, enquanto espetáculo, a expectativa não é boa. Esta primeira corrida só satisfez um pouco porque andamos mendigando qualquer emoção nos últimos anos.

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