Pular para o conteúdo principal

Andei Escutando (7)

Blind Faith (1969): Mais uma das inúmeras bandas de Eric Clapton. O Blind Faith foi formado com o baterista Ginger Baker – antigo companheiro de Clapton no Cream – e também com Steven Winwood do Traffic. O objetivo inicial era apenas fazer ensaios descompromissados. Do grande Jam eles lançaram um disco, que une enormes improvisos desnecessários com viagens sonoras interessantes.
Melhores: Presence of the Lord e Sea of Joy.

Emma Pollock – The Law of large numbers (2009): A ex-vocalista dos Delgados chega ao seu segundo disco solo, mostrando que ela era a responsável pelas belas melodias da banda. Law of Large Numbers não é superior ao excelente debute de Watch the fireworks, mas a bela voz de Emma é sempre uma boa companhia para dias bucólicos, nostálgicos e apaixonados.
Melhores: The Loop e The Child in Me.

Hüsker Dü – Warehouse: songs and stories (1987): Este disco poderia estar num dicionário musical, encaixado no verbete “Rock Alternativo Americano dos anos 80”. Baterias aceleradas, muita distorção, vocais abafados. Se você tiver sorte consegue gostar de duas musicas desse disco que parece interminável.
Melhores: Actual Condiction e Up in the air.

Manic Street Preachers – This is my truth tell me yours (1998): Por anos mantive um preconceito com os Manics. Talvez porque minhas primeiras experiências com a banda tenham sido ruins. A redenção veio com este, que é um disco odiado pela banda, mas que é um grande álbum de britrock.
Melhores: You Stole the Sun from my heart e The Everlasting.

Small Faces (1966): Os três discos dos Small Faces são bem parelhos. Mas acho que este é o melhor. A mistura do rock’n’roll cru com influências de um pop à la Motown funciona muito bem.
Melhores: One Night Stand e Sorry she’s mine.

The Move (1968): Não é um disco genial como o seguinte, Shazam. Mas a banda já mostrava um grande talento para o pop psicodélico. É um disco bem divertido e agradável de escutar.
Melhores: The Girl Outside e Flowers in the rain. (vale destacar a versão de Zing! Were the Strings of my heart, divertidíssima).

Wilco & Billy Bragg – Mermaid Avenue
Woody Guthrie foi uma lenda da música norte-americana, a principal influência de Bob Dylan no começo de carreira, que morreu em 1967 aos 55 anos, levando para o túmulo uma série de canções. 20 anos depois, a pedido da filha de Guthrie, o cantor inglês Billy Bragg e o Wilco entraram em estúdio para tentar musicar essas letras. Tarefa difícil. Mas o resultado impressiona. Bragg tenta ser mais fiel ao estilo folk do compositor enquanto o Wilco tenta fazer um som mais atual (Guthrie morreu cedo e mal viu o folk ser subvertido).

O volume I da série, lançado em 1998 traz um resultado ligeiramente superior. Há um clima festivo em Walt Whitman’s Niece e I Guess I Planted. Enquanto California Stars é incrivelmente bela.

Um pouco abaixo, o volume II tem menos integração dos artistas. Mas o punk acústico de All Your Fascists compensa tudo.

Comentários

Postagens mais visitadas

Desgosto gratuito

É provável que se demore um tempo para começar a gostar de alguém. Você pode até simpatizar pela pessoa, ter uma boa impressão de uma primeira conversa, admirar alguns aspectos de sua personalidade, mas gostar, gostar mesmo é outra história. Vão se alguns meses, talvez anos, uma vida inteira para se estabelecer uma relação que permita dizer que você gosta de uma pessoa. (E aqui não falo de gostar no sentido de querer se casar ou ter relações sexuais com outro indivíduo). O ódio, por outro lado, é gratuito e instantâneo. Você pode simplesmente bater o olho em uma pessoa e não ir com a cara dela, ser místico e dizer que a energia não bateu, ou que o anjo não bateu, ou que alguma coisa abstrata não bateu. Geralmente o desgosto é recíproco e, se parar para pensar, poucas coisas podem ser mais bonitas do que isso: duas pessoas que se odeiam sem nenhum motivo claro e aparente, sem levar nenhum dinheiro por isso, sem nenhuma razão e tampouco alguma consequência. Ninguém vai se matar, brigar n...

Os 27 singles do Oasis: do pior até o melhor

Oasis é uma banda que sempre foi conhecida por lançar grandes b-sides, escondendo músicas que muitas vezes eram melhores do que outras que entraram nos discos. Tanto que uma coletânea deles, The Masterplan, é quase unanimemente considerada o 3º melhor disco deles. Faço aqui então um ranking dos 27 singles lançados pelo Oasis, desde o pior até o melhor. Uma avaliação estritamente pessoal, mas com alguns pequenos critérios: 1) São contados apenas o lançamentos britânicos, então Don't Go Away - lançado apenas no Japão, e os singles australianos não estão na lista. As músicas levadas em consideração são justamente as que estão nos lançamentos do Reino Unido. 2) Tanto a A-Side, quanto as b-sides tem o mesmo peso. Então, uma grande faixa de trabalho acompanhada por músicas irrelevantes pode aparecer atrás de um single mediano, mas com lados B muitos bons. 3) Versões demo lançadas em edições especiais, principalmente a partir de 2002, não entram em contra. A versão White Label de Columbia...

Tentando entender

Talvez a esquerda tenha que entender que o mundo mudou. A lógica da luta coletiva por melhorias, na qual os partidos de esquerda brasileiros se fundaram na reabertura democrática, não existe mais. Não há mais sindicatos fortes lutando por melhorias coletivas nas condições de trabalho. Greves são vistas como transtornos. E a sociedade, enfim, é muito mais individual. É uma característica forte dos jovens. Jovens que não fazem sexo e preferem o prazer solitário, para não ter indisposição com a vontade dos outros. Porque seria diferente na política? O mundo pautado na comunicação virtual é um mundo de experiências individuais compartilhadas, de pessoas que querem resolver seus problemas. É a lógica por trás do empreendedorismo precário, desde quem tem um pequeno comércio em um bairro periférico, passando por quem vende comida na rua, ou por quem trabalha para um aplicativo. Não são pessoas que necessariamente querem tomar uma decisão coletiva, mas que precisam que seus problemas individua...