Ao que tudo indica, a Polícia Federal cometeu alguns equívocos na divulgação dos resultados da Operação Carne Fraca. Não é nenhuma novidade, uma vez que os órgãos fiscalizadores costumam a superdimensionar suas operações e encontram na mídia um ótimo caminho de difundir a informação muitas vezes equivocadas. Parece que houve um grande equívoco na história do papelão, por exemplo.
Mas, também parece certo dizer que foram cometidas irregularidades na fiscalização de frigoríficos, exatamente 21. Não sei dizer ao certo o quanto de carne foi produzida nesses estabelecimentos e parece difícil dimensionar o quanto de carne foi adulterada e quantas pessoas foram atingidas por essa fraude.
São dois fatos que me parecem consumados e um não invalida o outro.
Depois de um breve baque inicial com a denúncia da fraude que envolve 21 frigoríficos e 30 e poucos funcionários do setor de fiscalização da Ministério da Agricultura, o Governo fez uma contraofensiva intensa contra a operação, com o principal objetivo de proteger o mercado. O Brasil é um dos grandes exportadores de carne do mundo e dezenas de países realizaram embargos e suspenderam as importações da carne brasileira, mesmo que temporariamente.
Não dá para dizer que o Governo esteja equivocado, a perda de mercado internacional de um importante produto brasileiro é certamente um baque para a economia já combalida. No entanto, a principal estratégia governamental e do setor empresarial tem sido desmoralizar a ação da polícia federal, que realmente foi repleta de equívocos, mas que, convém lembrar, mesmo assim descobriu malfeitos importantes.
Michel Temer e o ministro Blairo Maggi são enfáticos em reforçar a qualidade da carne brasileira e reduzem as investigações a meros 21 dos 4.800 frigoríficos brasileiros, a 38 dos 10 mil funcionários do Ministério. Realmente é uma parcela pequena, mas há um fato que não pode ser escondido: havia um esquema de corrupção, carne podre foi mascarada para ser vendida e pessoas podem ter sido severamente prejudicadas por essa falha no sistema, tanto do ponto de vista do consumidor, quanto do ponto de vista sanitário.
Não deveria ser difícil, imagino eu, conciliar os dois lados, reforçar que a carne brasileira em sua maioria tem segurança na produção, mas que falhas acontecem e que está é uma boa oportunidade de corrigir as falhas, reforçar o esquema de segurança, melhorar a qualidade do produto e em um futuro próximo alcançar um mercado ainda maior pelo trabalho. No entanto, há apenas a minimização dos fatos.
O que prevalece é a lógica do mercado, a mesma lógica que levou a fraude inicial. Não podemos perder clientes por conta de uma pequena bobagem e que se danem as pessoas prejudicadas. Há, por outro lado, a oportunidade política de desmoralizar a ação da Polícia Federal.
Nos últimos três a Operação Lava Jato, desencadeada pela PF tem abalado as estruturas políticas nacionais. Uma operação que, ao mesmo tempo em que encontra crimes, superdimensiona resultados, toma algumas medidas desastradas, como se guiadas por alguma orientação de justiça divina.
Onze em cada dez políticos investigados na Operação gostariam de que a PF tivesse seus poderes restringidos, para tentar a sobrevivência política. Há tempos existe um projeto sobre o abuso de autoridade, que nunca encontrou respaldo necessário para sair do papel.
O exagero da ação policial que provocou prejuízos econômicos em um grande setor e despertou ira de grande parcela da população é a grande oportunidade para uma campanha de desmoralização da Polícia Federal, que pode tirar projetos do papel e tirar força inclusive da Lava Jato, mesmo no âmbito da opinião pública. A lógica de mercado e a oportunidade política encontram interesses em comum.
Mas, também parece certo dizer que foram cometidas irregularidades na fiscalização de frigoríficos, exatamente 21. Não sei dizer ao certo o quanto de carne foi produzida nesses estabelecimentos e parece difícil dimensionar o quanto de carne foi adulterada e quantas pessoas foram atingidas por essa fraude.
São dois fatos que me parecem consumados e um não invalida o outro.
Depois de um breve baque inicial com a denúncia da fraude que envolve 21 frigoríficos e 30 e poucos funcionários do setor de fiscalização da Ministério da Agricultura, o Governo fez uma contraofensiva intensa contra a operação, com o principal objetivo de proteger o mercado. O Brasil é um dos grandes exportadores de carne do mundo e dezenas de países realizaram embargos e suspenderam as importações da carne brasileira, mesmo que temporariamente.
Não dá para dizer que o Governo esteja equivocado, a perda de mercado internacional de um importante produto brasileiro é certamente um baque para a economia já combalida. No entanto, a principal estratégia governamental e do setor empresarial tem sido desmoralizar a ação da polícia federal, que realmente foi repleta de equívocos, mas que, convém lembrar, mesmo assim descobriu malfeitos importantes.
Michel Temer e o ministro Blairo Maggi são enfáticos em reforçar a qualidade da carne brasileira e reduzem as investigações a meros 21 dos 4.800 frigoríficos brasileiros, a 38 dos 10 mil funcionários do Ministério. Realmente é uma parcela pequena, mas há um fato que não pode ser escondido: havia um esquema de corrupção, carne podre foi mascarada para ser vendida e pessoas podem ter sido severamente prejudicadas por essa falha no sistema, tanto do ponto de vista do consumidor, quanto do ponto de vista sanitário.
Não deveria ser difícil, imagino eu, conciliar os dois lados, reforçar que a carne brasileira em sua maioria tem segurança na produção, mas que falhas acontecem e que está é uma boa oportunidade de corrigir as falhas, reforçar o esquema de segurança, melhorar a qualidade do produto e em um futuro próximo alcançar um mercado ainda maior pelo trabalho. No entanto, há apenas a minimização dos fatos.
O que prevalece é a lógica do mercado, a mesma lógica que levou a fraude inicial. Não podemos perder clientes por conta de uma pequena bobagem e que se danem as pessoas prejudicadas. Há, por outro lado, a oportunidade política de desmoralizar a ação da Polícia Federal.
Nos últimos três a Operação Lava Jato, desencadeada pela PF tem abalado as estruturas políticas nacionais. Uma operação que, ao mesmo tempo em que encontra crimes, superdimensiona resultados, toma algumas medidas desastradas, como se guiadas por alguma orientação de justiça divina.
Onze em cada dez políticos investigados na Operação gostariam de que a PF tivesse seus poderes restringidos, para tentar a sobrevivência política. Há tempos existe um projeto sobre o abuso de autoridade, que nunca encontrou respaldo necessário para sair do papel.
O exagero da ação policial que provocou prejuízos econômicos em um grande setor e despertou ira de grande parcela da população é a grande oportunidade para uma campanha de desmoralização da Polícia Federal, que pode tirar projetos do papel e tirar força inclusive da Lava Jato, mesmo no âmbito da opinião pública. A lógica de mercado e a oportunidade política encontram interesses em comum.
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