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Brendan Benson e os refrões

Antes de se tornar conhecido mundialmente como o parceiro de Jack White nos Raconteurs (exagero), Brendan Benson já tinha uma carreira solo consistente. A estréia era fraquinha, mas Lapalco e Alternative to Love eram grandes discos, com ênfase em Lapalco. Em sua carreira d.R, ele ainda lançou o bom, porém enjoativo My Old, Familiar Friend.

Não sei como explicar, mas a principal característica das músicas de Brendan Benson não era o refrão. Geralmente, seus refrões eram uma consequência natural do que ele já estava cantando nos versos. Era assim, até o lançamento deste seu quinto disco, What Kind of World. Agora, Brendan Benson parece estar em busca do refrão perfeito.

Light of the Day, Thru the Ceiling, No One Else But You são três exemplos. No começo, você tem vontade de passar a canção em diante, até que chega o refrão. E então o refrão vale a canção, vale o disco, vale a vida de Brendan Benson, vale toda a existência humana na face da terra. Na segunda entrada do refrão, você já estará cantando junto.

Sim, ainda existem outras canções ao seu velho estilo, como Bad for Me e On The Fence - as duas melhores do disco. Mas os refrões são inesquecíveis. Poderiam tocar facilmente em rádios, novelas, mas no fundo irão tocar apenas nas caixas de som de alguns fanáticos. É a vida de Brendan Benson, uma batalha anônima pela melodia inesquecível.

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