Pular para o conteúdo principal

Andei Escutando (21)

Sem empolgação/empolgação/inspiração pra continuar essa interminável série

Blind Melon (1992): Todo disco americano desta época parece ter um rotulo grudado de “grunge”. Algo que resulta em pré-julgamentos distorcidos e percepções diferentes. O disco de estréia do Blind Melon não tem nada de grunge ou camisas xadrez. Eles soam como uma banda apaixonada pela geração hippies. Além de eternizar a abelhinha dançante da capa e do clipe de No Rain.
Melhores: No Rain e I Wonder.

Chico Buarque de Hollanda (1966): Chico em estado de poesia pura. “A Rita matou nosso amor de vingança, nem herança deixou. Não levou um tostão porque não tinha não. Mas causou perdas e danos. Levous os meus planos, meus pobres enganos, os meus vinte anos e o meu coração. E além de tudo, me deixou mudo um violão”.
Melhores: A Rita e Olê Olá.

Gram (2004): O Gram foi uma banda bem intencionada que quase fez um disco bom, repleto de canções quase boas. Mas tem uma guitarra que atrapalha aqui, um verso desnecessário ali. Sonho Bom era uma boa canção até o verso “ela vem bem linda, me tirou pra namorar”. Oras, quem fala “me tirou pra namorar?”.
Melhores: Moonshine e Você pode ir na janela.

Grateful Dead – Blues for Allah (1975): Esse disco parece ser uma jam session interminável. E de fato, demora bastante tempo até ele acabar.
Melhores: Franklin’s Tower e The music never stopped.

Lou Reed – Transformer (1972): Impressão que é melhor que qualquer disco do Velvet Underground – brigando ali com Loaded. Um disco sem tanto barulho, sem tanta microfonia, em que você consegue escutar a beleza das composições de Lou Reed, altamente influenciado por seu amigo e produtor David Bowie.
Melhores: Perfect Day e Andy’s Chest.

Manic Street Preachers – Send Away the Tigers (2007): Ao que parece é o disco da volta dos Manics ao bom tempo. Junta o barulho inicial com os arranjos sinfônicos da sua fase de sucesso. Uma união do melhor de dois mundos, que faz com que eles ainda não me tenham decpecionado.
Melhores: Send Away the Tigers e Underdogs.

Os Mutantes – A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970): Um disco mais distante da mistura de ritmos, da tropicália ou o que for. É um disco mais convencional – no padrão mutante. Um disco fraco de rock progressivo. Ainda tem grandes momentos, mas sem aquela mistura doida e genial.
Melhores: Ando Meio Desligado e Jogo de Calçada.

Pato Fu – Televisão de Cachorro (1998): Sons muito loucos que compõe um disco inconstante. Mas se ele tivesse apenas Canção pra você viver mais, já valeria a pena.
Melhores: Canção pra você viver mais e Antes que Seja Tarde.

The Jam – Sounds Affects (1980): Tenho um problema com Paul Weller. Algo de pele. Ou, de voz. Não gosto do seu jeito de cantar o que me deixa com mal-humor pra avaliar o que ele faz. Mas até é um disco bom que ajuda a entender o Blur.
Melhores: Monday e Start! (a exclamação faz parte do nome, não é uma empolgação minha)

Uncle Tupelo – Anodyne (1993): Felizmente, Jeff Tweedy brigou com Jay Farrar para deixar essa banda de country chato e formar o Wilco. Ah sim, é dá pra perceber que as composições de Tweedy já eram melhores.
Melhores: We’ve Been Had e No sense in Lovin’

Comentários

Postagens mais visitadas

Aonde quer que eu vá

De vez em quando me pego pensando nisso. Como todos sabem, Herbert Vianna, dos Paralamas do Sucesso, sofreu um acidente de avião em 2001. Acabou ficando paraplégico e sua mulher morreu. Existe uma música dos Paralamas, chamada "Aonde quer que eu vá" que é bem significativa. Alguns trechos da letra: "Olhos fechados / para te encontrar / não estou ao seu lado / mas posso sonhar". "Longe daqui / Longe de tudo / meus sonhos vão te buscar / Volta pra mim / vem pro meu mundo / eu sempre vou te esperar". A segunda parte, principalmente na parte "vem pro meu mundo" parece ter um significado claro. E realmente teria significado óbvio, se ela fosse feita depois do acidente. A descrição do acidente e de estar perdido no mar "olhos fechados para te encontrar". E depois a saudade. O grande detalhe é que ela foi feita e lançada em 1999. Dois anos antes do acidente. Uma letra que tem grande semelhança com fatos que aconteceriam depois. Assombroso.

Ziraldo e viagem sentimental por Ilha Grande

Em janeiro de 1995 pela primeira vez eu saí de férias em família. Já havia viajado outras vezes, mas acho que nunca com esse conceito de férias, de viajar de férias. Há uma diferença entre entrar em um avião para ir passar uns dias na casa dos seus tios e pegar o carro e ir para uma praia. Dormir em um hotel. Foi a primeira vez que eu, conscientemente, dormi em um hotel. Contribui para isso o fato de que, com sete anos, eu havia acabado de terminar a primeira série, o ano em que de fato eu virei um estudante. Então, é provável que pela primeira vez eu entendesse o conceito de férias. Entramos em uma Parati cinza e saímos de Cuiabá eu, meus pais, minha prima e minha avó. Ao mesmo tempo em que essas eram as minhas primeiras férias, elas eram também a última viagem da minha avó. A essa altura ela já estava com um câncer no pâncreas e sem muitas perspectivas de longo prazo. Disso eu não sabia na época. Mas ela morreu cerca de um ano depois, no começo de 1996, após muitas passagens pelo hos

Imola 94

Ayrton Senna era meu herói de infância. Uma constatação um tanto banal para um brasileiro nascido no final dos anos 80, todo mundo adorava o Senna, mas eu sentia que era um pouco a mais no meu caso. Eu via todas as corridas, sabia os resultados, o nome dos pilotos e das equipes. No começo de ano comprava revistas com guias para a temporada que iria começar, tinha um macacão e um carrinho de pedal com o qual dava voltas ao redor da casa após cada corrida. Para comemorar as vitórias do Senna ou para fazer justiça com meus pedais as suas derrotas. Acidentes eram parte da diversão de qualquer corrida. No meu mundo de seis anos, eles corriam sem maiores riscos. Pilotos por vezes davam batidas espetaculares, saiam ricocheteando por aí e depois ficava tudo bem. Já fazia 12 anos que ninguém morria em uma corrida. Oito sem ninguém morrer em qualquer tipo de acidente. Os últimos com mais gravidade tinham sido o do Streiff e do Martin Donelly, mas eu nem sabia disso, para dizer a verdade. Não sab