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Favoritos para Roland Garros

Único Grand Slam do Tênis disputado no saibro, Roland Garros durante muito tempo funcionou como uma espécie de mundo paralelo do restante da turnê do tênis. Em suas quadras lentas, diferentes das quadras rápidas em que são disputadas a maioria dos grandes torneios, líderes do ranking mundial sofriam diante de espanhóis desconhecidos que tinham como grande tática jogar a bola para o outro lado e correr de maneira alucinada. Os tempos hoje são outros, mas Roland Garros ainda é um torneio diferente. Abaixo, uma lista dos 10 favoritos para o torneio masculino, numa opinião pessoal e baseada em resultados recentes.

1) Novak Djokovic: O sérvio nunca ganhou no saibro francês. Sua temporada no saibro europeu também não foi das mais empolgantes: título em Roma, derrota bizarra em Monte Carlo e vice-campeonato em Madrid, jogando muito mal. Mesmo assim, ele é Novak Djokovic, líder do ranking mundial, que tem como maior motivação no momento conquistar o grande título que lhe falta. Costuma a ser uma fortaleza mental e derrotá-lo em um jogo de cinco sets é uma tarefa quase impossível nos últimos tempos. O sorteio da chave também lhe foi bastante favorável e é bem difícil imaginar que ele não chegue até as quartas-de-final (Yen-Hsun, Steve Darcis, Delbonis, Carreño Busta, Tomic, Coric, Bautista-Agut, seus mais prováveis adversários até lá. Uma derrota seria uma das maiores zebras dos últimos anos). No entanto, Djokovic parece sentir a pressão de ganhar o título em Paris e ano passado, quando teve a chance de ser campeão pela primeira vez, jogou uma final péssima. Também é pressionado com a possibilidade de vencer os quatro grandes títulos do tênis em sequencia. Algo que ninguém jamais fez na era profissional do tênis. Será que consegue?

2) Andy Murray: Ninguém imaginava que chegaria o dia em que Andy Murray seria favorito para conquistar o Grand Slam do saibro, já que ele é muito mais forte nas quadras rápidas. Mas esse dia chegou. Murray foi campeão em Madrid, derrotando Djokovic e conquistando seu segundo Master 1000 no saibro. Foi vice-campeão em Roma e semifinalista em Monte Carlo, o que lhe coloca como o tenista que mais somou pontos nos três masters disputados na terra. Ano passado foi semifinalista em Paris e só perdeu para Djokovic após um jogo que quase envolveu confronto físico e foi paralisado pela chuva. As questões contra o escocês são as de sempre: seus demônios internos, que muitas vezes lhe derrotam. Por outro lado, seria um feito enorme que o homem da terra das quadras de grama vencesse no saibro, o que eu acho que nunca aconteceu. A chave de Murray no torneio também não é das mais complicadas até as quartas-de-final.

3) Rafael Nadal: O espanhol parecia acabado depois de um péssimo começo de ano. Mas a temporada do saibro europeu foi um renascimento para ele. Título em Monte-Carlo e derrotas em Madrid e Roma para Murray e Nadal, respectivamente. Ok, pode parecer ruim que ele tenha perdido para os dois favoritos, mas isso mostra que Nadal parou de perder jogos para tenistas piores que ele, o que é um bom começo (inclusive, conseguiu vitórias expressivas contra Wawrinka e Thiem, dois que correm por fora nesse torneio). A grande dúvida sobre o espanhol: jogos de cinco sets. Sua capacidade física e mental de se manter ligado o tempo inteiro nesses jogos. Seja como for, Nadal voltou a competir e isso é muito importante. Por outro lado, Nadal tem uma chave um pouco mais complicada no torneio: Fognini, italiano chato e ainda mais chato no saibro numa possível 3ª rodada e talvez Dominic Thiem, ascendente, na 4ª rodada.

4) Kei Nishikori: o japonês evoluiu muito nos últimos anos e se não é um tenista brilhante, consegue ter muita solidez mental para se manter nas partidas e prolongá-las até onde conseguir. É difícil derrotar Nishikori com facilidade. Participou de Roma e Madrid e nos dois perdeu para Djokovic nas semifinais, não sem antes exigir muito do número 1 do mundo. O título é muito difícil, mas Nishikori é o favorito entre os que correm por fora. Aparece como o primeiro a aproveitar as chances que os adversários possam oferecer.

5) Stanislas Wawrinka: o suíço, atual campeão, parece correr bem por fora, não jogou lá grande coisa nos torneios preparatórios. Conseguiu as quartas-de-final em Monte Carlo, quando foi atropelado por Nadal e nos outros torneios caiu nos primeiros jogos, contra adversários menos qualificados. Mas, é o atual campeão e o único homem a conquistar dois Grand Slams nessa época de domínio de quatro grandes tenistas - aliás, tem o mesmo número de títulos que Andy Murray. Não é possível duvidar do homem, que também tem uma cabeça muito forte e nos dias inspirados é difícil de ser derrotado.

A partir de agora a lista perde totalmente o sentido e imaginar um desses nomes campeões é como imaginar o Leicester City campeão inglês.

6) Lucas Pouille: O jovem e inexpressivo francês de 22 anos nunca ganhou um título em sua carreira, mas fez o suficiente nos torneios preparatórios para emergir de um Qualifying para ser cabeça de chave nº 29. Se contar com a sorte de cruzamentos favoráveis e desistências aleatórias de adversários, pode aparecer, quem sabe, em umas quartas-de-final.

7) Jo-Wilfried Tsonga: O experiente francês é sempre um nome a se considerar, principalmente nos torneios mais longos, em que sua condição física talvez possa ajudar. Assim como pode atrapalhar. Dá pra imaginar que ele chegue nas quartas-de-final contra Rafael Nadal, por quê não?

8) Milos Raonic: O canadense evoluiu bastante, voltou a ser top-10 e tem um jogo mais consistente no saibro do que em anos anteriores. Tem uma chave pesada até chegar a quarta rodada, quando pode enfrentar um Jack Sock ou um Marin Cilic, para chegar as quartas contra Wawrinka. Até acessível para o padrão de um Grande Slam, não?

9) Dominic Thiem: o austríaco é uma estrela ascendente do tênis e pode no futuro ser um campeão de torneios grandes, principalmente no saibro, onde ele tem se destacado até agora. Se as coisas derem certo para ele, ele pode pegar Rafael Nadal nas quartas-de-final para o grande jogo da sua vida.

10) Tomas Berdych: Ano após ano, Berdych sempre entra nos Slams com a expectativa de chegar aonde der, o que significa: até onde ele não precise enfrentar um tenista top. O eterno cabeça-de-chave número 7 pode chegar tranquilamente até a quarta rodada, para enfrentar David Ferrer, que já enfrenta os efeitos do declínio físico. Se vencer, encararia a inevitável derrota para Djokovic nas quartas.

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