No dia 28 de março de 1993, Ayrton Senna ganhou o Grande Prêmio do Brasil pela segunda e última vez em sua carreira.
Para mim, a imagem inesquecível deste GP está registrada aos 5:45 deste vídeo. Ayrton Senna ganha a corrida e é obrigado a parar na reta dos boxes, impedido de passar por uma multidão que invadiu a pista. Após algum tempo lá dentro, Senna saí do carro, sobe sobre ele e ergue os braços comemorando em meio a multidão em êxtase. Imagem digna de pôsteres.
Naquela época, o Grande Prêmio do Brasil era um evento. A Fórmula 1 estava no seu auge e o GP brasileiro acontece na hora do almoço. Era a oportunidade de juntar a família toda em volta da televisão para torcer pelo Senna.
Para mim, a vitória de 1993 foi muito mais emblemática do que a de 1991, heroica, com seu carro quase quebrando. Em 1993, Senna tinha um conjunto bem inferior a Williams de Alain Prost e esteve claro desde sempre que Prost conquistaria o tetracampeonato. As vitórias de Senna neste ano foram todas emblemáticas, conquistadas em circunstâncias especiais.
Neste dia 28 de março não foi diferente. Prost largou na frente e disparou para a vitória. Até que começou a chover, um verdadeiro dilúvio, daqueles de alagar avenida em São Paulo. Prost mostou sua habitual inabilidade na chuva e rodou no final da reta, batendo no carro de Christian Fittipaldi (em seu melhor momento na Fórmula 1), que havia rodado no mesmo lugar. Me lembro da TV cortando para a imagem de Prost parado na brita e a comemoração em casa. Não era fácil ser Alain Prost no Brasil, naquela época.
O Safety Car entrou, um Fiat Tempra, e, se não me engano, foi a primeira vez que isso aconteceu na Fórmula 1. Quando o SC foi embora, Senna ultrapassou a Williams de Damon Hill na subida do lago, uma manobra sensacional que também ficou na memória. Dali, partiu para vitória.
Depois da vitória é que temos a cena famosa. Senna nos braços do povo, uma multidão em delírio na arquibancada.
Nunca teremos outro Ayrton Senna. Senna era mais do que esse personagem meio mala de frases motivacionais no facebook de hoje em dia ou o sobrehumano das memórias de Galvão Bueno. Era um excepcional piloto, com um carisma enorme.
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