No mundo atual existem apenas duas bandas que me criam expectativa quando estão prestes a lançar um disco. Black Rebel Motorcycle Club e Wilco. Todas as outras minhas bandas favoritas já acabaram e o Radiohead, bem, é melhor não criar expectativas sobre o que o Radiohead irá fazer.
Lançado há dez dias e na rede há um mês, a vez é do BRMC. E tenho que dizer que o dia em que um disco do BRMC saí na internet é um dia especial. Não vejo a hora de sair do trabalho para fazer o download. Se ainda existissem lojas de discos, eu não veria a hora de sair do trabalho para passar na loja e comprar o CD. Mas, infelizmente, não existem mais lojas de CD em Cuiabá e, infelizmente também, CDs do BRMC não são lançados no Brasil. Só nos resta o download ilegal.
Veja, o trio de São Francisco tem um carreira praticamente impecável. Dois discos são geniais (BRMC e Howl), dois discos são muito bons (Devil's Tattoo e Baby 81) e o outro é apenas bom. Infelizmente, esse histórico gera expectativas enormes para quando um novo trabalho é lançado e, infelizmente novamente, Specter at the Feast, o sexto álbum da banda se junta a Take Them On, na lista de discos apenas bons. Sim, é melhor do que qualquer coisa que o Strokes fez nos últimos 10 anos, é melhor do que todas essas bandas hipsters engomadinhas. Mas é apenas bom.
Specter é um disco que segue uma linha mais climática, com uma divisão clara entre as canções de Peter Hayes e as canções de Robert Levon Been. Robert abre o disco com quatro canções, sendo três bem tranquilas e Let the Day Begin um cover do The Call, banda de seu pai falecido recentemente. Essa abertura 'climática' não deixa de ser diferente, uma vez que os discos do BRMC sempre começam com as características porradas, de guitarras furiosas triturando seus ouvidos. Não deixa de ser diferente ver Robert Been cantando quatro músicas em sequência, algo pouco usual.
Na quinta música, Hate the Taste, Peter Hayes aparece e parecer ser um novo álbum. A canção logo se transforma em um rock caipira, no melhor estilo do Black Rebel. Depois, vem duas canções que me fazem pensar tanto no rótulo "climático". Some Kind of Ghost e Sometimes the Light são incrivelmente arrastadas, como eles não eram desde... não, acho que eles nunca soaram tão arrastados assim. A referência direta me parece o Spacemen 3, banda inicial de Jason Pierce do Spiritualized, uma das claras influências do BRMC. Sem dúvida, o momento mais sonolento da história do grupo.
Para encerra o disco, Funny Games tem um refrão ótimo, Sell It é bem suja e Lose Yourself é o tradicional épico que encerra um disco. Canção de oito minutos, mas que não enjoa. Um ponto alto no disco.
Escutem e salvem suas almas.
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