Em 1991 o Papa João Paulo II veio até o Brasil e surpreendentemente esteve presente em Cuiabá. A visita do Sumo Pontífice por estas terras talvez tenha sido o maior evento da história da capital mato-grossense. Lembro-me bem das pessoas amontoadas nas calçadas numa espécie de caça ao Papa. Todos querendo saber onde ele estava por onde havia passado, por onde passaria. A vida era mais dura na era pré-celular.
Eu tinha quatro anos na época e fui levado por minha mãe e minha avó até um lugar em que o papa poderia passar. Lembro-me apenas da subida da Morada do Ouro abarrotada e que ficamos em algum ponto por ali. Até que o papa passou.
Lembro vagamento de aquele carro com uma gaiola de vidro passando, algo bem rápido, algo que para uma criança de quatro anos não fez muito sentido. "Todo mundo se juntou aqui apenas para ver isso?".
Contam que o papa se virou para o lado em que nós estávamos, exatamente enquanto passava por nós. Minha vó desandou a chorar, contam. Mas não me lembro de nada disso. Só me lembro daquela sensação vazia de algo que mal veio e já acabou.
Quando João Paulo II morreu, eu estava em São Paulo de férias, ou melhor, esperando o tempo antes das aulas na faculdade começarem. Sua morte foi um espetáculo midiático, com seu longo declínio, suas aparições para acenos cada vez mais debilitados em janelas. Os Jornal Nacional foi transferido para a Praça de São Pedro e os jornalistas falavam abertamente que a expectativa era que o papa morresse nas próximas horas. As transmissões esportivas falavam a cada cinco minutos sobre a situação do santa papa. Quando finalmente ele morreu, as edições especiais das revistas semanais já estavam na banca em poucos minutos. Sua morte foi tão demorada que sua biografia foi lembrada com tempo de sobra.
Veio o conclave, as suposições sobre o novo papa, suas origens, seus pensamentos e àquele pensamento estranho se e o papa poderia ser liberal. A fumaça branca subiu e o novo nome foi anunciado. Um alemão de nome estranho, que logo foi taxado como impopular.
Esteve presente uma vez no Brasil, onde lotou praças, mesmo com sua impopularidade.
Lembro bem agora, ele não veio a Cuiabá, mas estava em São Paulo para rezar uma missa em um domingo de manhã. Era o horário de uma corrida de Fórmula 1 na Espanha e a transmissão foi interrompida para a missa. Fui ao computador buscar informações enquanto meu pai se preparava para viajar para Petrópolis, por conta de uma tia internada na UTI.
O papa rezava, a corrida era narrada e o telefone tocou. Acompanhado daquele silêncio que acompanha as más notícias em telefones.
- Morreu? - perguntou minha mãe.
Não houve resposta.
Eu tinha quatro anos na época e fui levado por minha mãe e minha avó até um lugar em que o papa poderia passar. Lembro-me apenas da subida da Morada do Ouro abarrotada e que ficamos em algum ponto por ali. Até que o papa passou.
Lembro vagamento de aquele carro com uma gaiola de vidro passando, algo bem rápido, algo que para uma criança de quatro anos não fez muito sentido. "Todo mundo se juntou aqui apenas para ver isso?".
Contam que o papa se virou para o lado em que nós estávamos, exatamente enquanto passava por nós. Minha vó desandou a chorar, contam. Mas não me lembro de nada disso. Só me lembro daquela sensação vazia de algo que mal veio e já acabou.
Quando João Paulo II morreu, eu estava em São Paulo de férias, ou melhor, esperando o tempo antes das aulas na faculdade começarem. Sua morte foi um espetáculo midiático, com seu longo declínio, suas aparições para acenos cada vez mais debilitados em janelas. Os Jornal Nacional foi transferido para a Praça de São Pedro e os jornalistas falavam abertamente que a expectativa era que o papa morresse nas próximas horas. As transmissões esportivas falavam a cada cinco minutos sobre a situação do santa papa. Quando finalmente ele morreu, as edições especiais das revistas semanais já estavam na banca em poucos minutos. Sua morte foi tão demorada que sua biografia foi lembrada com tempo de sobra.
Veio o conclave, as suposições sobre o novo papa, suas origens, seus pensamentos e àquele pensamento estranho se e o papa poderia ser liberal. A fumaça branca subiu e o novo nome foi anunciado. Um alemão de nome estranho, que logo foi taxado como impopular.
Esteve presente uma vez no Brasil, onde lotou praças, mesmo com sua impopularidade.
Lembro bem agora, ele não veio a Cuiabá, mas estava em São Paulo para rezar uma missa em um domingo de manhã. Era o horário de uma corrida de Fórmula 1 na Espanha e a transmissão foi interrompida para a missa. Fui ao computador buscar informações enquanto meu pai se preparava para viajar para Petrópolis, por conta de uma tia internada na UTI.
O papa rezava, a corrida era narrada e o telefone tocou. Acompanhado daquele silêncio que acompanha as más notícias em telefones.
- Morreu? - perguntou minha mãe.
Não houve resposta.
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