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O Fim do Playcenter

Foi no Playcenter que eu conheci o pânico. Fui andar na montanha russa e creio que esta já seja uma experiência ruim para uma criança de cinco anos. Mas, meu tio imaginou que seria uma boa ideia que eu fosse sentado na primeira fileira.

Aquelas tantas descidas me traumatizaram. Fiquei pálido, quase transparente quando voltei ao chão, depois de, sei lá, cinco horas de passeio na Montanha Russa. Não sei quanto tempo dura a volta, mas para mim, naquele dia, foi interminável. Creio que foi um dia inteiro.

Depois dessa experiência traumática, as pessoas relatam que eu fiquei assustado até na descida de um outro brinquedo. Levei anos para superar o trauma com a montanha russa, mas, digo que até hoje eu não vejo graça no negócio. Culpa daquele dia? Uma incompatibilidade de signos? Não sei.

De qualquer forma, o Playcenter era uma espécie de terra do sonho. Ir a São Paulo significava a possibilidade de ir ao Playcenter. Um ambiente de sonho, magia, aventuras e essas coisas todas que os publicitários dizem. Chegar em São Paulo e passar em sua frente, criava aquela sensação de "Ah! O Playcenter!", como se ele fosse um velho amigo.

O anúncio de que o parque irá fechar as suas portas, não mata as possibilidades de ir em todos aqueles brinquedos gigantes, assassinos, velozes e furiosos, porque eu não iria neles de qualquer forma. É apenas uma facada no passado.

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